O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, no Senado Federal
Em meio à disputa de poder dentro do Ministério da Educação (MEC), pelo menos 14 pessoas do alto escalão já foram demitidas em menos de três meses de gestão. E essa crise emperra programas importantes da pasta, prejudicando o sistema educacional brasileiro.
Entre as demissões que mais geraram polêmica e acentuaram a crise, está a do dirigente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues. Ele chegou a dizer — após a exoneração, na noite do último dia 26 — que o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, é "gerencialmente incompetente" e "não tem controle emocional" para comandar o ministério.
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O ex-chefe do Inep foi exonerado sob a alegação de que ele teria passado por cima do ministro. Vélez disse que não sabia da portaria que anulava a realização da prova que verificaria a alfabetização de crianças em outubro deste ano. Segundo o ministro, Marcus Vinicius Rodrigues "puxou o tapete" ao publicar a portaria no Diário Oficial da União. O dirigente exonerado, no entanto, assegurou que Vélez estava a par da decisão.
Marcus Vinicius Rodrigues é ligado à ala militar do governo, que trava atualmente uma queda de braço com seguidores do ideólogo de direita Olavo de Carvalho. As duas alas disputam poder dentro do MEC.
Fotos: Reprodução / Extra
Alta instabilidade do 'número 2'
A ala militar "venceu" na indicação do novo número 2 do ministério: o tenente brigadeiro do ar Ricardo Machado Vieira, que já foi chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Ele foi nomeado nesta sexta-feira, 29 de março.
Antes dele, algumas pessoas já passaram pelo posto. O primeiro a ocupar o cargo de secretário-executivo do MEC — que, na prática, é o número 2 na hierarquia da pasta — foi Luiz Antonio Tozi.
Oriundo do Centro Paula Souza, em São Paulo, Tozi pertencia ao grupo "técnico" do ministério e também era desafeto de Olavo de Carvalho, que pediu sua cabeça ao governo.
Daí em diante, a substituição se tornou um estorvo para o MEC. O ministro chegou a anunciar que Rubens Barreto da Silva, também da ala técnica, ocuparia o cargo, mas depois voltou atrás.
Iolene: indicada mas não nomeada
Em seguida, Vélez afirmou que Iolene Lima, então diretora de Formação do MEC e braço-direito da secretária de educação básica, Tânia Leme, assumiria a secretaria-executiva. Mais uma vez o plano não se concretizou e Iolene, também alinhada à área técnica, foi demitida.
No capítulo mais recente do vai e vem no MEC, proporcionado pela confusão sobre a portaria da avaliação da alfabetização, foi a vez de Tânia Leme e Marcus Vinicius Rodrigues deixarem seus cargos — na segunda, 25, e na terça, 26, respectivamente.
A então secretária de educação básica chegou a escrever uma carta de demissão, usando o argumento de que não havia sido comunicada sobre a exclusão da alfabetização do Saeb 2019.
Já o então presidente do Inep afirmou que a medida tinha sido um pedido do próprio secretário de alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, contestando a versão do ministro de que o MEC havia sido pego de surpresa.
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Decisões polêmicas
Além das demissões, os primeiros três meses da gestão foram marcados por recuos e polêmicas, como o pedido para que as escolas filmassem os alunos cantando o hino e a decisão de adiar a avaliação da alfabetização.
Extra