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17/09/2017

Figurino de 'Filhos da pátria' reaproveita roupas de 'Liberdade, liberdade'

Foto: Sergio Zalis / Rede Globo / Divulgação

Alexandre Nero posa com figurino da fase rico de Geraldo, protagonista de “Filhos da pátria”

Quase nada mudou no retrato social do Brasil de 1822 para 2017. Com generosas pinceladas de humor, “Filhos da pátria”, estreia desta terça-feira após “Sob pressão”, mostra que a corrupção em verde e amarelo nasceu há quase 200 anos, um dia após o país se tornar independente de Portugal.

 

Mas, se em matéria de honestidade as cores ontem e hoje são iguais, a pintura é outra no desfile que se vê nas ruas pelos quatro cantos do país. No que diz respeito ao visual, brasileiros e brasileiras, definitivamente, não são mais os mesmos.

 

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— Busquei referências em Debret (pintor francês que retratou o Rio de Janeiro na época em que a série é ambientada) para vestir os personagens. Nesse tempo, não havia tanto comércio de tecidos, só os ricos tinham uma quantidade maior de peças. Os portugueses passavam as roupas de pais para filhos e as usavam até acabar. No início da história, Geraldo (Alexandre Nero) representa bem isso com sua aparência desarrumada. A ideia é dar a impressão de que ele não compra nada, reutiliza de alguém da família e, quando rasga, manda consertar — diz Antônio Medeiros, figurinista de “Filhos da pátria”.

 

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Alexandre Nero no início da série, quando seu personagem ainda

é pobre (Foto: Sergio Zalis / Rede Globo / Divulgação)


A reutilização não é exclusividade do protagonista da série de autoria de Bruno Mazzeo e que tem direção artística de Maurício Farias.

 

— Vesti os soldados e a figuração com peças usadas em “Liberdade, liberdade” (2016) — conta Medeiros.

 

O guarda-roupa dos personagens principais, no entanto, foi todo confeccionado especialmente para eles. Cada um ganhou de 15 a 20 figurinos próprios, juntando os looks usados na fase pobre e na rica.

 

— Diferenciei as fases também na palheta de cores. Quando os Bulhosa ficam ricos, o tom é vibrante. Marisa Teresa (Fernanda Torres) passa a ter vestidos vermelhos, por exemplo. A ostentação dela também é vista nos acessórios — brincos e colares — que imitam pedras preciosas, como rubi e esmeralda — explica.

 

Fernanda Torres caracterizada de Maria Teresa, na fase  em que ainda é pobre

em “Filhos da pátria” (Foto: Sergio Zalis / Rede Globo / Divulgação)



Figurinos à parte, coube a Mary Help, caracterizadora da série, cuidar do cabelo e da maquiagem dos personagens com uma preocupação em especial: não deixá-los parecidos com os tipos que vemos em “Novo mundo”.

 

— Minha caracterização não tem desconstrução. As mulheres da série têm mais cachinhos no cabelo, são mais arrumadas — observa.

 

A ascensão social dos protagonistas também é marcada através dos fios.

 

— Maria Teresa pobre tem um penteado simples, modesto. Já na fase de riqueza, seus penteados são mais volumosos. Com Geraldo, foi a mesma coisa. Ele começa com barba por fazer e cabelo com aspecto sujo. Depois, a barba é feita e o cabelo é penteado, aparentando estar limpo — adianta a caracterizadora.

 

Só um detalhe não muda no visual do personagem de Nero, mesmo quando ganha muito dinheiro.

 

— Ele tem os dentes pintados com um esmalte apropriado para ficar com um tom amarelado. Na verdade, passei esse esmalte em boa parte do elenco masculino. Mas não usei essa técnica nas mulheres, que também quase não se maquiavam porque não existiam muitos cosméticos. Quem assistir a “Filhos da pátria” vai ver como as pessoas realmente eram naquela época — avisa Mary Help.


Ostentação

 

Sonhos de consumo, Maria Teresa, a ambiciosa mulher de Geraldo em “Filhos da pátria”, sempre teve. Já realizar seus desejos materiais, ela só consegue quando o marido enriquece após se tornar um corrupto. A partir daí, está declarado, então, um período de pura ostentação.

 

— Através do figurino e da maquiagem, Maria Tereza foi virando de remediada a nova rica e, finalmente, riquíssima. Logo que enriquece, sai comprando tudo, vestindo peles... Depois, quando fica de fato rica, vira uma mulher chique — adianta a atriz, de 51 anos (veja a evolução do figurino nas fotos da página).

 

Fernanda não sofreu para gravar sob o sol do Rio no fim do ano passado.

 

— Por incrível que pareça, as mulheres daquela época se vestiam de maneira leve. No único dia em que gravei de casaco de pele, Deus mandou uma chuva para refrescar — diverte-se.

 

A boa impressão que a atriz guarda do figurino de Maria Teresa faz com que ela tenha vontade de vestir uma peça da personagem fora de cena:

 

— Usaria xales e vários vestidos de linho da fase pobre.

 


Vaidade

 

Em tempos de dinheiro curto, a vaidade não é uma característica de Geraldo Bulhosa, protagonista de "Filhos da pátria". Mas a medida que a grana começa a entrar, tudo muda. O português, que sequer abotoa o paletó corretamente, passa a usar cartola, bengala e peças requintadas. Essa transformação no visual foi uma aliada de Alexandre Nero, que gravou simultaneamente os distintos momentos financeiros do personagem.

 

— Na fase em que fica rico, Geraldo compra roupas novas, coisa que não fazia antes porque não se importava com isso e também por não ter dinheiro. No fim da série, ele é completamente diferente do início, fica mais apresentável socialmente. O figurino e a caracterização me ajudaram demais a compor o Geraldo — conta o ator, de 47 anos.

 

Só um certo astro-rei atrapalhou o trabalho de Nero:

 

— É muito calor naquelas roupas. Quando Geraldo estava rico, vestia roupas de veludo e, quando estava pobre, usava meia-calça junto com casaca, lenço... Nessa época, os homens sofriam muito calor mesmo. O Brasil importou aquela elegância europeia no verão brasileiro, ou seja, as coisas não se encaixavam.

 

Ainda assim, o ator pegaria emprestada uma peça do figurino de Geraldo para sair por aí.

 

— Sou m cara que gosta de misturar tendências, modernas ou antigas. Não usaria no dia a dia, mas para ir a uma festa ou numa situação mais fashionista, usaria, sim!. A cartola, os chapéus e os casacos são muito elegantes — observa.

 

Crítica social em "Filhos da pátria"

 

O nascimento do famoso “jeitinho brasileiro” é o mote de “Filhos da pátria”. No olhar crítico da série, a tal característica nacional começa a ganhar forma em 8 de setembro de 1822, imediatamente após o país deixar de ser um reino de Portugal. Essa crônica do cotidiano é feita sob a ótica de uma típica família carioca de classe média, formada pelo casal Geraldo e Maria Teresa e seus filhos, Geraldinho (Johnny Massaro) e Catarina (Lara Tremouroux).

 

— Essa série mostra um humor crítico. Geraldo não tem instinto de bandido, mas por que se corrompe? Porque é fácil, é sedutor e ele sabe que não vai ser punido. Mesmo sem querer roubar, acaba roubando. Em “Filhos da pátria”, a gente está fazendo graça da desgraça — diz Nero.

 

Lara chama atenção para além da mensagem contra a desonestidade que a série traz:

 

— É um convite a refletir sobre corrupção, racismo e machismo. Precisamos falar sobre essas questões para combatê-las!

 

Para Fernanda Torres, a série é um espelho do que somos hoje:

 

— Tudo começa com um esquema de facilitação de carimbos para instituir a nova nobreza. E termina com as ruas cheias de buracos e uma rebelião num presídio porque os funcionários do Paço cortam a comida dos presos para sustentar o roubo.

 

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