23 de Abril de 2024 - Ano 10
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Internacional
21/02/2019

Crise na Venezuela: Maduro anuncia fechamento da fronteira com o Brasil

Foto: AFP

Maduro afirmou que fronteira da Venezuela com o Brasil ficará fechada

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento da fronteira com o Brasil a partir da noite desta quinta-feira, 21.


"Decidi, no sul da Venezuela, a partir das 20h deste 21 de fevereiro, que ficará fechada total e absolutamente, até novo aviso, a fronteira terrestre com o Brasil", afirmou Maduro em reunião com o alto comando militar.


A medida foi tomada a dois dias da data anunciada pela oposição venezuelana, liderada pelo presidente autoproclamado Juan Guaidó, para a entrega de ajuda humanitária armazenada em pontos da fronteira da Venezuela com a Colômbia e o Brasil.


Segundo a Polícia Militar de Paracaima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, o trânsito de pessoas entre os dois países ainda está aberto.


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O fechamento da fronteira, informaram os militares da cidade, é esperado para as 20h locais (21h de Brasília), seguindo declaração de Maduro sobre o tema.


A Polícia Militar disse que ainda não tem mais informações sobre o local em que o bloqueio será estabelecido, e ressaltou que não há movimentações atípicas em Pacaraima. Não está claro também se o trânsito de pessoas será interrompido.


Procurada pela reportagem, a Presidência da República brasileira afirmou que não se manifestará sobre a decisão de Maduro.


Envio de tanques à fronteira


Na noite de quarta-feira, 20, Américo de Grazia, deputado da Assembleia Nacional venezuelana pelo Estado de Bolívar, publicou no Twitter fotos de quatro tanques de guerra em ruas de Santa Elena de Uiarén, cidade venezuelana na fronteira com Roraima. Grazia integra o partido La Causa R, que faz oposição a Maduro.


Em entrevista, ele diz que os veículos estavam sendo enviados para a fronteira, e que outros quatro tanques foram deslocados para a região nesta quinta.

 


Tanque fotografado na quarta-feira pelo deputado venezuelano

Américo de Grazia em Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana

na fronteira com Roraima (Foto: Américo de Grazia / Reprodução)


Grazia afirma que o fechamento da divisa vai agravar as condições do lado venezuelano, que depende da importação de alimentos brasileiros. Ele diz que Santa Elena de Uiarén já enfrenta uma situação precária, sem eletricidade nem serviços telefônicos operantes, e que muitos moradores têm sobrevivido graças a doações de brasileiros.


"Há muita inquietude e incerteza na região. Havia grande expectativa do povo venezuelano pela chegada da ajuda humanitária retida na fronteira", diz o deputado.


Segundo ele, o fechamento também vai prejudicar o abastecimento das bases militares venezuelanas na região. "Na maioria dos quartéis, os soldados comem frango, verdura e arroz que vêm do Brasil. Se não houver tráfego, não haverá comida também para os quartéis."


Provocação americana


Maduro indicou que também está considerando fechar a fronteira com a Colômbia e que a decisão sobre a fronteira brasileira se deu por causa do apoio do Brasil aos planos da oposição.


O presidente afirmou que a ajuda humanitária, que foi enviada pelos EUA, é uma "provocação" e que os planos da oposição são um "pobre espetáculo" para fragilizar seu governo.


"Esse é um show montado pelo governo dos Estados Unidos com a complacência do governo colombiano para humilhar os venezuelanos. A Venezuela tem os problemas que qualquer outro país pode ter", afirmou Maduro em entrevista à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC) neste mês.


Segundo ele, "os Estados Unidos tentaram criar uma crise humanitária para justificar uma intervenção militar".


Os caminhões enviados pelos americanos estão atualmente estacionados perto da ponte Tienditas, que continua bloqueada por tropas venezuelanas.

 


Com ponte bloqueada, vários caminhões com alimentos e medicamentos foram

enviados para um centro de coleta em Cúcuta, Colômbia (Foto: AFP / Getty Images)


A crise na Venezuela


Em janeiro, Maduro foi empossado para mais seis anos de mandato após eleições realizadas em 2018 - amplamente contestadas pela oposição e por vários países e órgão internacionais.


Naquele mês, a crise política se acirrou quando Guaidó se proclamou presidente encarregado da Venezuela e teve sua legitimidade reconhecida por mais de 50 países, entre os quais o Brasil.


O isolamento internacional de Maduro se acentuou no início deste mês, com quase duas dezenas de países da União Europeia também reconheceram Guaidó, entre eles Alemanha, França e Espanha. O mesmo ocorreu com a maioria dos países latino-americanos integrantes do Grupo de Lima, exceto o México.


A crise econômica da Venezuela tem provocado dificuldade de acesso a produtos básicos, inclusive a alimentos. A inflação, os altos preços e a perda do poder aquisitivo dos venezuelanos têm gerado bastante obstáculos para comprar esses produtos.


Oficiais do Exército foram encarregados de distribuir petróleo, arroz, café e outros alimentos básicos, bem como papel higiênico, absorventes e fraldas.


Apesar do apoio de líderes militares, a história é diferente nas patentes mais baixas.

 

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A maioria destes militares teve de enfrentar a penúria econômica da Venezuela, assim como todos os cidadãos comuns no país. Ao contrário dos altos oficiais, os escalões inferiores sofreram com falta de combustível, escassez de alimentos e hiperinflação - e há um crescente descontentamento.

 


Crise política esquentou na Venezuela em janeiro, quando Juan

Guaidó se autoproclamou presidente do país (Foto: Reuters)


Um dos principais efeitos da crise é a saída de venezuelanos do país. Segundo a Agência de Migração da ONU, cerca de 2,3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela nos últimos anos, o que equivale a 7% da população.

 

BBC Brasil

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