25 de Abril de 2024 - Ano 10
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18/12/2018

Cientistas explicam a inteligência superior dos papagaios: segredo está na genética. CONFIRA

Foto: Reprodução/Wikipedia

Entenda como a genética explica a inteligência dos papagaios, os ‘seres humanos’ do mundo dos pássaros

O papagaio-comum, cientificamente chamado de Amazona aestiva, é nitidamente mais evoluído que os outros pássaros que conhecemos. Vive mais, é mais inteligente e possui capacidades que o difere dos demais, como imitar sons e vozes.

 

A resposta para essa evolução tem muito de sua base reconhecida na genética, e virou objeto de estudo de um grupo de pesquisadores brasileiros e norte-americanos de 11 diferentes instituições.

 

Visando responder questões centrais sobre filogenia, evolução, genética de populações, neurociência e comportamento, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desenvolveu o projeto Sisbio-Aves e, como resultado, evidenciou o sequenciamento de um genoma da espécie e descobriu novos genes e interações.

 

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“A ideia era sequenciar os genomas de várias aves do Brasil, com o intuito de desvendar o genoma delas e tentar ajudar a explicar suas características”, diz o pesquisador brasileiro Claudio Mello, do Departamento de Neurociência Comportamental da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, nos Estados Unidos. Segundo ele, o projeto surgiu para “ajudar a caracterizar a biodiversidade da avifauna do país”.

 

Além disso, o programa de pesquisa do DNA do papagaio-comum também tem outro objetivo, segundo o geneticista Fabrício Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ele, outro ponto importante do projeto é que, através dele, foi possível criar um mapa dos genes dessa espécie e identificar as diferenças primordiais no processo de evolução, que ajudam a entender o funcionamento do cérebro e dos genes possivelmente associados à longevidade do animal.

 

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A partir do estudo, pudemos adquirir novas e surpreendentes informações sobre o Amazona aestiva. A ave possui cerca de 25 mil genes e, em alguns aspectos cognitivos, supera até mesmo os primatas (com exceção, é claro, dos seres humanos). Ainda de acordo com Mello, o exemplo mais marcante foi o do “object permanence” (em português, permanência do objeto) que é a capacidade do animal de saber que algo que foi apresentado a ele e posteriormente escondido, ainda está presente no local.

 

“É o jogo em que se coloca alguma coisa debaixo de uma caixa, por exemplo, e o animal sabe onde ela está escondida”, explica o pesquisador. “Papagaios conseguem resolver esse problema, mas outros animais, inclusive macacos, têm mais dificuldade assim que perdem o objeto de vista.”

 

Estudo genético

 

Fotos: Reprodução


Moisés, um papagaio nascido nos anos 2000, foi o espécime que forneceu amostras de DNA para o estudo. Comparando seu genoma ao de outros papagaios, ao de seres humanos, e ao de diversas outras aves, foi possível identificar genes com diferenças marcantes e que indicam funções importantes na longevidade e nos processos cognitivos.

 

O sequenciamento identificou cerca de 4.000 genes e mostrou as similaridades do Amazona aestiva com outras aves, bem como suas particularidades.

 

De acordo com a pesquisadora Patrícia Schneider, da Universidade Federal do Pará (UFPA), “essa busca culminou na identificação de modificações no genoma, ou seja, mutações em certos genes e também a identificação de outros exclusivos de papagaios que dão suporte à ideia de que a capacidade cognitiva e a longevidade são atributos únicos deste grupo de animais, pois eles estão ausentes em outras espécies”.

 

As descobertas alcançadas são classificadas em três principais frentes, segundo o pesquisador brasileiro Claudio Mello. A primeira explica a capacidade de fala dos animais. “Descobrimos alguns genes parálogos (gene duplicado numa determinada espécie ou grupo), que parecem ser específicos dos papagaios. Um deles é o chamado PLXNC1, que está envolvido na formação de conexões neurais, ou seja, como uma área do cérebro se liga a outras para formar circuitos neurais.”

 

De acordo com ele, já era sabido que esse gene tem uma regulação diferenciada na área vocal dos pássaros e no córtex laríngeo dos seres humanos, ou seja, está envolvido em regular circuitos do canto e da fala, respectivamente.

 

O que pode explicar a capacidade vocal dos pássaros está justamente no fato do gene estar parcialmente duplicado no Amazona aestiva, indicando uma regulação aumentada.

 

A segunda frente refere-se à longevidade. A expectativa de vida do papagaio-comum é de 2,5 a 3 vezes maior do que deveria ser. Guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que um humano viver entre 150 e 200 anos.

 

“Descobrimos que ele e algumas outras aves longevas, em comparação com as que vivem menos, têm modificações em vários genes que controlam processos como envelhecimento e proliferação celular, reparo de danos ao DNA, tumorigênese (origem de tumores), mecanismos de proteção ao estresse oxidativo e resposta imune, por exemplo”, diz Mello. “Isso sugere que a espécie sequenciada se utiliza de várias vias para ter uma maior longevidade.”

 

Já a terceira descoberta fundamental foca em modificações em regiões regulatórias de vários genes que controlam o crescimento do cérebro e suas capacidades cognitivas. Elas são semelhantes às que ocorreram no ser humano e servem para distinguir o homem de outros primatas — que possuem um cérebro menor e menos capacidades cognitivas.

 

Assim, é possível traçar um paralelo entre o papagaio e o ser humano: o papagaio está para as demais aves assim como o ser humano está para os primatas. Ainda de acordo com Mello, “isso mostra que alguns mecanismos que levaram a um maior crescimento do cérebro e inteligência em humanos também devem ter atuado para fazer o mesmo nos papagaios”. Também é possível afirmar, segundo o brasileiro, que muitos desses genes, quando modificados drasticamente, podem levar a distúrbios do desenvolvimento cerebral e cognição em humanos, a exemplo de autismo e esquizofrenia.

 

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