Musas trans conquistam espaço em escolas de samba e prometem ser referência no carnaval do Rio

Muito samba no pé, garra e determinação. Essas foram algumas das características que fizeram Patrícia Souza, 25 anos, e Priscila Reis, de 27, conquistarem o posto de musas em duas escolas de samba do Rio de Janeiro.

As duas estarão no tão cobiçado cargo pela primeira vez na Sapucaí. Patrícia desfilará pela Mangueira, escola do Grupo Especial, já Priscila vai entrar na Avenida com a Acadêmicos do Sossego, que faz parte da Série A do carnaval carioca.

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Para elas, a oportunidade é um sonho. O objetivo agora é ser referência para que outras trans se sintam representadas e saibam que também podem conquistar o cargo de musa em uma escola de samba.

"Eu acho que poucas escolas dão essa oportunidade. Acaba sendo um sonho distante que a gente acha que não consegue conquistar. Mas, esse ano, eu e Patrícia estamos mostrando aqui e sendo exemplo para outras trans que elas podem sim conquistar o espaço de musa e, quem sabe, seremos rainhas”, disse Priscila.

'Somos todas iguais'

As duas se conheceram em um outro evento, antes de serem anunciadas como musas de suas escolas. Ao saberem da novidade, o apoio foi mútuo entre elas. De acordo com Patrícia, não existe diferença entre o posto em uma agremiação do Grupo Especial ou do acesso.

"Eu acho que nós somos todas iguais, não tem que ter discriminação. Acho muito importante nós sermos vistas com igualdade. Não tem diferença de Grupo Especial e acesso. Para mim, ela é musa, está junto comigo e a gente vai brilhar”, destacou Patrícia.

Patrícia Souza, primeira musa trans da

Mangueira (Foto: Divulgação / Diego Mendes)

Inspiração e expectativa

A expectativa para a estreia como musas no carnaval deste ano é grande, tanto para Patrícia como para Priscila. Ao G1, elas revelaram quem são suas inspirações nas escolas de samba do Rio.

Sem hesitar, Priscila declarou que a sua maior referência no carnaval é a atriz Viviane Araújo, que desfila como rainha de bateria do Salgueiro desde 2008.

“Viviane Araújo! Eu acho que ela é de corpo e alma. Ela se entrega mesmo. Ela não é só mídia, ela faz parte daquilo”, disse Priscila.

Já Patrícia tem a sua "musa inspiradora" bem ao lado: Evelyn Bastos, a rainha de bateria da sua escola.

“Eu me espelho muito na Evelyn, por ela ser muito inteligente. Ela está junto com a gente, está na causa, é da comunidade. Eu acho ela maravilhosa. Samba muito, dá um show”, revelou Patrícia.

Priscila Reis é musa trans da Acadêmicos

do Sossego (Foto: Leo Zulluh / Divulgação)

Relação com a escola

Para Patrícia, que já desfilava na Mangueira muito antes de sua transformação, a receptividade na escola foi a melhor possível.

“As meninas já me conheciam, fiz a minha transição, voltei como Patrícia e fui muito bem recebida. Fico grata de não ter tido preconceito dentro da escola porque a gente fica com medo também de ter algum tipo de piada”, afirmou a musa da verde e rosa.

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O carinho recebido pelos integrantes da escola também faz parte da rotina de Priscila. A musa destaca que o respeito passa por todos os setores da Acadêmicos do Sossego: vai do presidente até as crianças da comunidade.

"Eu chego e as crianças pedem pra tirar foto, as mães pedem pra tirar foto. Acaba o ensaio, chego em casa e é muito gratificante. O meu presidente me liga e fala: 'Priscila, você brilhou hoje'. A gente está empenhada nisso e a gente tenta fazer o melhor para a comunidade arrasar na Sapucaí”, completou Priscila.

Fotos: Reprodução

G1