Ele explicou que a manutenção, por tempo prolongado, de níveis de incerteza pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica
A crise política pode não apenas frear a retomada do crescimento econômico como evitar uma queda estrutural das taxas de juros no país e estimular a alta da inflação. A avaliação foi feita pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante um encontro com investidores institucionais do Bradesco. Segundo ele, a saída é tocar as reformas econômicas.
- É necessário acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza recente sobre a trajetória prospectiva da inflação.
Veja também
Atrás de apoio, governo acena com medidas para aliviar dívida dos Estados
Ele explicou que a manutenção - por tempo prolongado - de níveis de incerteza levados sobre a evolução das reformas pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica. Isso poderia ajudar o controle da inflação. No entanto, há outros riscos para os preços: as estimativas da taxa de juros estrutural (juro neutro que não alimenta e nem controla a inflação) poderiam não cair como esperado anteriormente e o dólar poderia subir ainda mais por causa da turbulência.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook e no Twitter.
- Existe também a possibilidade que os efeitos acima se anulem e a trajetória prospectiva seja equivalente a trajetória vigente anteriormente - ressaltou o presidente da autoridade monetária. - De forma geral, as projeções condicionais do Copom (Comitê de Política Monetária) hoje envolvem maior grau de incerteza.
Segundo Ilan, o fator de risco principal é o aumento de incerteza sobre a velocidade do processo de reformas e de ajustes na economia. No entanto, ele lembrou ainda que o cenário externo, apesar de favorável no momento, apresenta considerável grau de incerteza e pode dificultar o processo de desinflação.
Ele ressaltou que o Banco Central tem comunicado a racionalidade econômica que guia suas decisões e que isso contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Copom.
- Com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação em torno da meta para 2018 e um pouco abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo.
De acordo com o presidente do BC, a extensão do ciclo de corte de juros dependerá da evolução da atividade econômica, dos fatores de risco mencionados acima e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019, mas também das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.
- O cenário básico prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo. A flexibilidade do regime de metas para a inflação permite adequar a política monetária aos possíveis cenários prospectivos.
O Globo