18 de Abril de 2024 - Ano 10
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01/09/2014

Reportagem publicada em 2012 pela revista Época diz que Rebecca Garcia foi chantageada por Eduardo Braga

Foto: Reprodução

Em 2012, Rebecca Garcia teria sido chantageada por Braga, segundo a revista Época

Em 2012, dias depois de a deputada federal Rebecca Garcia (PP) ter desistido de ser candidata à prefeita de Manaus, a revista Época publicou a seguinte reportagem, dizendo que o senador Eduardo Braga (PMDB) usou de chantagem para fazer Rebecca abrir mão de sua candidatura. Atualmente, Rebecca é companheira de chapa de Braga na disputa pelo governo do Amazonas. O "PORTAL DO ZACARIAS" decidiu reproduzi-la por entender que a leitura do texto pode contribuir para uma decisão mais conciente do eleitor amazonense...

 

Acompanhe a reportagem:

 

"TEMPORADA DE CHANTAGEM


Dois senadores, um deles líder do governo, fazem ameaças veladas na disputa eleitoral e na busca por poder no governo. Até agora, funcionou..

 

ALIADOS? A deputada Rebecca Garcia e o senador Eduardo Braga. Uma

conversa dos dois sobre“assuntos pessoais” fez Rebecca desistir de sua

candidatura à prefeitura da cidade de Manaus (Foto: reprodução)

 

Por Murilo Ramos e Leandro Loyola - A jovem deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM) parecia pronta para ser prefeita de Manaus. Estava confiante e animada. Tinha boas chances de ser eleita. Na semana passada, desistiu da candidatura, com explicações vagas dadas à imprensa. “Iam me perseguir com calúnias, com difamação.” Em poucos dias, de forma surpreendente, tudo mudara na vida da deputada Rebecca.

 

Que diferença de seu estado de espírito no início da noite de 29 de junho, sexta-feira. No dia seguinte, o PP, partido pelo qual Rebecca cumpre seu segundo mandato na Câmara, anunciaria em convenção sua candidatura à prefeitura da capital amazonense. Não seria uma aventura. Ela teria apoio amplo, do PCdoB ao PSD, passando por PT e PMDB. Naquela sexta-feira, enquanto esperava o marido para jantar, Rebecca escrevia o discurso que proferiria na convenção. Súbito, foi interrompida por um telefonema do peemedebista Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas e atual líder do governo Dilma Rousseff no Senado. Braga pediu a Rebecca que fosse a sua casa para combinar seus discursos na convenção. Lá, a deputada Rebecca – 39 anos, casada, dois filhos pequenos – foi apresentada ao instrumento mais deplorável da política: a chantagem. Horas depois, voltou para casa, derrotada. Comunicou ao marido que desistiria da candidatura. Ainda de madrugada, uma nota oficial tornou a decisão irrevogável.

 

O que o líder do governo no Senado disse de tão grave à deputada Rebecca? ÉPOCA reconstituiu a conversa com pessoas próximas a ela. O senador Braga, até então um grande aliado de Rebecca, disse, em tom firme, que ela sofreria uma “campanha sórdida” caso entrasse na eleição. Tal campanha envolveria sua vida afetiva. Rebecca ouviu de Eduardo Braga que “adversários” ressuscitariam gravações clandestinas de conversas telefônicas mantidas entre ela e Ari Moutinho Filho, conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas. No ano passado, essas gravações espalharam-se pela internet com rapidez. Elas mostram uma conversa de namorados. Rebecca afirma que manteve um relacionamento com Moutinho anos atrás, durante um período em que esteve separada do marido. Ainda não se descobriu o autor dos grampos.

 

O senador Eduardo Braga disse que surgiriam boatos

de romances da deputada na campanha eleitoral

 

Como a deputada Rebecca resistisse aos argumentos, Braga abandonou a sutileza. Insistiu que poderiam surgir fotos e vídeos em que ela aparece com Moutinho. Surgiriam também boatos de outros romances. Rebecca negou que tivera qualquer outro relacionamento. “Mas as pessoas vão acreditar?”, disse Braga. “A campanha é curta para explicar.” Para arrematar o golpe, Braga mencionou os efeitos da “campanha sórdida” na família da deputada. Era o que bastava para demover Rebecca. “Era uma ameaça”, disse ela a amigos. O interesse de Braga no caso é meramente político. No jogo de alianças entre os aliados PT e PCdoB nas campanhas municipais deste ano, ficara estabelecido pouco antes que o PCdoB encabeçaria a chapa em Manaus, em troca de sacrifícios em outras capitais, como São Paulo. Para Braga e seus aliados, esse é o custo da vida pessoal de Rebecca. Depois da desistência, a senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, assumiu a candidatura à prefeitura de Manaus. Tem o apoio do PT. Braga confirma ter se reunido com Rebecca na noite anterior a sua desistência. Mas não fala sobre o assunto tratado. “É um assunto pessoal dela”, afirma Braga. Rebecca não deu declarações sobre o encontro.

 

O que Braga fez pode muito bem se encaixar na definição da palavra chantagem do dicionário Houaiss: “Pressão exercida sobre alguém para obter dinheiro ou favores mediante ameaças de revelação de fatos criminosos ou escandalosos (verídicos ou não)”. Verídicos ou não: eis a particularidade mais nefasta da chantagem. Sua eficiência não depende de fatos. Os estragos podem advir de mentiras. A arma está no poder de escandalizar. Não interessa se é verdade que Rebecca tem ou não um amante. O que interessa são as chances de divulgar essa maledicência para conspurcar sua imagem.

 

O traço mais perverso da chantagem no mundo da política é sua eficiência. Funcionou com a deputada Rebecca e, na semana passada, funcionou até com a presidente Dilma Rousseff. Na terça-feira, o senador Blairo Maggi (PR-MT)incendiou uma reunião no gabinete da liderança do PTB, na ala Tancredo Neves do Congresso Nacional. Estavam presentes senadores descontentes com o governo Dilma. Segundo três testemunhas ouvidas por ÉPOCA, Blairo estava enfurecido. Afirmou aos presentes que, apesar de ter doado R$ 1 milhão à campanha de Dilma em 2010, ela ainda não retribuíra a ajuda: nem com a liberação de emendas parlamentares nem pela indicação de alguém de Mato Grosso, Estado que Blairo governou por oito anos, para o alto escalão do governo federal. Na reunião, Blairo também lembrou que o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) Luiz Antonio Pagot – seu afilhado político, a quem já chamou de “fio desencapado” – poderia prejudicar Dilma caso contasse na CPI do Cachoeira o que sabe sobre contratos do Dnit e arrecadação da campanha petista.

 

“Ajudei muito a presidente e não consigo nada do Palácio. Eles (o governo federal) só nos chamam para aprovar o que já está decidido”, disse Blairo. “Pagot pode complicar a vida do governo na CPI.” Nesse ponto da conversa, Blairo dirigiu-se ao senador Gim Argello, eleito pelo PTB no Distrito Federal: “Gim, você podia atravessar a pista e falar sobre os problemas da gente lá no Palácio”. Argello atravessou a Praça dos Três Poderes e transmitiu o recado no Palácio do Planalto. Argello, porém, afirmou que não comentaria sobre a reunião no Planalto. “Vai tomar banho”, disse. A ida de Argello ao Palácio parece ter sido produtiva. Dilma ligou para Blairo na quarta-feira. Um dia depois, a convocação de Pagot para depor na CPI do Cachoeira foi aprovada. “Não estou atrás de vingança”, disse Pagot. “Só quero repor a verdade.”

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