29 de Marco de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Geral
21/03/2017

Metade das crianças vive em famílias com renda per capita menor que R$ 390

Foto: André Coelho / Agência O Globo

Relatório da Fundação Abrinq traça panorama dos problemas da infância e adolescência no Brasil

Mais da metade das crianças brasileiras de até 14 anos faz parte de famílias que vivem com renda domiciliar per capita igual a ou menor que R$ 390 e se enquadram em situações de pobreza e extrema pobreza.

 

Uma parcela significativa dessas crianças mora em domicílios sem coleta de esgoto — na região Norte, por exemplo, eles representam 67,2% do total de imóveis —, ou nasceram em cidades que não têm centros culturais, como acontece em sete a cada dez municípios do Centro-Oeste.

 

Veja também

Governo busca experiências internacionais em plano sobre Internet das Coisas

 

Há, ainda, 2,6 milhões de jovens entre 5 e 17 anos trabalhando no país — proporcionalmente, a maior concentração é na região Sul. Essas constatações fazem parte da quarta edição do “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil”, que será lançado pela Fundação Abrinq nesta terça-feira. O estudo também mostra que as respostas dadas por políticos a todos esses problemas têm sido pouco eficientes, pois se concentram na criação de novas leis, em vez de aproveitar a legislação existente e buscar soluções que integrem várias áreas.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook e no Twitter.

 

— As vulnerabilidades estão interligadas e presentes em todas as regiões — afirma Heloísa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq. — Vivemos em um país extremamente desigual e, mesmo dentro de áreas com a economia bem desenvolvida, há desigualdades internas muito grandes.

 

Segundo o estudo, 13,5% das crianças até 14 anos estão em lares com renda per capita mensal menor que R$ 197, o que é considerado pobreza extrema — a maioria delas no Norte e Nordeste. Além de ter mais vulnerabilidade social, essas regiões têm mais crianças e menos equipamentos destinados a elas, de acordo com o estudo. Sem a criação de uma rede de proteção social mais eficiente, que garanta a saúde de grávidas e bebês e impeça que crianças tenham que trabalhar, por exemplo, e a melhoria da qualidade da educação, é difícil resolver a situação da pobreza:

 

— O risco é virar uma espiral da pobreza. A criança começa a trabalhar cedo para garantir uma condição melhor de vida e sai da escola. Mas quando vira adulto, não consegue ter um emprego melhor porque não tem estudo e educação — opina Heloísa. — Situação de pobreza não tem a ver apenas com renda. Envolve moradia, educação, trabalho, água.


Gravidez na adolecência 

 

Ao todo, o documento da Fundação Abrinq apresenta 23 indicadores sociais, como mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolarização, trabalho infantil e saneamento básico, compilados a partir de fontes públicas que têm 2015 como ano de referência. A pesquisa mostra, por exemplo, que apenas 30% das crianças mais jovens têm acesso a creche no Brasil e que um quarto dos bebês nascidos na região Norte foram gerados por mães com menos de 19 anos. Em todo o país, 18,1% das mães têm até 19 anos.

 

Em relação à violência, a publicação mostra que 18,4% dos homicídios cometidos no Brasil em 2015 vitimaram a população de menores de 19 anos. Pouco mais de 80% desses casos ocorreu pelo uso de armas de fogo. Como avanços, Heloísa cita o recuo do trabalho infantil, que, embora tenha diminuído comparada ao ano anterior, ainda está na casa dos milhões. Segundo a administradora executiva da Fundação Abrinq, a resposta política tem se concentrado na produção de novas leis, o que não é suficiente.

 

— Há um movimento grande no Congresso de produção de novas leis, centenas delas. Já temos arcabouço legal muito bom. Se tenho boas leis e as melhorias não chegam às crianças que vivem nas cidades é culpa de outras coisas. Temos um pacto federativo muito complexo, em que a arrecadação fica com a União, mas a responsabilidade das políticas públicas é dos municípios. Também faltam políticas públicas estruturantes para lidar com os problemas integrando várias áreas.

 

O Globo

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.