Manaus faz aniversário e ganha baixarias de presente

Na véspera de completar 347 anos, Manaus assistiu a um verdadeiro vale-tudo entre os dois finalistas da disputa à Prefeitura Municipal de Manaus, cujo mata-mata ocorrerá no próximo domingo, dia 30.

Marcelo Ramos e Artur Neto desperdiçaram o precioso e caro espaço na televisão e no rádio amazonense para divagarem em vaidades pessoais e esquecerem dos problemas da aniversariante do dia seguinte. Uma pena.

No debate anterior, a discussão girou em torno de qual dos dois candidatos bebia mais. Ontem, o tema que dominou o encontro foi quem é mais velho, quem é mais capaz e quem os apoia na caminhada eleitoral.

Nada de novo foi apresentado, nem discutido. A postura dos dois candidatos deixou claro que esse formato de programa - criado para imitar as eleições dos americanos do norte -, é inútil e sem graça.

Os postulantes travaram um duelo pessoal de egos e culto à pessoa, deixando de lado os graves problemas que afligem a cidade, como mobilidade urbana, saúde pública, saneamento, tributos, serviços, eficiência da máquina administrativa, planejamento estratégico etc. Uma cidade com a complexidade da cidade aniversariante exige mais.

A eleição para a escolha do novo chefe do Executivo municipal não pode ser mera disputa colegial ou de grupos políticos e empresariais.

Manaus é habitada por pessoas que merecem respeito. A capital do Amazonas se recente da falta de planejamento sério com o olhar para o futuro.

É uma terra que a todos acolhe com hospitalidade e é agredida, sem piedade, pelos hóspedes ávidos por riqueza e ignorantes das raízes e da história da terra dos barés e dos igarapés.

A corrente migratória que invadiu Manaus a partir dos anos 70 desfigurou o modelo urbano deixado pelos ingleses. Deformou e destruiu o que havia em nome de uma modernidade burra própria dos rasos de conhecimento e carentes de compreensão.

Essa é a Manaus que escolherá no próximo domingo o seu novo gerente.

Marcelo Ramos ou Artur Neto, passada a refrega eleitoral de triste memória, terá quatro anos para mostrar que ser prefeito de Manaus não é apenas ganhar uma eleição. É dirigir uma cidade que teima em sobreviver apesar dos seus inimigos internos e externos. (AZ)