Além de Tiago Cedraz, filho de Aroldo Cedraz, medida ainda atinge o ex-sócio Sérgio Tourinho
O juiz Sergio Moro decretou o bloqueio de valores mantidos em contas e investimentos bancários do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz. Sérgio Tourinho Dantas, também advogado e ex-deputado federal, também foi atingido pela medida do magistrado.
Cedraz e Tourinho foram alvos de mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta quarta-feira na 45ª Fase da Lava-Jato, chamada Operação Abate 2. Moro não autorizou o pedido de condução coercitiva feito contra eles, mas permitiu que fossem intimados a prestar depoimento à Polícia Federal (PF).
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Segundo as investigações, ambos teriam participado das reuniões de planejamento para pagamento de propinas a agentes da Petrobras. Também teriam recebido comissões pela contratação pela Petrobras da empresa americana Sargeant Marine e receberam depósitos em uma conta em nome da offshore Rosy Blue DMCC, mantida no HSBC Private Bank, em Genebra (Suíça).
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A participação dos dois foi revelada pelo lobista Jorge Luz e pelo filho dele, Bruno Luz, que foram os responsáveis pelo pagamento das propinas e também ficaram com parte dos valores.
Na planilha de pagamentos da dupla foram identificados lançamentos de US$ 49,5 mil para "ST e TC", que seriam Sérgio Tourinho e Tiago Cedraz. Outras planilhas mostram a ligação do grupo e referências mais explicitas, como anotações: "Tiago acompanhando" e "aguardando mandato adv. amigo STourinho" .
Segundo as investigações, foi identiticada uma transferência bancária de USD 90,9 mil de uma conta controlada por Luz para a off-shore Rosy Blue. Segundo Luz, as transferências tinham por objetivo distrubuir os lucros entre os participantes do esquema.
Moro ressaltou no despacho que, embora os dois sejam advogados, a imunidade profissional não abrange suas atividades, já que há indícios de participação em crimes.
Tiago Cedraz e Sérgio Tourinho foram alvo de mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, na 45ª Fase da Lava-Jato, um desdobramento das investigações sobre o pagamento de propina da Sargeant Marine, fornecedora de asfalto, para o ex-deputado Cândido Vaccarezza - ele teria recebido percentual sobre os lucros obtidos pela empresa em contratos com a Petrobras - cerca de US$ 371,6 milhões em cinco contratos e mais US$ 107 mil em dois outros contratos, ao lado de outro político que, segundo Moro, não foi identificado ainda.
Além dos dois advogados, a Lava-Jato descobriu ainda que Vaccarezza patrocinou interesses também da empresa Quimbra e que uma assistente dele, Ana Claudia de Paula Albuquerque, pode ter participado dos crimes, recebendo em espécie parte do valor da vantagem indevida repassada ao então parlamentar.
O telefone de Ana Claudia foi localizado no aparelho celular utilizado por Bruno Luz e na quebra de sigilo telemática a PF identificou mensagens suspeitas. Uma delas, dirigida por um empresário ao então deputado por intermédio de Ana Cláudia, diz: "Estou iniciando um negócio que por certo vai interessar o patrão, e vejo espaço para você nele também. Abrangerá trabalho jurídico, ligado ao mercado financeiro. Trata-se de um projeto visando 2014, e vejo no chefe o potencial ideal para isso e tudo a ver com os planos macro dele."
Moro ressaltou que os fatos investigados poderão vir a configurar crimes de corrupção ativa e passiva, de lavagem de dinheiro, pela utilização de contas off-shores para movimentar e ocultar a vantagem indevida, e de associação criminosa.
Agência O Globo