17 de Abril de 2024 - Ano 10
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28/05/2017

Com crise política, reação da economia dura só um trimestre

Foto: Reprodução

Especialistas temem que o país continue em recessão

A semana começa com a certeza de corte nos juros e de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2017, mas também com a dúvida sobre a reação do mercado em relação à troca de comando no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 

A incerteza em relação à aprovação das reformas trabalhista e previdenciária aumentou após a crise política provocada pela delação dos donos da JBS, em 17 de maio, que abalou o governo do presidente Michel Temer.

 

Os especialistas ficaram em compasso de espera e não mexeram nas previsões do relatório Focus do Banco Central de 22 de maio.

 

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O boletim que será divulgado amanhã, no entanto, deve mostrar as primeiras revisões por conta da piora no cenário político. São esperados aumentos na projeção da Selic para o fim do ano, alta do dólar e, possivelmente, queda na mediana das estimativas de expansão do PIB, atualmente, em 0,50%. Um consenso entre os especialistas é que o governo atual não se sustenta.

 

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A expectativa é de uma troca rápida e que o substituto manterá a agenda de reformas, reduzindo a volatilidade do mercado.

 

“O governo Temer acabou. Ele virou uma rainha da Inglaterra, mas os parlamentares da base estão convencidos de que é preciso tentar avançar a agenda de reformas.

 

É nisso que o mercado acredita”, afirma o economista Simão David Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP). Ele avisa que o substituto de Temer precisa vir do Congresso para que as reformas não fiquem para 2018.

 

A variação do PIB de janeiro a março deste ano, que será divulgada quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve interromper oito trimestres seguidos de retração.

 

O Itaú Unibanco reduziu de 1,4% para 1,1% a previsão de crescimento do PIB no primeiro trimestre. A mediana do mercado é de 0,9%. Entretanto, o bom desempenho não se repetirá no segundo semestre, apostam os especialistas.

 

A maioria acredita que haverá nova queda trimestral, mantendo o país na recessão.

 

Com poucos dias úteis, abril foi ruim. Na primeira quinzena, maio começava a dar sinais positivos, interrompidos com a crise política. A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, mantém as projeções, por enquanto, mas reconhece um “viés negativo”.

 

Ela prevê expansão do PIB entre zero e 0,5%. “A previsão considera a aprovação da reforma da Previdência”, afirma.


O professor Silber lembra que o resultado do PIB do primeiro trimestre não é nem voo de galinha, mas “de pintinho com pouca pena”. “A alta do PIB não vai interromper a recessão. Os números de abril e maio não são bons e junho vai refletir todo o impacto da crise.

 

O ritmo de retomada será mais lento. Se as reformas não forem aprovadas neste ano, esquece. Elas só ocorrem em anos ímpares, pois, nos pares, há eleições”, avisa Silber.

 

Para o economista-chefe do banco Haitong, Jankiel Santos, o desempenho da economia no segundo trimestre pode ser negativo. Para o primeiro trimestre, no entanto, ele mantém as projeções de alta de 0,7% no PIB.

 

“Por enquanto, estamos prevendo zero de variação em 2017. É possível que o efeito da política monetária ajude o PIB a ter um crescimento de 0,4% a 0,5% na segunda metade do ano, mas, se a incerteza política continuar, vai atrapalhar as expectativas.

 

Nesse caso, deveremos revisar o PIB para baixo e teremos mais um ano negativo”, alerta. Santos lembra que o Congresso deu continuidade à aprovação das propostas mais “fáceis”. “Votar as reformas difíceis é o problema. O impasse político pode pesar bastante sobre a retomada da atividade.”

 

Risco

 

 

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, prevê alta de 1% no PIB do primeiro trimestre e de 0,2%, no do segundo.

 

Já admite que pode reduzir a projeção de expansão de 0,7% para o ano se as indefinições sobre o rumo do governo Temer se estenderem. “Maio dava sinais de recuperação, com os índices de confiança melhorando e o crédito começando a ser retomado. Mas tudo piorou na segunda metade do mês. Se a crise se agravar, o risco país deve subir. O país pode voltar a fechar o ano com o PIB próximo de zero ou em queda”, alerta.

 

O economista-chefe do Banco Pactual, José Francisco de Lima Gonçalves, também está com viés negativo em suas previsões. Para ele, o lado positivo da crise é que a inflação vai continuar em queda, com a desaceleração da economia, e deve encerrar o ano abaixo do centro da meta, de 4,5%. As estimativas do Focus estão em 3,9%. Gonçalvez estima alta de 1,1% no PIB do primeiro trimestre e de 1% em 2017.

 

O cenário mais provável para o economista-chefe da A2A Assets INVX Capital Partners, Eduardo Velho, é a saída de Temer, via cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral . “Com eleição indireta, o substituto manteria a equipe econômica e as reformas. Seria o melhor cenário”, afirma, prevendo alta de 0,5% no PIB do primeiro trimestre.



Corte menor os juros

 

 

Após o estouro da nova crise política, especialistas acreditam que o Banco Central (BC) não deve acelerar o ritmo de corte dos juros dado o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas previdenciária e trabalhista.

 

As instituições financeiras mais otimistas previam redução de juros de 1,25 ponto percentual na Selic (taxa básica da economia), atualmente em 11,25% ao ano.

 

Mas refizeram as contas na semana passada. Agora, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncie uma diminuição de, no máximo, 1 ponto percentual na próxima quarta-feira. Há quem espere menos, como o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, que estima corte de 0,75 ponto percentual. Antes, previa 1,25 ponto. O Itaú Unibanco também mudou de 1,25 para 1 ponto sua previsão.

 

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, prevê corte de 1 ponto percentual nos juros na próxima reunião do Copom e uma Selic de 8% ao ano em dezembro. “O BC manterá o corte porque há espaço para isso nessa próxima reunião.

 

Daqui para frente, a questão política pesará mais do que a econômica para que o ritmo de corte seja mantido ou acelerado”, avalia.


Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, prevê Selic de 9,25% no fim do ano e corte de 1 ponto em 31 de maio. “O ritmo da política monetária deverá ser mais conservador. Por enquanto, o mercado está comprando que a crise será solucionada rapidamente. Mas o quadro pode se agravar se houver muita indefinição”, afirma.

 

Espaço

 

Fotos: Reprodução 

 

Na avaliação de Jankiel Santos, economista-chefe do Haitong, o BC deve reduzir a Selic em 1 ponto percentual na quarta-feira e encerrar o ano com um a taxa de 9%.

 

Ele demonstra preocupação com o rumo da economia. “Ainda não mudamos a previsão. Para o país voltar a crescer em 2018, vai depender da aprovação da reforma da Previdência e de uma mudança estrutural no país. A economia precisa ficar mais produtiva e, para isso, dependerá da aprovação da reforma trabalhista”, explica.


O economista-chefe do Banco Pactual, José Francisco de Lima Gonçalves, reduziu de 1,25 a 1,50 ponto percentual para 0,75 a 1 ponto a previsão de corte dos juros pelo Copom. “Ainda há espaço para redução da Selic, que pode chegar a 8% em dezembro, mas isso dependerá da velocidade das mudanças”, destaca.

 

Na avaliação do economista-chefe da A2A Assets INVX Capital Partners, Eduardo Velho, o Copom vai cortar 1 ponto percentual na Selic. “A inflação está caindo e isso vai ajudar o BC a manter os cortes nos juros, porém, em ritmo menor.

 

A economia pode crescer perto de 1%, mas isso só vai acontecer se a crise política for resolvida logo. Caso contrário, o país continuará em recessão”,diz. (RH)

 

Correio Braziliense

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