Tucano deve visitar dois estados do Nordeste em que partidos de sua coligação o
Com poucos dias de campanha oficial, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin já contabilizou a primeira traição do centrão: na última sexta-feira, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, fez campanha para Lula ao lado do candidato a vice do petista, Fernando Haddad.
Se depender de outras lideranças do bloco partidário, esse não será um episódio isolado. Alckmin deve visitar nesta semana dois estados do Nordeste onde outros cinco partidos de sua coligação apoiam o PT.
Nogueira, que também faz campanha para o governador do Piauí e candidato à reeleição Wellington Dias (PT), nunca escondeu a preferência por Lula. Em julho, ao sair da reunião em que o centrão — bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e SD — selou aliança com Alckmin, o senador afirmou que, se Lula fosse candidato, votaria nele. Na sexta-feira, em Teresina, subiu ao palanque com Haddad e chegou a fazer um "L", de Lula, com os dedos. O PP anunciou apoio nacional a Alckmin e indicou a candidata a vice na chapa do tucano, a senadora Ana Amélia.
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Outros três partidos do bloco, PR, PSD e PTB, estão embarcados no projeto petista no Piauí. A visita de Alckmin ao estado está prevista para a próxima quinta-feira. Ainda não foi divulgado pela campanha se o tucano terá alguma atividade com Nogueira durante a viagem.
No mesmo dia, o ex-governador paulista passará por Pernambuco. No estado, o PTB do senador Armando Monteiro, candidato a governador, é próximo de Lula. Monteiro esteve em Curitiba em julho para uma visita ao petista e deixou a carceragem destacando a relação entre sua família e o ex-presidente. Ao deixar o prédio da Polícia Federal, disse que tem uma relação "de muitos anos com Lula" e que, se seu pai estivesse vivo, "certamente viria trazer solidariedade ao presidente Lula".
A Alckmin, Monteiro prometeu apoio no Pernambuco. A visita dele a Lula causou desconforto e desconfiança sobre seu real engajamento na campanha do tucano. No estado, a lista do centrão que trabalha contra Alckmin é ainda maior: PP, PR, PSD e SD apoiam a chapa do governador Paulo Câmara (PSB), que dá apoio à Lula.
Casos assim também se repetem na Paraíba e no Ceará, estados que, por enquanto, ainda não têm visitas do candidato do PSDB programadas. Neles, o DEM e o PPS, também da coligação tucana, apoiam opositores.
Aliados de Alckmin consideram o cenário como "previsível". A aliança nacional desses partidos nunca veio acompanhada de promessas de fidelidade regional.
— A aliança tinha por objetivo a construção de um tempo de TV competitivo no horário eleitoral. Nos estados, a lógica é regional — explica um integrante da campanha.
Alckmin minimiza as traições regionais do centrão. Questionado sobre o assunto na tarde desta segunda-feira, após uma palestra na Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), em São Paulo, disse não ver problema com o apoio do centrão ao PT:
— Temos um quadro pluripartidário e totalmente artificial. Não vejo nenhum problema nisso.
Embora o Nordeste seja o principal foco de traições esperadas do centrão e demais partidos coligados, a região não é a única. Em Goiás, o senador Ronaldo Caiado, candidato a governador pelo DEM, ainda não disse publicamente se pedirá votos para Alckmin. O PSDB é o adversário número um de Caiado no estado. O senador foi um dos resistentes no DEM à aliança com o tucano.
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— Meu partido está acéfalo. Eu lutei muito para que tivéssemos candidato e não tivemos. Então não tenho compromissos — afirmou ele, após o anúncio do centrão a Alckmin.
O Globo
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