Veterano entra em campo no segundo tempo do triunfo por 3 a 2 sobre o Genoa
Treze milhões de minutos, o equivalente a cerca de 25 anos, tiveram seu desfecho em pouco mais de um tempo de jogo para Francesco Totti. A trajetória de duas décadas de Totti na Roma chegou ao fim na segunda etapa de uma dramática vitória sobre o Genoa por 3 a 2, neste domingo, no Estádio Olímpico da capital italiana.
O resultado garantiu à Roma o vice-campeonato do Italiano. E garantiu também uma despedida à beira da perfeição para Totti. Do banco de reservas, o camisa 10 viu a torcida gritar seu nome na entrada dos times em campo, enquanto exibia nas arquibancadas um mosaico com os dizeres "Totti é a Roma".
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Desde que estreou na Roma em 1993, no ano seguinte à chegada ao time profissional, a história de Totti se confunde com a do clube italiano. O meia-atacante virou as costas para propostas milionárias, uma delas do Real Madrid, para sempre jogar futebol no time de infância. Pela Roma, Totti foi campeão italiano em 2001 e bicampeão da Copa da Itália, em 2007 e 2008. Se o jogo deste domingo não valia título, pouco fez diferença para a torcida da Roma, que lotou o Estádio Olímpico e fez uma despedida emocionante para seu "único capitão", como diz a música dos romanistas.
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— Infelizmente chegou o momento que eu esperava que não chegasse jamais. Nestes dias li muitas coisas lindas sobre mim. Chorei cada dia sozinho — disse Totti, bastante emocionado, lendo um discurso no centro do gramado após o apito final.
Totti em campo nos últimos passos como jogador da Roma:
despedida com vitória (Foto: Alessandra Tarantino / AP)
O Genoa, diga-se de passagem, não deu vida fácil à Roma. Enquanto a torcida ainda aplaudia Totti, que fez um cumprimento ao estádio antes do apito inicial, o time visitante abriu o placar em seu primeiro ataque, aos dois minutos de jogo, com o jovem Pellegri, de 16 anos. Nascido em 2001, Pellegri tinha meses de vida quando Totti conquistou o Campeonato Italiano pela Roma.
O centroavente Dzeko não deu margem para desânimo e empatou o jogo aos 10 minutos, aproveitando um rebote de sua própria finalização e completando para o gol aberto.
Totti saiu do banco de reservas aos oito minutos do segundo tempo, e ali o Estádio Olímpico começou a vir abaixo. Vinte minutos depois, Dzeko chegou à linha de fundo pela direita e rolou para o meio da área, na direção do dono da festa. O volante De Rossi chegou antes, mais inteiro, e encheu o pé para fazer 2 a 1.
Vitória no fim
Só que o Genoa voltou a querer colocar água no chope. Aos 33, em cruzamento da esquerda, Lazovic aproveitou uma saída equivocada do goleiro Szczesny e, com o gol aberto, só empurrou de cabeça.
Dzeko, no entanto, estava determinado a trazer a vitória para a Roma na despedida do colega de equipe. Aos 45, o centroavante bósnio aproveitou um cruzamento na área e ajeitou de cabeça para Perotti estufar as redes.
No fim, Totti prendeu a bola na bandeira de escanteio, esperando o tempo passar. Em uma carreira de 25 anos como jogador profissional no mesmo clube — ou 28 anos, se levar em conta o tempo nas categorias de base —, os últimos segundos com a camisa da Roma pareceram eternos. Melhor para a torcida da Roma.
— Agora acabou mesmo, tiro a camisa pela última vez. Vou dobrá-la mesmo que não esteja pronto para dizer adeus. Talvez nunca esteja. Apagar a luz não é fácil. Permitam-me ter um pouco de medo, agora sou eu que preciso de vocês — disse Totti, em alguns dos trechos mais emocionantes da carta lida para os torcedores: — Agora, vou descer as escadas e entrar no vestiário que me ecolheu como um menino. E que agora deixo como um homem. Fico feliz de ter dado 28 anos de amor a vocês. Eu amo vocês.
Totti recebe homenagem em sua despedida na Roma
(Foto: Stefano Relladini / Reuters)
O Globo