Derrota de virada para a Austrália acende pontos de atenção
O incômodo das jogadoras após o apito final era mais que evidente. Foi verbalizado e exposto por algumas delas.
A derrota por 3 a 2 para a Austrália, de virada, é uma daquelas que demora para ser digerida. Ainda mais no contexto de uma Copa do Mundo, com boa vantagem construída no primeiro tempo e no qual um triunfo representava uma vaga na fase seguinte.
As atletas citaram uma espécie de apagão na segunda etapa - que de fato existiu - mas os problemas notórios que permitiram a virada vão além disso.
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Saída de pilares causou transtornos
Foto: Pascal Guyot / AFP
Além do gol sofrido no respiro final da primeira etapa, o tal apagão passa muito pela saída de referências. Logo no intervalo, Marta e Formiga foram substituídas (ambas por questões físicas) por Ludmila e Luana - que não encaixaram. Aos 29 do segundo tempo, foi a vez de Cristiane. Ali, deixavam o gramado os três pilares desta Seleção. E não só pela técnica, mas pela experiência de grandes competições. Algumas das jovens em campo sentiram essa ausência. E ficou evidente o abalo emocional. Tudo começou a desandar, com tomadas ruins de decisões e erros bobos de passa.
- Marta é a maior, provavelmente, da história. Claro que quando ela está fora a gente se beneficia. Acho que tivemos sorte que ela saiu - disse a estrela australiana Sam Kerr.
De fato. Bom para a Austrália. Ruim para o Brasil. Era sabido que Marta não suportaria o jogo inteiro por estar voltando de lesão da coxa. De todo modo, a ausência mais sentida logo de cara, do ponto de vista tático, foi a da veterana Formiga. A defesa brasileira ficou exposta. E é preciso alertar. Formiga está suspensa para o jogo decisivo diante da Itália, na terça-feira.
Defesa e lado direito
É aí que entra outro ponto de atenção: o lado direito da defesa brasileira. Na estreia, diante da frágil Jamaica, já dava pra perceber que havia necessidade de correções. Contra a Austrália, ficou ainda mais evidente. Kathellen e Letícia (que sofreu o pênalti) precisam ajustar a dinâmica do setor.
Foi por ali que as australianas criaram as melhores oportunidades e o Brasil levou alguns sustos desnecessários. As faltas perigosas cobradas pelas adversárias também foram naquela ponta.
Por isso, será necessária atenção redobrada no próximo jogo.
- Acho que é procurar assistir esse jogo, estudar muito bem, todo mundo entender o que se deve fazer, e a gente jogar bola. Não dá para ter um apagão como o de hoje, parar de jogar e ceder para o adversário - afirmou Cristiane, nitidamente chateada com o revés.
Banco e força física
O primeiro tempo do Brasil, sobretudo a partir dos 20 minutos, merece destaque. A verdade é que o placar de 2 a 0 construído até o fim da etapa surpreendeu. O time iniciou a partida meio afobado, mas conseguiu dar um padrão dentro de sua proposta. Esperava e saía num contra-ataque veloz. Dava para perceber o toque de bola de pé em pé, a eficiência do ataque de Cristiane, a categoria e o respeito que a presença de Marta impõe. As onze titulares, enaltecendo também Andressa Alves e Tamires, cumpriam bem a ideia.
Foto: Reuters
Mas quando mesclou com o banco de reservas, ficou notória a perda de poder ofensivo com as mudanças. No segundo gol da Austrália, Barbara demorou para reagir, provavelmente esperando o desvio.
Para completar, ficou a impressão de que a Austrália teve mais força e preparo físico na etapa final. No fim, as adversárias mostravam muito mais facilidade para dominar o meio campo do que as brasileiras, que tentavam impor ritmo, sem sucesso.
- Ficou mais nervoso para nós e precisamos ganhar de todo o jeito. Precisamos ver os erros e acertos de hoje - analisou Andressa Alves.
Vale ressaltar que a equipe reclamou muito da arbitragem no jogo. O juíza não marcou um pênalti no fim do confronto.
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Com o resultado, o Brasil permanece em primeiro lugar com três pontos no Grupo C, mas pode ser ultrapassado pela Itália, que ainda joga com a Jamaica no complemento da segunda rodada nesta sexta-feira. A Seleção volta a campo na próxima terça-feira, contra a Itália, em Valenciennes. É duelo decisivo.
Globo Esporte