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14/04/2019

Brasil exportação: atletas se naturalizam em busca de Tóquio-2020; assédio põe judô em alerta

Foto: Sabau Gabriela / Divulgação IFJ

Rochele Nunes agora é atleta portuguesa na categoria acima de 78kg mo judô

A Olimpíada é o sonho de um atleta que dedica a vida ao esporte. Mas nem sempre é possível disputar os Jogos da forma imaginada, no caso, pela sua seleção.

 

Para não deixar a meta escapar, esportistas se agarram à naturalização. O judô, por exemplo, é o esporte olímpico onde mais há troca de bandeiras.


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Em busca de uma vaga, Barbara Timo e Rochele Nunes decidiram que Portugal seria o país que lhes traria essa chance. Ambas foram contratadas pelo Benfica em agosto de 2018 e iniciaram o processo de naturalização, que levou quatro meses e contou com a ajuda do Comitê Olímpico Português.

 

Barbara Timo (D) também trocou o Brasil por Portugal pelo

sonho olímpico (Foto: Sabau Gabriela / Divulgação IFJ)


Por sorte, a seleção portuguesa de judô tinha carência de atletas nas categorias até 70kg e acima de 78kg, respectivamente, os pesos de Barbara e Rochele. Desde janeiro de 2019, elas competem como portuguesas e já colhem resultados.


Rochele já soma três bronzes, um em Grand Slam e dois em Grand Prix. A gaúcha, de 29 anos, disputava diretamente a vaga com Maria Suelen Altheman, titular da seleção em Londres-2012 e na Rio-2016.


— Nunca fiquei frustrada. Mas quase sempre batia na trave. Tive ao longo do tempo lesões e isso fugia do meu controle. Não me frustro porque a Suellen sempre representou bem o Brasil — diz.


Google 'ajuda' na dupla nacionalidade


Rochele e Barbara se juntam a Victor Karabourniotis (Grécia), Camila Minakawa (Israel), Sérgio Pessoa (Canadá), Carlos Luz (Portugal), Hernan Birbrier (Argentina), Taciana Lima (Guiné Bissau), Nacif Elias (Líbano) entre os naturalizados. Os dois últimos são casos de sucesso e competiram na Rio-2016.

 

Taciana Lima com o filho, Gustavo, de sete meses (Foto: Arquivo Pessoal)


Aos 35 anos, Taciana trocou o Brasil por Guiné Bissau em 2013, quando descobriu o pai pelo Google. Com dupla nacionalidade, viu a chance e hoje é a única atleta do país.


— Depois que fui lá conhecer o meu pai, senti que podia fazer algo bom para um país sem cultura esportiva. Competir na Rio-2016 foi um sonho — diz a atleta.


A Confederação Brasileira de Judô nunca barrou as liberações. Pelo contrário, vê com orgulho a formação de ótimos judocas e respeitam a busca deles por um sonho.

 

Elias Nacif trocou o Brasil pelo Líbano e disputou na Rio-2016 (Foto: Arquivo Pessoal)


No entanto, uma grande preocupação é o assédio à base, algo recorrente. A CBJ planeja uma portaria para barrar as investidas e evitar perder promessas. O regulamento internacional diz que o atleta, se liberado, pode competir imediatamente por outro país. Mas se isso não acontecer, ele fica dois anos sem poder competir.


— É inconveniente. Cabe a cada país aceitar liberar ou não. Essa portaria vai deixar claro que, se um atleta da base quiser sair, o outro país terá que ressarcir nosso investimento — avisa o gestor de alto rendimento, Ney Wilson.


Mudanças na ginástica e no polo aquático


Na Olimpíada de 2016, 23 atletas imigrantes defenderam as cores do Brasil no Rio de Janeiro. Mas emigrantes também têm crescido, apesar de ser em proporções menores. Além das judocas, uma das promessas da ginástica brasileira, Petrix Barbosa também se naturalizou português no meio do atual ciclo e agora luta por uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, no Japão.

 


Ginasta Petrix Barbosa é atleta de Portugal agora (Foto: Arquivo Pessoal)


O atleta, de 27 anos, permaneceu na seleção brasileira até a Rio-2016, quando não foi titular na vaga do individual geral e nem por equipes. Hoje, Petrix mora em Miami, nos EUA, mas é atleta do Lisboa Ginásio Clube, de Portugal, desde 2018. Foi pela equipe que surgiu uma chance única: defender o uniforme de Portugal.


— Eu vejo isso de maneira natural. As pessoas buscam a oportunidade ir correr atrás dos sonhos. E não é uma prática apenas do Brasil, é algo mundial e de acordo com o regulamento — diz o diretor de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro, Jorge Bichara.


Outra que seguiu o mesmo rumo foi Izabella Maizza Chiappini. Com dupla nacionalidade, a jovem de 24 anos agora defende a seleção de polo aquático da Itália, mesmo tendo participado da Olimpíada de 2016 pelo Brasil.

 

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O COB não vê com ressentimento as escolhas dos atletas, mas como uma forma de cada um buscar o seu espaço, assim como acontece no processo de migração de esportistas.


— Hoje, o futsal, mesmo não sendo olímpico, é o que mais “exporta” para outras seleções. Outros países até facilitam essas naturalizações, como é o caso de Portugal, que chamou a Rochele, a Barbara e o Petrix. Assim como a Izabella ganhou a chance pela Itália — diz Bichara.


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