29 de Marco de 2024 - Ano 10
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30/12/2015

Marcelo Ramos admite disputar Governo do Estado se houver cassação

Foto: Reprodução / perfil pessoal

É na família, principalmente na pequenina Marcelinha, que Marcelo Ramos se apóia e se fortalece

Com a língua solta e sua bateria de mísseis afiada, o advogado e ex-deputado estadual Marcelo Ramos (PR) fala sobre a crise das instituições brasileiras e enfatiza a necessidade de uma profunda reforma política e partidária nesta entrevista exclusiva ao PORTAL DO ZACARIAS. Também tece críticas duras à administração da cidade de Manaus e diz como é possível enfrentar seus grandes problemas.


Por J Taketomi, editor de Política


PORTAL DO ZACARIAS - Em recente entrevista ao canal Globo News, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa disse que, ao eleger a corrupção como o tema principal de suas preocupações diárias, acima da saúde e da educação, a população brasileira mandou um recado aos governantes e aos políticos sobre a lamentável situação das instituições. O senhor concorda com o ex-ministro?


Marcelo Ramos - Na verdade, a população começa a perceber que é a corrupção a culpada principal pelos problemas existentes na saúde e na educação. É a corrupção que leva pelo ralo recursos que poderiam pagar melhor os professores, equipar melhor as escolas, colocar remédios nas unidades de saúde, garantir a realização de exames e cirurgias. Durante muito tempo a população embarcou no discurso do “rouba, mas faz”. Hoje a maioria tem clareza de que quem rouba sempre vai fazer muito menos do que poderia fazer. Por outro lado, é preciso que a população perceba que a corrupção encontra campo aberto em governos ineficientes, sem planejamento e que estimulam a burocracia.

 

 

Marcelo e sua equipe de trabalho traçam os planos iniciais

(Fotos: Divulgação)

 

 

“Precisamos de uma reforma de todo
o sistema político, partidário e eleitoral,
refundando os partidos em bases mais
democráticas, retirando ao máximo a
influência do poder econômico nas
eleições e garantindo mais independência
entre os poderes da República.
Isso é o desafio das próximas gerações”

 


O ministro Joaquim Barbosa não quis dizer que o sistema presidencialista brasileiro está superado e que precisa ser substituído por outro?


Os parlamentos brasileiros (Senado, Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras de vereadores) são instituições muito desacreditadas para depositarmos neles as esperanças de um modelo de superação da crise do nosso presidencialismo. Precisamos de uma reforma de todo o sistema político, partidário e eleitoral, refundando os partidos em bases mais democráticas, retirando ao máximo a influência do poder econômico nas eleições e garantindo mais independência entre os poderes da República. Isso é o desafio das próximas gerações. O Brasil tem uma tradição presidencialista e de nada adianta um novo modelo que venha acompanhado das mesmas condutas dos políticos. O parlamento brasileiro, em regra, é absolutamente submisso ao Executivo e seus gestos de independência são quase sempre movidos por questões não republicanas (reivindicação de cargos, achaques e chantagens). Basta analisar o que acontece dentro da Câmara dos Deputados hoje, nessa briga entre governo x oposição e Dilma x Cunha. A única coisa que não entra na pauta desses debates é o interesse do povo brasileiro. Certamente, não é nesse parlamento que está a superação da crise política e de representatividade que o Brasil vive.


O senhor, que é advogado, não acha que o poder Judiciário deve ser reestruturado, juntamente com o Congresso Nacional, para mudar realmente o país? O que acha de uma reforma do Judiciário e de uma ampla reforma política e partidária?


Falei um pouco de reforma política e partidária na resposta anterior. Elas são essenciais. Os partidos brasileiros são instituições falidas e em absoluta crise de representatividade. O Brasil toda vez fala em reforma política e no final constrói apenas reformas eleitorais. A democracia não pode ser resumida em eleições. É preciso estimular os mecanismos de controle dos eleitos, de participação direta da sociedade nas decisões, de transparência nos atos e gastos dos poderes. Já a reforma do poder Judiciário tem que passar necessariamente por um melhor atendimento para o cidadão. Sou daqueles que acham que a democracia e as instituições republicanas brasileiras andam pra frente e se fortalecem.


Portanto, se fortalecemos os mecanismos de controle social, de transparência e se fortalecermos as instituições, as reformas acontecerão na prática. Essas reformas por “decreto” que surgem nos momentos de crise são meros cosméticos que em nada mudam as coisas na essência.


Vamos falar de eleições municipais agora. O senhor acaba de obter o apoio do PTdoB à sua pré-candidatura à Prefeitura de Manaus. Já existem outros apoios em vista?


Recebi com alegria e entusiasmo o apoio do PTdoB, mais ainda porque nele está abrigada uma forte chapa de candidatos a vereador organizada pelo Partido da Segurança Pública e Cidadania (PSPC), ainda sem registro, mas bastante organizado. Já temos outras conversas e certamente construiremos uma ampla aliança em torno desse projeto e isso acontecerá pelo desejo de mudança e de construir uma cidade diferente que a candidatura que estamos construindo representa.


Recentemente, um órgão de imprensa de Manaus divulgou conversa e possíveis acertos entre o ministro Eduardo Braga, do PMDB, e o deputado federal Alfredo Nascimento, presidente nacional do PR, com relação às eleições municipais de 2016. O senhor sabe dessas conversas? Houve acertos?


O Alfredo é presidente nacional do quinto maior partido do Brasil e é absolutamente natural que ele converse com dirigentes de outros partidos. Ele conversa com o Eduardo Braga da mesma forma que conversa com o Omar Aziz, com a Rebecca Garcia ou com o Silas Câmara. Tenho ciência de todas as conversas que tenham a ver com as eleições municipais de 2016 e, na hora correta, como presidente municipal do PR, reunirei dirigentes e militantes e tomaremos a decisão que seja melhor para a nossa cidade.

 

 

Focado no objetivo de chegar à prefeitura, Marcelo trabalha no projeto 2016

 


Em tempos de crise financeira aguda e de paralisia das instituições, a população de Manaus quer esperanças com propostas racionais para os seus problemas, em todos os sentidos. O que o senhor propõe ao povo manauara agora?


É tão verdade que o país vive uma crise e que o município não tem dinheiro para tudo quanto é verdade que a prefeitura, com o que tem, poderia fazer muito mais do que faz. A crise em Manaus é agravada pelo erro de prioridades, pela péssima gestão, pela falta de transparência, pelo empreguismo, pela ineficiência e pelo descontrole nas contas públicas. O primeiro desafio é combater essas práticas arraigadas na administração pública e que o atual prefeito adotou como método em todas as áreas. Essa máquina pública paquidérmica será superada por um modelo gerencial, com metas, controle de custos e definição clara de prioridades. Estamos desde já, juntos com técnicos e acadêmicos, preparando um diagnóstico da cidade para que possamos apontar essas soluções claras e economicamente viáveis. Os números são surpreendentes. Para se ter uma ideia, em dois anos e dez meses o atual prefeito recebeu 86% de recursos federais a mais que o prefeito anterior em quatro anos e, por incrível que pareça, em 2014 matriculou 25 mil crianças a menos que no ano de 2009. As crianças e as mães de Manaus não merecem esse descaso com a educação. É possível fazer muito mais, usar os recursos do Fundeb para melhorar a remuneração dos professores, combater a falta de merenda escolar, garantir fardamento e material para as crianças, resgatar o Progama Médico da Família com visitas domiciliares, não permitir a falta de medicamentos nas UBS. São medidas simples e essenciais. Cuidando bem do dinheiro da prefeitura dá pra oferecer serviços eficientes para a população.


De acordo com a Câmara Municipal de Manaus, a receita prevista para o ano de 2016 da prefeitura da capital é de R$ 4,146 bilhões, o que representa um crescimento de 6,4% em relação à receita prevista para 2015. O senhor acha que a crise financeira acabará em 2016 e que a partir de janeiro de 2017 os recursos orçamentários serão maiores e poderão corresponder às expectativas programáticas de quem vencer as próximas eleições?


O dinheiro do orçamento da Prefeitura de Manaus, mais de 4 bilhões de reais, só não dá pra quem mente na campanha e promete o que não pode fazer e pra quem gasta mal. O atual prefeito, na campanha passada, prometeu coisas que sabia não poderia fazer. Basta o prefeito só prometer o que cabe no orçamento e ter habilidade para captar recursos que as coisas correrão bem. É verdade que não tem dinheiro pra tudo, mas quando tem e não executa é incompetência. Manaus não pode ser refém de incompetências. Um gestor moderno e preparado para os desafios da sociedade atual não viverá de choramingar.

 

“O Alfredo conversa com o Eduardo Braga
da mesma forma que conversa com o Omar
Aziz, com a Rebecca Garcia ou com o Silas
Câmara. Tenho ciência de todas as conversas
que tenham a ver com as eleições municipais
de 2016 e na hora correta, como presidente
municipal do PR, reunirei dirigentes e militantes
e tomaremos a decisão que seja melhor para
a nossa cidade”

 


A cidade de Manaus continua a viver uma séria crise referente ao trânsito e à mobilidade, o que se deve à histórica falta de planejamento a partir do surgimento da Zona Franca de Manaus. Há como pensar soluções para tudo isso sem as parcerias em nível estadual e federal?


Veja. Todos relatam que transporte público e mobilidade estão entre os mais graves problemas da cidade, mas o atual prefeito destinou apenas 0,85% do orçamento para o órgão municipal que cuida dessa área (SMTU). Fica óbvio que não há coerência entre o discurso e a prática, fica claro que não há comprometimento com o enfrentamento dessa questão. O futuro passa pelo BRT, mas um BRT estruturado, com corredores bem sinalizados, com terminais e paradas confortáveis, com alargamento de vias em local de maior estrangulamento, com tecnologia embarcada nos veículos e disponível para que o cidadão possa controlar a circulação da frota e programar as suas viagens. Por outro lado, a recuperação de calçadas e arborização da cidade para que pequenos deslocamentos sejam feitos a pé e a criação de ciclovias e ciclorrotas devem fazer parte da estratégia para diminuir o número de veículos nas ruas. Tão importante quanto isso é o planejamento da cidade. A prefeitura precisa induzir a implantação de serviços (bancos, correio, loterias) dentro dos bairros para evitar deslocamentos desnecessários. Se a gestão do ex-prefeito Serafim criou a integração temporal, importante avanço para o sistema, entre outras medidas, as duas últimas administrações foram perdidas para o transporte e mobilidade. Nada foi feito e demos alguns passos pra trás. É óbvio que o prefeito precisa entender o papel institucional do cargo e ter uma relação fraterna e colaborativa com quem quer que seja o governador e o presidente para firmar parcerias que beneficiem a cidade.

 

 

Entre selfies e reuniões, Marcelo vai expondo suas ideias nas comunidades

 


Com a decisão do TRE pela cassação do mandato do governador José Melo e a possibilidade de uma nova eleição, você seria candidato a prefeito ou a governador?


Não sou de especular sobre uma realidade que ainda não existe. A decisão do TRE ainda não foi concluída e dela ainda caberá recurso ao TSE o que, certamente, indica uma definição apenas para depois das eleições de outubro de 2016. Portanto, seguimos cuidando do nosso projeto para disputar a prefeitura em 2016 e observando o desenrolar.


Certamente, havendo uma nova eleição, eu participarei direta ou indiretamente.
 

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