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Política no Amazonas
17/03/2018

Megabancos de dados dão sobrevida à Lava Jato em Curitiba

Foto: Folhapress

Operação examina mais de 90 mil gigabytes recolhidos na empresa panamenha Mossack Fonseca e na Odebrecht

Ao completar quatro anos, a Operação Lava Jato em Curitiba ganhou novo fôlego a partir de investigações iniciadas em mais de 90 mil gigabytes de dados recolhidos na firma Mossack Fonseca e nos sistemas do setor de propinas da empreiteira Odebrecht.

 

Na quarta (14), a Mossack Fonseca, sediada no Panamá, anunciou o fim de suas atividades após a exposição negativa causada pela apuração de jornalistas conhecida como Panama Papers.

 

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O trabalho mostrou que o escritório de advocacia foi usado para a abertura de empresas offshore destinadas a esconder dinheiro obtido ilicitamente ou evitar o pagamento de impostos.

 

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Na Lava Jato, a filial da firma em São Paulo foi alvo de busca e apreensão na 22ª fase da operação, intitulada "Triplo X", em janeiro de 2016.

 

Na época, o objetivo era verificar se o escritório havia atuado em esquema para a compra de apartamentos no condomínio em Guarujá (SP) onde, segundo o Ministério Público, fica um tríplex que teria sido reservado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela construtora OAS.

 

Lula nega ter sido favorecido pela empreiteira.

 

A diligência policial e uma interceptação telefônica feita no escritório permitiram a obtenção de um acervo com cerca de 36 mil gigabytes, no qual estão milhares de documentos de offshores e emails.

 

Em 2016 e 2017, os investigadores do caso do tríplex priorizaram outras linhas de apuração e o conjunto de dados relativo à Mossack Fonseca deixou de merecer atenção.

 

Porém, em 2018, o material voltou a estar no foco da força-tarefa da Lava Jato. Segundo o procurador da República Januário Paludo, a equipe de investigadores fez uma "operação rescaldo" e decidiu que o acervo deveria ser analisado mais profundamente.

 

"Muitas pessoas famosas e outras nem tanto usaram a Mossack Fonseca para a criação de offshores e lavagem de dinheiro, até de narcotráfico e terrorismo. Não dava para deixar de lado", disse.

 

Segundo o procurador, em breve deverão ser definidos os primeiros alvos das novas investigações.


No setor de perícias da Polícia Federal em Curitiba, um pacote de dados ainda maior, com 54 mil gigabytes, está sendo priorizado.

 

Uma equipe com quatro peritos de informática e quatro da área contábil-financeira está trabalhando em uma sala-cofre para destrinchar os sistemas do departamento de propinas da Odebrecht, que era conhecido como Setor de Operações Estruturadas.

 

O software Drousys era usado para comunicação interna e o programa MyWebDay para a contabilidade interna dos subornos e outros pagamentos não registrados oficialmente pela empresa.

 

Após fecharem delação premiada em dezembro de 2016, a Odebrecht e seus executivos entregaram partes dos sistemas ao longo do ano de 2017. Em fevereiro passado, a PF emitiu o primeiro laudo com base nos dados do acervo.

 

Estão sendo processados cerca de 10 milhões de e-mails, 7 milhões de documentos de texto e em formato PDF e 700 mil planilhas de cálculo, em um total de 90 milhões de arquivos digitais.

 

Segundo Fábio Salvador, chefe do setor de perícias da PF em Curitiba, os trabalhos iniciais permitiram verificar que muitas novas linhas de apuração deverão surgir a partir desse grande volume de dados.

 

"Ainda há muito a desvendar. A cada dia estamos descobrindo coisas novas", disse o perito criminal federal.

 

Salvador afirmou que essa situação levou os peritos a recomendarem que as autoridades solicitantes de laudos formulem perguntas mais genéricas, de modo a permitir a produção de perícias mais amplas e aprofundadas.

 

O perito já pediu à direção da PF reforços para a equipe, uma vez que pelo menos 12 laudos deverão ser produzidos nas próximas semanas.

 

Segundo levantamento feito pela Folha, na documentação da delação da Odebrecht entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) em 2016 há mais de 600 codinomes de beneficiários de pagamentos ilegais ainda sem explicação.

 

A reportagem também verificou que esse primeiro lote de documentos fornecido pela empresa não traz planilhas de pagamento de propinas referentes a 178 semanas do período de atividade do setor de subornos, entre 2008 e 2014.

 

Salvador disse que essas lacunas agora poderão ser preenchidas a partir do trabalho no acervo.

 

Folha de S. Paulo

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