19 de Abril de 2024 - Ano 10
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21/03/2018

Banco Central quer ter poder de veto a dirigentes de instituições federais

Foto: André Duzek/Estadão

Projeto que está em estudo pela área econômica exige que a nomeação de dirigentes em bancos controlados pela União seja autorizada pelo Banco Central; hoje, o BC tem esse poder apenas nas instituições privadas e estaduais

O Banco Central estuda mudanças na legislação para ter poder de veto na nomeação de dirigentes de bancos públicos federais. Uma lei de 1964 exige autorização prévia do BC para a nomeação de dirigentes em bancos privados e bancos públicos estaduais, mas as regras não são aplicáveis aos bancos públicos federais.

 

Essa brecha tem facilitado nas últimas décadas o loteamento político nas instituições federais, permitindo que pessoas sem qualificação técnica assumam cargos de comando nos bancos controlados pela União – BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.

 

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A proposta está sendo analisada pela área econômica e tem o apoio do Ministério da Fazenda. O BC está empenhado em convencer o governo da necessidade de modernizar a legislação.

 

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Em janeiro, o afastamento dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal por suspeita de corrupção trouxe o assunto à tona. Na ocasião, embora não pudesse exigir a saída dos executivos, o Banco Central recomendou que eles fossem afastados. Das 12 vice-presidências, apenas uma não era ocupada por indicação dos aliados. Quatro foram afastados pelo conselho de administração da Caixa, mas um voltou ao cargo depois.

 

O afastamento na época tinha sido recomendado também pelo Ministério Público Federal (MPF), mas o Palácio do Planalto resistia em aceitar o pedido para não contrariar interesses dos partidos aliados.

 

Só depois da recomendação do BC é que os dirigentes foram afastados. Os ex-vice-presidentes foram indicados por partidos políticos da base governista, como o PR, o PRB e o MDB. Foram citados em uma auditoria da Caixa que apontou riscos consideráveis ao banco por causa da interferência política deles. Depois do escândalo, um novo estatuto foi aprovado e todos os vice-presidentes serão trocados.

 

Governança

 

Para o analista de bancos da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, a governança corporativa é valor universal, que não pode valer só para os bancos privados. Ele critica o uso que os governos fazem dos bancos públicos, com injeção de crédito na economia, como se fosse um “orçamento paralelo” à disposição, sem nenhum tipo de controle. “A gente sabe que a questão política é muito forte.”

 

Ele pondera, no entanto, que bancos controlados pela União têm a missão de atender determinados setores e pessoas que não são assistidos pelos bancos privados. “O problema não é cumprir um projeto de governo. A questão está na qualidade e na competência.”

 

Santacreu avalia que, com a mudança na Lei, o Banco Central vai poder colocar sua reputação também na indicação de nomes para cargos de direção em bancos públicos federais.

 

Crivo

 

Hoje, o BC tem poder de aceitar ou recusar indicados para cargos de direção e assentos nos conselhos de administração e fiscais de bancos privados e públicos controlados pelos Estados, mas a lei impede que esse controle seja feito em bancos oficiais federais. Após análise da documentação que avalia capacidade técnica e reputação idônea para o cargo, o BC tem até 60 dias para decidir se aceita ou recusa o nome.

 

Procurados, o Banco do Brasil informou que todas as indicações seguem regras de governança do banco que são baseadas nas melhores práticas do mercado. O Banco do Nordeste afirmou que todos os executivos cumpres as exigências da Lei das Estatais. Caixa e Banco da Amazônia preferiram não se manifestar sobre o assunto.

 

Apadrinhamento

 

Cargos de direção de bancos oficiais são ocupados por indicados políticos

 

Caixa

 

- Gilberto Occhi (presidente) – PP

 

- José Henrique Marques da Cruz (vice-presidente de clientes, negócio e transferência digital)– PP

 

- José Antônio Eirado Neto (vice-presidente de tecnologia da informação) – PSB

 

- Marcos Fernando dos Santos Jacinto (vice-presidente de gestão de pessoas) – MDB

 

- Fábio Lenza (vice-presidente de varejo) – MDB

 

- Nelson Antônio de Souza (vice-presidente de habitação) – PP

 

- Marcelo Prata (vice-presidente de logística) – MDB

 

- Paulo Henrique Souza (vice-presidente de riscos) – DEM

 

- Arno Meyer (vice-presidente de fianças e controladoria) - PSDB

 

Banco do Brasil

 

- José Eduardo Pereira Filho (vice-presidente de governo) – Heráclito Fortes (PSB-PI)

 

Banco do Nordeste

 

- Nicola Moreira Miccione (diretor de controle e risco) – deputados do MDB

 

- Antônio Rosendo Neto Júnior (diretor de negócios) – senador Roberto Rocha (PSDB-MA)

 

- José Max Araújo Bezerra (diretor de ativos de terceiros) – PSDB

 

- Cláudio Luiz Freire Lima (diretor de administração) – deputado Genecias Noronha (SD-CE)

 

Banco da Amazônia

 

- Marivaldo Gonçalves de Melo (presidente) – senadores Sérgio Petecão (PSD-AC) e Omar Aziz (PSD-AM)

 

Estadão

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