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Mulher
27/03/2019

Após ter nariz arrancado por ex, mulher relata ciclo de violência doméstica. CONFIRA

Foto: Arquivo pessoal

Na foto da esquerda, como Tatiana ficou após a última operação. Na da direita, como ela era antes da agressão

A vendedora Tatiana Oliveira, de 28 anos, revive o trauma de ter sido agredida pelo ex-namorado, em novembro de 2017, praticamente todas as vezes em que sai de casa e responde aos questionamentos de curiosos sobre as cicatrizes em seu rosto. Ela teve uma orelha e o nariz arrancados a mordidas pelo homem com quem vinha se relacionando fazia dois anos, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo. Desde então, passou por cinco cirurgias e espera ser operada mais dez vezes. A última operação ocorreu há apenas 11 dias. A história repercutiu novamente nas redes sociais nos últimos dias.

 

Embora o agressor, identificado como Ricardo Willians Cazuza, tenha sido preso em agosto de 2018, Tatiana ainda busca retomar sua vida. Ela relatou ter ficado com a autoestima muito abalada e até mesmo ter mudado de personalidade. Antes, era extrovertida e desinibida, mas agora se vê como uma pessoa tímida e fechada.

 

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— Desde então eu não me relacionei com ninguém, e nem pretendo. Criei uma espécie de armadura. Não que eu me culpe, mas fico pensando: "Por que não me atentei aos sinais? Por que depois da primeira agressão não separei?". Ele foi preso, acabou. Mas eu tenho que aprender a me socializar de novo — disse ela.

 

O episódio de violência doméstica também foi um trauma para seus três filhos. Os que presenciaram a agressão, uma menina de 13 anos e um menino de 10 anos, repetiram de ano. A vendedora contou que durante os pós-operatórios não tinha quem os levasse para a escola. Além disso, muitas das vezes ela sentia medo, porque durante boa parte de 2018 o ex-namorado, que não é pai das crianças, ainda não havia sido localizado pela polícia.

 

— O que aconteceu comigo foi exatamente o ciclo da violência doméstica. Primeiro ele começou a violência verbal, depois foi um empurrãozinho, dava ordens sobre que roupas deveria vestir, dizia como uma mulher deveria se comportar, até chegar nas agressões. E eu o desculpava. Ele dizia que ia mudar, pedia perdão, chorava — contou. — As mulheres precisam ter força pra pedir ajuda. É mais fácil a gente gritar do que continuar (no relacionamento) e uma família enterrar a gente.

 

Segundo a mãe da vítima relatou no boletim de ocorrência, registrado como lesão corporal de natureza gravíssima e violência doméstica na DP de Barueri, sua filha tinha decidido terminar o relacionamento, mas o companheiro não teria aceitado. Num primeiro momento, ela impediu que ele agredisse Tatiana, mas quando saiu para trabalhar, o homem voltou.

 

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— Depois das mordidas, eu peguei o nariz e a orelha do chão, mas os membros necrosaram, e eu não consegui reimplantá-los. O médico disse que teria que pegar um pedaço da testa e da boca, mas que não tinha jeito. Ele falou que eu não teria mais o nariz como era — relatou a vítima, que continua sendo atendida pelo mesmo médico, por meio do SUS.

 

Na foto da esquerda, como Tatiana ficou após a última operação. Na da

direita, como ela era antes da agressão (Foto: Arquivo Pessoal)

 

De acordo com Tatiana, a parte estética das operações, que ocorrem de quatro em quatro meses, aproximadamente, ficará por último. Por enquanto, o profissional tenta recuperar sua respiração, já que ela passou a respirar pela boca.

 

— O médico não me dá nenhuma restrição. Assim, tem que viver, né? Eu tenho que tentar viver da forma como estou. Ele tem uma fotogaleria minha e sempre me mostra pra me alegrar. Eu ainda tenho muitos problemas na questão de autoestima. Quando passo por uma cirurgia, é como se tirassem um pedaço de mim. Sinto uma dor que não deveria sentir — contou.

 

Ainda que tenha se distanciado dos amigos logo após o ocorrido, o apoio deles diante das críticas que recebeu na web, após serem publicadas notícias sobre o caso, foram fundamentais para se manter firme.

 

— As pessoas dizem muita maldade e fazem piadas, falam: "O que será que ela fez pra merecer isso?". Ninguém merece passar por uma situação dessa, seja homem ou mulher. Claro que encontrei pessoas de luz, que me disseram que sou bonita por dentro e por fora. Tive amigos que me defenderam, rebateram essas coisas horríveis — contou. — Eu fico bem na minha casa, sozinha, mas quando estou na rua as pessoas olham, perguntam. Sempre tenho que contar a mesma história e revivê-la todos os dias. Eu tenho filhos, então choro muito na madrugada, pra eles não verem.

 

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Ricardo Willians vai a júri popular após uma decisão judicial de 1ª instância, da qual ele recorreu. 

 

Extra Online

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