Deputado Vicente Cândido (PT-SP)
O relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), diz que propôs ampliar para até oito meses a proibição para que candidatos sejam presos antes das eleições porque o momento político exige uma reação do Congresso. “Tem muita exploração da política por parte de promotores, juizes, delegados, então é para evitar que, no ano que vem, em especial, haja exploração dessa natureza”, disse à Coluna do Estadão, que revelou a manobra.
Ele admite que a medida pode beneficiar o candidato do seu partido, Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 9 anos e 6 meses de prisão na Lava Jato. A seguir a entrevista:
O relatório do senhor proíbe a prisão de políticos até oito meses antes da eleição. É isso?
Isso.
Por que o senhor aumenta o prazo?
Vicente Cândido – Porque estamos num período de judicialização da política. Tem muita exploração da política por parte de promotores, juizes, delegados, então é para evitar que, no ano que vem, em especial, haja exploração dessa natureza.
Essa medida pode acabar beneficiando o candidato do seu partido, o ex-presidente Lula, que foi condenado…
Lula também, como qualquer outro.
O senhor incluiu isso no texto pensando no Lula?
Estou pensando nesse momento conjuntural do Brasil. Vou usar o peso e o contrapeso para não ter excesso em nenhum dos lados. Essa regra já existe, não estou criando nenhuma novidade, estou apenas ampliando o prazo.
Os seus colegas dizem o que?
De todos os pontos que estão no relatório não tem nenhuma resistência. Tem observações.
Sobre esse ponto especifico?
Há concordância.
As pessoas estão cientes de que o senhor apresentou esse ponto?
Falei com vários lideres.
Nao é muito tempo para um salvo conduto?
Vicente Cândido – Em tempos normais sim, mas nesse momento em que nós estamos vivendo acho que é uma necessidade. Há uma vulnerabilidade da política, acho que falta ação da política, sobretudo no Legislativo que poderia ter um papel mais coordenador do equilíbrio.
De que forma?
Vicente Cândido – Cabe ao legislador perceber situações como esta e tomar atitudes. Espero que para as próximas eleições, num prazo curto a gente entre num período de normalidade e talvez armas como essa não vão fazer sentido, agora, não só eu, mas várias pessoas que eu ouvi acham que faz sentido nesse período usa-las.
Estadão