28 de Marco de 2024 - Ano 10
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30/08/2016

Expedição vai registrar vida após tragédia no Rio Doce

Foto: Marcia Foletto

Ambientalista vai sobrevoar área atingida por lama e mostrar rotina de ribeirinhos

Dez meses depois da tragédia que levou mais de 30 milhões de metros cúbicos de lama a mais de 40 cidades, o piloto de paramotor e ambientalista Lu Marini começa, nesta terça-feira, uma expedição sobre o Rio Doce, para registrar a situação do rio e o que mudou na vida de ribeirinhos e famílias atingidas. Esta é a quarta expedição de Marini, desde 2014, para retratar a situação de rios brasileiros — o Tietê foi o primeiro, seguido pelos rios São Francisco e Paranapanema.

 

Filho de militar e professor de Educação Física, Marini foi seduzido por desafios do esporte na infância. A educação rígida, porém, o levou a se formar em Administração e abrir uma empresa de marketing até ser definitivamente atraído pela aventura. Criou um programa de aventuras para TV exibido regionalmente no litoral paulista e, por dois anos e meio, fez de tudo. De rapel no Terraço Itália à visita à Ilha Queimada, um santuário de jararacas a 35 quilômetros do litoral sul paulista. Faltava aprender a voar quando descobriu o parapente e, depois, o paramotor, que aprendeu a pilotar na Espanha.

 

Como piloto de paramotor, ele se tornou instrutor da Marinha do Brasil e treina fuzileiros navais para operações de rastreamento. Para voar sobre as águas por conta própria foi um pulo. Ou melhor, um salto. Na primeira expedição, em 2009, sobrevoou o litoral brasileiro de Torres (RS) a Natal (RN). Logo no início da viagem, foi premiado com flagrantes de baleias-francas próximas ao litoral gaúcho. Os quatro mil quilômetros sobrevoados despertaram no aventureiro a preocupação com o meio ambiente.

 

— Vi de tudo, desde a destruição de mata nativa até o acúmulo de lixo perto de praias — conta.

 

Sobre o Rio Doce, o sobrevoo a cerca de 100 metros de altura começa no Rio Piranga, que passa a se chamar Doce no limite entre os municípios de Ponte Nova e Rio Doce. No trajeto de pouco mais de 850 quilômetros serão feitas 22 paradas e o registro da vida nas comunidades.

 

— Desde a tragédia da Samarco que as pessoas me pedem para fazer essa expedição. A hora é agora. Tudo se acomodou e só agora podemos saber o que mudou na vida dessas pessoas — afirma.

 

Monitoramento. O ambientalista Lu Marini sobrevoa a Transamazônica

(Foto: Divulgação)


Pelo caminho, Marini coleciona histórias de quem vive o dia a dia de seus roteiros de expedição. Já rastreou a Transamazônica e a área de vulcões do México. A seca que castigou o Sudeste em 2014, a maior em 70 anos, levou à decisão de rastrear rios brasileiros para registrar belezas, dilemas e agruras das populações. Se o Tietê seco revelou carcaças de carros e montanhas de lixo enlameado, o Rio São Francisco fez com que Marini descobrisse o que não se pode simplesmente desvendar com imagens.

 

— Eu olhava o rio e via água. E perguntava: como é que não tem peixe com tanta água ali? — conta.


A aula veio dos pescadores: os peixes procriavam nas cheias do rio, em lagoas formadas às margens. Sem as cheias, sem peixes. Marini afirma que não foi a destruição avassaladora de cerca de 85% da mata ciliar à beira do rio que mais o impressionou:

 

— Ali eu vi a relação do homem com o rio. Um dos ribeirinhos me disse: “O São Francisco é meu pai, minha mãe. É dele que tiro o meu sustento. O rio é a sobrevivência e o amor pelo rio é real, comovente”.

 

O Rio Paranapanema, o mais limpo de São Paulo, foi alvo da última expedição de Marini. Ele descobriu o Parque Estadual Morro do Diabo, no Pontal do Paranapanema, e viu que o rio se mantém limpo porque as 11 hidrelétricas em seu curso aplicam em projetos de preservação ambiental.

 

Fonte: O Globo

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