Policiais encontraram restos de baratas mortas depois que já tinham consumido café da Ripasa
A empresa Ripasa Comércio e Representações recebe R$ 29 milhões para fornecer refeição para os policiais militares do Amazonas. O alto valor do contrato feito pelo Comando-Geral da Polícia Militar acompanha a quantidade de denúncias sobre a péssima qualidade da alimentação fornecida aos militares em serviço. Isso é o que eles mesmos denunciam. Depois do "x-barata", o PORTAL DO ZACARIAS recebe com exclusividade, das mãos dos próprios policiais, nova denúncia, agora de “café com barata”.
O caso aconteceu na manhã de ontem, quinta-feira (3), no café servido aos policiais militares de serviço no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), no quilômetro 8 da BR-174, em Manaus. De acordo com os denunciantes, restos mortais de baratas foram encontrados nas garrafas, e depois que os policiais consumiram todo o café que foi fornecido pela Ripasa.
Saiba mais
23/06/2015
01/06/2015
Ripasa serve ‘X-Barata’ para policiais militares em Manaus, denuncia vídeo!
De acordo com os policiais denunciantes, esse problema tem se repetido outras vezes, mesmo depois que o PORTAL DO ZACARIAS denunciou que a alimentação fornecida pela Ripasa não estava condizente para o consumo humano. “É impressionante o desmazelo dessa empresa com a refeição que é enviada para os quartéis da PM.
Pode ir em qualquer Cicom que você vai ter um monte de policiais denunciando. Nossos comandantes já sabem disso, mas não tomam providência”, disse um policial, que por razões óbvias não quis se identificar. Em outubro de 2014, o tenente André Evangelista teve que ser internado após encontrar fezes de rato na comida da 1ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom)
Tenente PM Evangelista foi parar no hospital após
consumir comida estragada (Arquivo Portal do Zacarias)
O ‘x-barata’ na Cicom
Em maio deste ano, policiais da 12ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), no Parque das Laranjeiras, Zona Centro-Sul de Manaus, não conseguiram consumir o lanche da noite porque estava repleto de baratas, de todos os tamanhos (veja vídeo na matéria acima, também exclusiva do PORTAL DO ZACARIAS).
Comando insensível aos reclamos da tropa
Desde antes do Comando-Geral da Polícia Militar renovar o contrato com a fornecedora de alimentos que a tropa, a imprensa e até deputados e autoridades já denunciavam que a qualidade do produto não é condizente com o alto valor que recebe do Estado.
E mesmo assim, o contrato milionário foi renovado, e com prejuízo para o Estado, porque a quantidade de refeições fornecidas diariamente foi reduzida, para compensar a manutenção dos valores anteriores.
Em fevereiro do ano passado, por exemplo, o ex-deputado estadual Marcelo Ramos ingressava com uma ação popular com pedido de liminar para suspender a licitação que estava em curso. Na época, a 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual concedeu a tutela e suspendeu a licitação e determinou multa diária de R$ 50 mil ao Estado em caso descumprimento.
O Tribunal de Justiça do Amazonas cassou a liminar e a Ripasa voltou a fornecer o contestado alimento aos policiais.
Policiais só perceberam restos mortais de baratas quando já tinham
consumido todo o café da garrafa da Ripasa (Divulgação / Leitor)
Empresa promete investigar
A Ripasa informou ao PORTAL DO ZACARIAS que vai investigar a denúncia feita pelos policiais, mas disse que isso pode ser parte do interesse dos policiais de receber tíquete-alimentação em vez de refeição fornecida pelo contrato com a Polícia Militar.
Problemas também na área de educação
Em maio deste ano, o Ministério Público do Amazonas foi à Justiça com uma ação civil pública contra a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) por causa de irregularidades encontradas em escolas que são abastecidas com refeições da Ripasa pelo Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Amazonas.
Entre essas irregularidades estão vazamento em caixa de gordura e esgoto, cozinhas sem ventilação, lixeiras sem tampas, freezers enferrujados e banheiros das cozinheiras sem lavatório.
Em uma das escolas que usa alimentos da Ripasa foram detectados ainda descarte irregular de resíduos, iluminação ruim que compromete a higiene e os alimentos, além de problemas com a rede de energia.
Em outra escola, alunos denunciaram que há alimentos servidos com excesso de óleo e crus, problemas de higiene e pratos e talheres com mau cheiro e engordurados.