28 de Marco de 2024 - Ano 10
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29/10/2015

Amazonas registra recorde de queimadas pelos estudos do Inpe

Foto: Marizilda Cruppe / Reprodução

Inpe registrou até ontem (28) 13.440 pontos de queimadas, superando os 9.322 de 2014

"Tentei segurar a peteca, mas a fumaça ganhou", escreveu nas redes sociais a jornalista Isabelle Valois, 26, no último sábado (24), enquanto fazia "check-in" no hospital Rio Negro, em Manaus. Inalando fumaça desde 1º de outubro, quando uma densa "névoa" tomou conta da capital do Amazonas “e perdura por todo este mês”, ela buscou atendimento médico devido a uma crise de faringite e laringite que não tinha desde que era pequena. "Na semana passada, não chovia ou batia vento. Tive de fazer inalação, tomei medicamento na veia e passei a noite no hospital", diz Isabelle.

 

A jornalista é uma das vítimas da maior onda de queimadas que já atingiu o Amazonas desde que os focos passaram a ser computados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 1998. Até esta quarta-feira (28), 13.440 pontos foram registrados, superando os 9.322 de 2014. O governo de José Melo (Pros) declarou estado de emergência por 90 dias em 12 cidades e criou uma força¬tarefa para tentar controlar a situação, que não é exclusiva do Amazonas. Recordes de queimadas foram batidos no Acre e no Espírito Santo.

 

No Maranhão, o governo tenta há dois meses controlar o fogo que já consumiu 45% da terra indígena Arariboia. Os homens do Ibama, da Funai, do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar contam tratores, carros, caminhões, helicópteros, três aviões e uma ambulância, mas nada disso tem sido suficiente.

 

Governos e especialistas citam as mudanças climáticas como uma das causas do problema. "Tivemos efeitos severos do El Niño e um crescimento absurdo de queimadas. O desafio aqui é grande", diz Antonio Stroski, secretário de Meio Ambiente do AM.

 

Para o meteorologista do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) Pedro Costa, o fenômeno deve ter seu ápice em dezembro. "Sem ter como 'lavar' a atmosfera, a tendência é a fumaça das queimadas ficar depositada numa camada. Por causa do El Niño, as chuvas só devem voltar no ano que vem", afirma o pesquisador.

 

A fumaça em Manaus foi tão intensa que, apenas neste mês, o aeroporto da cidade teve de operar por aparelhos durante 70 h, embora não tenha fechado, segundo a Infraero, estatal que administra os aeroportos do país. Apesar de o clima ter sua parcela de culpa, o governo tem enfraquecido os órgãos ambientais, segundo o presidente da ONG WCS (Sociedade de Conservação da Vida Selvagem), Carlos Durigan. "O Estado não é aparelhado para combater esse incêndio todo. O problema chegou numa dimensão tão grande que não há outra solução além de torcer para que a chuva chegue logo", afirma.

 

O Ministério Público Federal questiona desde o início do ano o governo do Amazonas por ter enxugado cargos na Secretaria do Meio Ambiente. Segundo a Procuradoria, havia 29 gestores para 42 unidades de conservação. "A desmobilização acaba sinalizando aos infratores que não vai ter nenhum monitoramento", afirma o procurador Rafael da Silva Rocha. Ele diz que a relação entre a reestruturação do governo e o aumento das queimadas está sendo investigada.

 

Mas, no Estado, também falta braço para conter o fogo. O Corpo de Bombeiros possui 746 homens, enquanto o ideal seriam 4.000, segundo o tenente Janderson Lopes. A corporação, diz, prevê que em 12 anos todas as 62 cidades terão efetivo. "O importante é agir rapidamente nos casos de queimada, mas nós temos dificuldade logística e espacial. O Amazonas tem dimensões continentais", diz o tenente.

 

O governo do Estado diz que já formou 570 brigadistas e que, em apenas uma semana, foram aplicados R$ 8 milhões de multa por queimadas criminosas. O Estado diz também que não registrou aumento no número de atendimentos nos hospitais.

 

Fonte: Folha
 

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