25 de Abril de 2024 - Ano 10
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31/03/2019

Bolsonaro em Israel: Presidente brasileiro recua sobre embaixada e anuncia escritório comercial em Jerusalém

Foto: Alan Santos / PR

Presidente Jair Bolsonaro é recebido pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu

Após encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente Jair Bolsonaro anunciou neste domingo, 31, que o Brasil abrirá "um escritório em Jerusalém para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação".


A medida, que já havia sido ventilada sem detalhes pelo presidente brasileiro na semana passada, representa um recuo em relação à promessa de campanha de transferir a embaixada do país de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fizeram Estados Unidos e Guatemala.


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Em discurso, Netanyahu disse esperar que esse movimento seja o primeiro passo para uma futura transferência da embaixada brasileira para Jerusalém.


A eventual mudança causava polêmica dentro e fora do governo brasileiro.


Por um lado, evangélicos e setores ligados ao escritor Olavo de Carvalho defendiam a transferência como uma forma de aproximar o país de Israel. A defesa também está calcada em questões teológicas, especialmente ligadas ao chamado "dispensacionalismo", doutrina que liga o estabelecimento dos judeus na Palestina à volta de Jesus Cristo.


Já ruralistas e outros setores exportadores temiam que a abertura pudesse comprometer as relações do Brasil com países árabes e muçulmanos, grandes compradores e produtos agropecuários - especialmente proteína animal produzida a partir de preceitos islâmicos - do Brasil.
Países árabes e o Irã respondem por quase 6% de todas as exportações brasileiras.

 


Decisão americana de transferir embaixada para Jerusalém e reconhecer a cidade como

capital de Israel gerou prostetos em diversos países, como nas Filipinas (Foto: EPA)


Por fim, integrantes da ala militar do governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, também já haviam se mostrado reticentes com a transferência.


Observadores familiarizados com as relações entre Brasil e Oriente Médio afirmam que a opção Bolsonaro era a "mais benigna" que estava à mesa. Pressionado por diversos setores, "Bolsonaro teria que anunciar algo".


O Itamaraty não informou qual o status diplomático do escritório nem deu detalhes de que funcionários atuarão no escritório.


De acordo com a legislação internacional, uma embaixada faz a representação de um Estado nacional para outro, e um consulado representa um Estado nacional para pessoas em outro país.


Segundo Elaini Silva, professora de Relações Internacionais da PUC de São Paulo, o próprio Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirma que escritórios comerciais, em geral, são estabelecidos fora do distrito federal do Estado.


"Então, abrir um escritório formalmente em Jerusalém é meio que confirmar que Jerusalém não é a capital, não é o distrito de governo de Israel. Não sei se quem tomou essa decisão está plenamente ciente disso", afirmou Silva à BBC News Brasil.

 


Localizada na parte antiga de Jerusalém, o Domo da Rocha

é uma construção sagrada para o islã (Foto: Reuters)

 

Área sob disputa


Com Jerusalém Oriental ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, a maior parte da comunidade internacional mantém suas embaixadas em Israel na cidade de Tel Aviv, seguindo o entendimento de que Jerusalém Ocidental só poderá ser considerada capital de Israel quando Jerusalém Oriental puder se tornar a capital palestina.


Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível.

 

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A medida anunciada pelo Brasil se assemelha à tomada pelo governo da Hungria. No último dia 19, os húngaros também anunciaram a criação de um escritório comercial em Jerusalém, mas ressaltaram que ele teria "status diplomático". A Hungria é governada pelo primeiro-ministro Viktor Orban, político de viés nacionalista que compareceu à posse de Bolsonaro em janeiro.


O movimento húngaro foi saudado por Netanyahu "por ser a primeira missão diplomática europeia a ser aberta na cidade em décadas". "A medida liderada pela Hungria é importante para mudar a atitude da Europa em relação a Jerusalém", disse o premiê.

 

BBC Brasil

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