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16/05/2019

Nany People: ‘quando você faz o que gosta, a vida é uma diversão’

Foto: Reprodução

Aos 53 anos, atriz comemora sua primeira novela, novo trabalho, solteir

Nany People conclui o trabalho O Sétimo Guardião, novela que terá seu último capítulo exibido na sexta-feira (17), com sensação de satisfação. Aos 53 anos, a atriz conversou com QUEM enquanto se dirigia aos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, para uma das gravações finais da trama assinada por Aguinaldo Silva.

 

Nascida em Poços de Caldas, no interior de Minas Gerais e morando em São Paulo desde os 20, Nany conta que já teve receio de ser alvo de preconceito. "Sou uma trans antes de fazer a novela. Estamos no país que mais mata por transfobia. Tive uma formação familiar e posso me considerar privilegiada. Nem todos tem a mesma realidade. Comecei a trabalhar com teatro em 1983", diz ela, que foi batizada como Jorge Demétrio Cunha Santos e passou a se apresentar como Nany People em 1995, mas levou 18 anos para alterar seu nome nos documentos, nos quais atualmente aparece Nany People Cunha Santos.

 

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Dona de uma fala acelerada, a atriz afirma que o trabalho permitiu que realizasse sonhos, como trabalhar ao lado de Lília Cabral. "Ela é a segunda musa da minha vida", diz, afirmando que a primeira foi Rogéria. Com o fim da trama, ela espera emplacar novos papéis na televisão e já está envolvida com um novo trabalho no cinema, o longa-metragem Quem quer ficar com Mário?.

 

Solteira, ela afirma estar bem-resolvida com a vida amorosa. "Quando vim pro Rio pela novela, cheguei a retomar uma relação de três anos, mas acabou depois três meses. Vi que não ia dar certo. O relacionamento estava chovendo no molhado. A idade traz maturidade. É devagar que as coisas dão certo."

 

QUEM: Como avalia sua estreia em novelas?


NANY PEOPLE: Faço teatro desde os 10 anos e estou na TV há 25 anos. Passei por Hebe, Amaury, Multishow... Novela foi realmente a primeira vez e trabalhei com gente que sempre vi, admirei. Tive um encontro de vida com a Lília Cabral. Idealizei a minha vida baseada em um trabalho dela, sabia? Quando vim a São Paulo, bem jovenzinha, ganhei o ingresso para assistir Feliz Ano Velho, no Teatro Augusta, e a Lília atuava na peça, fazendo vários papéis. Foi ali que meu objetivo virou fazer teatro. Ela é a segunda musa da minha vida.

 

E quem é a primeira?


A primeira musa da minha vida foi a Rogéria!

 

E como foi trabalhar com a Lília Cabral na novela? Boa parte das suas cenas foi com ela.


Foi um presente. No primeiro workshop, quando eu dividi o carrinho com ela... Meu Deus! Não sabia se tomava um copo d’água, se acendia uma vela ou pedia o SAMU (risos). Estava muito emocionada! A gente parece amiga de vida. Ela é paulista e temos referências muito parecidas. Nos workshops de preparação para a novela, sugeri que ela incluísse alguns termos como “amapô”, “aquenda”... Sugeri que ela tivesse esse vocabulário e ela adorou. A Lília é uma atriz de formação teatral por excelência.

 

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)


Considera-se sortuda por contracenar como nomes tão experientes logo em sua estreia?


Lília Cabral vive a antagonista e tive muitas cenas com ela. Tive muita sorte, sim! Tony Ramos foi um pai para mim. Dei sorte de trabalhar com gente muito experiente. Marcello Novaes, Ana Beatriz Nogueira e Fernanda de Freitas também foram maravilhosos. Todos me receberam de braços abertos.

 

Tinha algum receio de como seria sua aceitação?


Já tive, hoje não mais. Sou uma trans antes de fazer a novela. Estamos no país que mais mata por transfobia. Tive uma formação familiar e posso me considerar privilegiada. Nem todos tem a mesma realidade. Comecei a trabalhar com teatro em 1983.

 

Não teve preconceito no meio, então?


Para esta novela, a preparação começou em junho, embora a estreia tenha sido apenas em novembro. Quando todo mundo estava vendo a Copa do Mundo, a gente já estava em workshop e foi um trabalho delicioso. Amei a experiência. Se for a única novela da minha vida, posso dizer que foi uma experiência muito feliz. Mas tomara que não seja. Poucas pessoas sabiam da minha formação profissional. O Rio é outra dimensão, né? Sou muito paulista, apesar de ter nascido em Minas. Moro na cidade de São Paulo desde os 20 e boa parte da minha carreira aconteceu lá. Agora, tem uma curiosidade: eu tinha assinado o contrato para uma participação que acabaria em janeiro, aí me chamaram para renovar para ficar até o fim. Logo no início, o sr. Tony [Ramos] me falou que minha personagem era muito aguardada e disse que me daria dois conselhos. 'Primeiro: Haja o que houver, venha com o texto decorado. Segundo: tudo pelo dia 30' [dia do pagamento] (risos).

 

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)


Esse desfecho com o Peçanha (Felipe Hintze) também tem dado o que falar.


É histórico! O desfecho do Marcos Paulo, minha personagem, foi arrebatador, histórico mesmo. Depois do feminicídio, o que mais mata é a transfobia. A sociedade é cheia de preconceitos. Também tem a gordofobia e o lance da diferença de idade neste par. O Felipe [Hintze] é maravilhoso, fantástico para trabalhar.

 

 

O balanço que faz de O Sétimo Guardião é positivo?


Claro! Posso falar por mim. Sinto que subi no pódio e ganhei o Oscar com este trabalho. A personagem ficou até o fim, tive boa resposta do público e aceitação de toda equipe. Foi um desafio muito grande. Os diretores são uns queridos. Fui muito agraciada. Imagina que eu tive que brigar com o Tony Ramos em uma cena? E ele é um lorde! A orientação que me deram foi: 'Esquece que é o Tony'.

 

Depois da novela, já tem novos trabalhos em mente?


Já estou rodando o filme Quem quer ficar com Mário?, ao lado do Daniel Rocha, Romulo Neto... Também farei uma temporada do meu stand up TsuNany no Rio de Janeiro, faço shows apresentações em convenções... Sou uma pessoa privilegiada, mas sei que tem pessoas que não tem as mesmas oportunidades. Ter feito uma novela aos 53, em um país que preza tanto a juventude, também é mérito. Estou nessa estrada faz tempo. Veja só: trabalhei na TV Manchete, que nem existe mais. Também fiz Record, SBT ao lado de nomes como Xuxa e Hebe. Agora estou em uma novela da Globo, quero que venham mais oportunidades boas pela frente. Porque, além da TV, gosto de estar nos palcos, fazendo peças, apresentações... Não paro de trabalhar!

 

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)


Com tanto trabalho, já deu para ficar rica, fazer um pé de meia?


[Gargalhada] Se já dei para ficar rica?

 

Desculpe. Essa pergunta saiu com um duplo sentido, mas não era a intenção. Queria saber se, com tantos trabalhos, hoje já não passa apertos financeiros?


Olha, vou responder a primeira: Não dei para ficar rica, mas já paguei para ser comida! (risos). Não vai tirar isso da matéria, hein? Adorei!!! (risos) Agora, falando sério, não. Nessa profissão, a gente mata um leão por dia. Não consegui formar um patrimônio, mas ajudo muita gente. Já vi muita gente abrir mão de muita coisa para ter 1 milhão no banco. Eu vivo o hoje! Do que adianta ficar esperando? A gente nunca sabe o dia de amanhã. Minha mãe era cautelosa, mas, infelizmente, descobriu um câncer e morreu em um mês.

 

Em O Sétimo Guardião, sua personagem ganhou um par romântico nesta reta final. E você? Está namorando?


Não. Quando vim pro Rio pela novela, cheguei a retomar uma relação de três anos, mas acabou depois três meses. Tinha ficado três anos e meio com uma pessoa. Terminei. Quando começou a novela, retomamos, mas vi que não ia dar certo. O relacionamento estava chovendo no molhado e falei: 'Vamos deixar como estava'. A idade traz maturidade. É devagar que as coisas dão certo.

 

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)


Acredita que a maturidade ajuda a controlar ansiedade, afobação...


O imediatismo, essa coisa de arregaçar na internet e quebrar tudo, não significa chegar longe. Outro dia, concordei com uma frase que e dizia assim: “A gente responde aos desaforos da vida, com trabalho”. Se eu tivesse vindo para o Rio anos atrás, talvez não tivesse dado tão certo. Foi preciso começar lá atrás, passo por passo...

 

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E quais as principais recordações que guarda do período de trilhar a carreira artística?


Eu era um carretão. Sabe o que é carretão? Aquela pessoa leeeeenta. Eu era uma criança lenta, toda feminina. Saí de Minas com 20 anos, me joguei com um colchão de espuma em um ônibus da viação Cometa e viajei para São Paulo, com meu sonho de cidade grande e fui conquistando minhas oportunidades. Trabalhei muito – e continuo trabalhando –, fiz muito cerimonial, fiz teatro, televisão, mas digo uma coisa: quando você faz o que gosta, a vida é uma diversão.

 

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)

 

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