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Mulher
22/08/2017

Assexualidade: conheça a condição de total falta de interesse em sexo

Foto: Reprodução

Entenda a ausência de interesse por sexo

Sabe aquela imagem preconcebida de que o assexual não se relaciona amorosamente? Apague da sua mente, ela está errada. Assexualidade é um tema tão complexo, que sua explicação não cabe somente em uma frase.

 

Pouco difundido, o conceito geralmente é associado a pessoas que não sentem interesse em fazer sexo. O que muitos não sabem é que há diferentes tipos de assexuais e alguns deles têm sexo em sua vida, ainda que em periodicidade e intensidade diferente dos sexuais.

 

“Sinto atração sexual, mas com menor frequência do que de amigos e amigas sexuais”, conta Romântico*, que pediu para ser identificado somente com o nickname usado por ele na Comunidade Assexual, uma plataforma virtual para assexuais e não assexuais interagirem, conversarem e aprenderem mais sobre o tema.

 

Romântico não consegue especificar uma periodicidade, mas afirma que chega passar anos em abstinência. “Enquanto isso vejo que colegas meus, sexuais, quando ficam poucos meses sem sexo já estão 'subindo pelas paredes'”, diz. Ele se considera Gray-A, um tipo de assexual que sente atração de qualquer grau em determinados momentos da vida.

 

Nem aversão, nem castidade


A masturbação, por exemplo, está presente na vida de Romântico*, porém ocorre com frequência bem menor do que a dos sexuais. “Um assexual pode amar e ter um relacionamento normal com um homem ou mulher chegando até ao casamento, sem nunca ter necessidade de fazer sexo”, afirma o psicólogo Alessandro Vianna.

 

 

A assexualidade é, portanto, simplesmente a ausência de interesse por sexo. Uma pessoa pode apaixonar-se por outra, amá-la e ser feliz, sem nunca se sentir sexualmente atraída por ela. Romântico* confirma. “Já 'fiquei', já 'namorei'... com relação à atração romântica, não há grandes diferenças em relação aos sexuais. Já quanto à sexual... acho que a médio/longo prazo teria problemas se namorasse uma sexual, em especial se a libido dela fosse grande”.

 

Dicionário da assexualidade


Vamos fazer uma analogia. Imagine que a assexualidade é uma árvore e que, na base dela, estão suas ramificações: os assexuais, os gray-As, demissexuais, arromânticos, românticos, entre outros. Para entendermos melhor cada um deles, vamos fazer um minidicionário:

 

Gray-A: experienciam atração sexual, mas possuem baixo desejo sexual. E essa atração pode ser sentida em determinados momentos da vida, mas não é constante. Estão entre os assexuais e os sexuais.


Demissexuais: aqueles que sentem atração sexual apenas aos indivíduos com quem desenvolvem uma relação/ligação emocional e/ou intelectual.

O envolvimento é praticamente um pré-requisito para sentir atração. Estão entre os assexuais e os sexuais.


Românticos: desejam uma parceria amorosa, mas não sentem atração sexual por ela.


Arromânticos: amizades e outros tipos de relacionamentos que não sejam românticos são o que movimentam a vida dos arromânticos.

 

Prazeres diversos


A assexualidade não identifica algo que a pessoa escolheu e sim o que ela sente. “Elas possuem necessidades emocionais e sentem atração por outros (como qualquer humano)”, comenta Alessandro. É importante destacar que a assexualidade não é a mesma coisa do que ter baixos níveis de libido por problemas médicos ou de saúde. E tampouco está relacionada a repressão de desejos sexuais.

 

 

Segundo o Alexandre, as partes do corpo que nos dão prazer não têm qualquer ligação com a nossa orientação sexual. “No caso dos assexuais, o prazer físico pode ocorrer desassociado à libido (desejo). Pode perfeitamente trocar carícias com outras pessoas, mas isso não faz com que ele sinta atração pelas mesmas”, explica. Outra coisa que as pessoas confundem muito é o "não gostar de sexo" com ser assexual. “Quem não gosta de sexo está enquadrado em assexuado e não necessariamente em assexual. Pode parecer paradoxal, mas um assexual pode gostar de sexo pelo prazer que ele proporciona mesmo que não sinta atração por ninguém”, comenta.

 

Masturbação, um campo frequentado


Vale ressaltar que, baseado em várias pesquisas, em termos numéricos, cerca de 50% das mulheres assexuais e em média 75% dos homens assexuais dizem que se masturbam normalmente e têm fantasias sexuais. Segundo o psicólogo, uma pessoa assexual pode desenvolver fantasias para estimular seus instintos na hora da masturbação, por exemplo, e para isso ela não precisa se sentir atraída por ninguém. “Elas apenas não sentem atração sexual por outros indivíduos. No caso do homem, por exemplo, o fator ereção acontece normalmente”.

Como saber se você é assexual?


*Romântico se descobriu Gray-A após ler uma reportagem. Ele se identificou com algumas situações e buscou mais informações no fórum Comunidade Assexual. “Recomendo a quem deseja se conhecer melhor e fugir das armadilhas, que se cadastre no fórum da Comunidade Assexual. Há bastante conteúdo interessante e gratuito lá”, finaliza. 

 

Existe tratamento para assexualidade?

Segundo o médico ginecologista e especialista em sexualidade, Marino Pravatto Júnior, existe um grande número de pessoas que não conseguem viver sua sexualidade. Portanto, na sua opinião é necessário um tratamento psicológico.

 

“Há pessoas que não gostam ou têm grandes dificuldades em lidar com o sexo. A assexualidade é desenvolvida ao longo da vida e dentro da cultura que elas vivem. Depende da biografia de vida da pessoa. Onde nasceu, qual tipo de educação recebeu etc”, afirma o médico.

 

A sexóloga Jussania Oliveira também ressalta a importância de, primeiramente, entender a contextualização do sexo na vida de cada um.
Quais as experiências vividas, conhecimento corporal, afetivo e sexual. E, junto com ela, identificar se existe o desejo de mudar e se é possível.

 

“Considerando que a assexualidade não é uma patologia e, sendo entendida por alguns como orientação sexual, não há o que ser tratado neste aspecto, mas sim como a pessoa lida com isto”, conclui a Dra. Jussania.

 

A ideia de uma terapia é entender que emoções a pessoa traz, como são seus relacionamentos, sua vida familiar, social, para que se sinta plena e aceita, principalmente por si mesma.

 

A partir daí, junto com profissional especializado, é possível entender se trata-se de assexualidade ou de alguma repressão. Esta última, sim, podendo ser tratada.

 

Revista Glamour

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