A ideia é criar o primeiro arquivo histórico dedicado apenas ao acervo olfativo
Livros antigos, luvas usadas por aristocratas, discos de vinil e até ceras para o chão em breve estarão reunidos em um museu diferente: o museu do cheiro, que ficará na Casa Knole, uma velha mansão localizada no sudeste da Inglaterra.
A ideia é criar o primeiro arquivo histórico dedicado apenas ao acervo olfativo, para preservar os cheiros antes que eles corram o risco de desaparecer.
Documentar o cheiro é importante porque, para as pesquisadoras Cecilia Bembibre e Matija Strlič, da Universidade College London, eles têm “valor cultural” próprio.
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Segundo elas, os cheiros ajudam a compreender aspectos como a identificação dos lugares, além de servir como ferramenta de comunicação com o público e serem determinantes métodos de análise, para identificar coisas e objetos.
“Não sabemos muito sobre os cheiros do passado. Ainda assim, os odores desempenham um papel importante em nossas vidas”, escreveram as pesquisadoras.
Museu do cheiro: criação e local
Foi estratégica a decisão de criar o museu do cheiro dentro da Casa Knole, local onde nasceu e viveu a escritora Vita Sackville-West - famosa pelo livro “The Land” e por sua relação homossexual com a também escritora Virginia Woolf. A mansão foi construída no século XV e tem 365 quartos. Entretanto, elas levaram mais em consideração os escritos antigos na casa, que se mantêm conservados.
Foto: Reprodução / Internet
Matija disse que objetos antigos, naquela mansão, estariam em seu “habitat natural”. “Em um museu, ou galeria, estariam fora de contexto”, complementou.
A pesquisa de Cecilia e Matija é crucial para a criação do museu, já que elas tiveram que recriar alguns odores em laboratório. Para reconstruir o cheiro antigo de papel, por exemplo, elas perguntaram para visitantes de diversos lugares como eles descreveriam o cheiro dos livros. A maioria deles respondeu que eram “úmidos” ou “mofados”.
Cheiros de livros
Foi a experiência com cheiros de livro que levou as pesquisadoras a seguir adiante com a ideia de um museu de odores.
“Sabemos que livros produzidos antes de 1850 têm um cheiro diferente comparado aos que foram feitos entre 1850 e 1990. Isso porque no final do século XIX e início do XX, a impressão foi dominada pela colagem ácida”, descreveu Matija, contando que o processo para reduzir a absorção de água do papel foi determinante para que um livro antigo tivesse um cheiro totalmente diferente de livros mais recentes.
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