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08/02/2019

Governo trava com desconfiança dos Bolsonaro em relação a Mourão, diz jornal

Foto: Reprodução

O prolongamento da internação e a resistência interna em ver o general no comando do país colocam em compasso de espera decisões estratégicas como o texto final da reforma da Previdência

No entorno do vice-presidente, general Hamilton Mourão, há um sentimento de que o clima de desconfiança estimulado por aliados do presidente Jair Bolsonaro o levou a reassumir o cargo, 48 horas após a cirurgia, antes de estar totalmente habilitado para a retomada das funções presidenciais.

 

O prolongamento da internação e a resistência interna em ver o general no comando do país colocam em compasso de espera decisões estratégicas como o texto final da reforma da Previdência, o acordo sobre a cessão onerosa do excedente da Petrobras e a medida provisória do recadastramento de armas.


Além disso, a palavra de ordem entre ministros palacianos durante o afastamento de Bolsonaro é silêncio. Num governo sem voz, o general Mourão, de personalidade expansiva, mostrou-se aberto à imprensa e disposto a repercutir os fatos relevantes do país. No entanto, foi pressionado a se conter. Ele suspendeu, por exemplo, uma rodada de entrevistas que concederia a veículos estrangeiros, e tem falado menos com jornalistas que o aguardam na saída do gabinete.


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Não há data estimada, entretanto, para a alta médica do presidente. O último boletim divulgado pelo hospital Albert Einstein diz que o presidente desenvolveu pneumonia.


Internado há 12 dias, depois de se submeter a uma complexa cirurgia de retirada da bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito intestinal, o presidente empenha-se em se recuperar rapidamente: faz exercícios de fisioterapia, caminha pelo corredor do hospital. No entanto, continua debilitado, alimentando-se por sonda, internado na Unidade de Terapia Semi-Intensiva e com visitas restritas. Em um post recente no Twitter, o filho Carlos Bolsonaro escreveu que esta "terceira cirurgia foi bem mais delicada que a segunda", mas advertiu que o pai "está voltando".


A previsão inicial no dia 30 de janeiro, quando Bolsonaro teve alta médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), era de que despachasse com ministros no escritório montado nas dependências do hospital. Os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, do Meio Ambiente, Ricardo Salles estavam nessa agenda, que acabou sendo cancelada.


Por estar impedido de receber visitas e mesmo de falar em excesso, o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, chegou a afirmar que Bolsonaro iria deliberar assuntos do governo com os ministros pelo celular. "É possível direcionar, dar diretivas aos ministros" por meio de aplicativo.


Com o afastamento do presidente e os ministros resguardados, Mourão despontou com uma imagem arejada em relação à campanha, quando deu declarações polêmicas sobre o 13º salário e as "fábricas de desajustados", sobre famílias de mães solteiras. Ele construiu boa relação com a imprensa, irritando bolsonaristas que fazem ataques constantes à mídia.


No exercício da Presidência, no dia 29, Mourão defendeu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse liberado para comparecer ao enterro do irmão Genival Inácio da Silva por uma "questão humanitária".


Ontem, ao receber representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, para falar sobre a reforma da Previdência, ponderou que isso era "democracia".


Ele também irritou auxiliares da área internacional, para quem Mourão teria avançado o sinal nas avaliações sobre a Venezuela, afirmando, por exemplo, que o Brasil poderia prestar ajuda humanitária ao país enviando medicamentos e comida, até mesmo as coletadas por meio de doações de brasileiros.


Para evitar rumores de fogo amigo, as críticas internas ao vice acabaram terceirizadas para aliados de fora do governo, mas próximos à família Bolsonaro. O filósofo Olavo de Carvalho, apontado como o "guru" de Bolsonaro - e padrinho de dois ministros, o chanceler Ernesto Araújo e o da Educação, Ricardo Vélez-Rodríguez - chamou Mourão de "charlatão desprezível" e o acusou de tramar contra o presidente.


Também ligado aos auxiliares da área internacional e ao filho mais novo, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Steve Bannon, ex-estrategista do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, disse que Mourão é "desagradável, pisa fora da sua linha", e que foi uma decisão sábia Bolsonaro não lhe delegar responsabilidades. Bolsonaro não apenas não delegou atribuições a Mourão, como vetou que o vice se instalasse no terceiro andar do Planalto, como era desejo do general.

 

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Em meio a esse acirramento de ânimos, contudo, Mourão tem saído em defesa do presidente, e seus interlocutores ressaltam que ele mantém boa relação com Bolsonaro. Quando ficou evidente que havia uma divergência entre Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto à idade mínima de homens e mulheres para a aposentadoria, Mourão protestou que não era esse o desejo do presidente. "Guedes, na visão dele, é todo mundo igual. Não é isso que se busca hoje, a igualdade?", ironizou. "O decisor é ele: o presidente". "Ele que foi eleito, nós aqui somos atores coadjuvantes", ressaltou.

 

Com informações do Valor Econômico

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