Possibilidade de aumento da pressão sobre Temer gerou incômodo no presidente
A aliados, o presidente Michel Temer mostrou preocupação com o aumento da pressão sobre o governo para troca de cargos de primeiro escalão ocupados por tucanos, após a divulgação do programa de TV do PSDB, na quinta-feira.
O centrão, grupo responsável por dar vitória ao presidente na votação da denúncia no plenário da Câmara, tem pressionado para que o Palácio do Planalto puna o PSDB. O grupo tem interesse sobretudo em ocupar o Ministério das Cidades, hoje nas mãos de Bruno Araújo, que ontem divulgou uma nota criticando o programa do presidente interino do partido, Tasso Jereissati.
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— Claro que há um incômodo, e decorre de que na Câmara os partidos já não gostam muito do PSDB, sobretudo por ele ter o comando das Cidades. Agora, se o PSDB não tomar uma atitude muito viril, vai vir coice para cima do governo —disse ao GLOBO um ministro.
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Outro ponto de insatisfação, segundo ministros, foi o fato de que, na propaganda que foi ao ar nesta quinta-feira, os locutores não deixaram claro, quando apareceu a foto de Temer, que o PSDB está "aboletado" em três dos principais ministérios do governo: além das Cidades, a articulação política, nas mãos de Antonio Imbassahy, e Relações Exteriores, sob o comando de Aloysio Nunes.
— Deveria ter se falado, quando apareceu o retrato de Temer, que os tucanos apoiam o governo e estão aboletados nos nossos ministérios — afirmou uma pessoa próxima a Temer.
Alguns dos principais interlocutores do presidente fizeram fortes críticas à peça publicitária, zombando do fato de que não houve sequer a autocrítica prometida. Além disso, ponderaram que o chamado "presidencialismo de cooptação", como foi chamado o modelo atual no vídeo, foi inaugurado nos governos de Fernando Henrique Cardoso, por conta das operações para criar a reeleição.
— É um programa de uma imbecilidade imensa, da mais absoluta incompetência e falta de clareza política. Uma coisa fake, parece que o eleitor não sabe das coisas. Quem denominou o modelo de presidencialismo de coalizão? Foi o FHC, e fez isso para justificar a operação da reeleição - criticou um ministro palaciano.
MINISTROS TUCANOS ALMOÇAM COM TEMER
Nesta sexta-feira, Aloysio e Imbassahy almoçaram com Temer em seu gabinete, no terceiro andar do Planalto, encontro do qual também participou o ministro Moreira Franco (Secretaria Geral). O clima, segundo os presentes, foi de "extrema irritação" com a postura "autoritária" de Tasso. Os tucanos afirmaram ainda ser urgente resolver essa questão da troca de comando do partido.
Eles defendem que o senador Aécio Neves (MG) volte ao comando do partido, mesmo que de forma temporária, para acalmar os ânimos. Em seguida, antes de haver eleições, assumiria um dos vice-presidentes da legenda, que tem nomes como Alberto Goldman, os ministros Aloysio Nunes e Bruno Araújo e o deputado Carlos Sampaio (SP).
— Evidente que eles trabalham por essa hipótese da volta do Aécio, pelo menos temporariamente, para depois assumir um vice-presidente do partido - disse um tucano.
Agência O Globo