19 de Abril de 2024 - Ano 10
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19/04/2016

Para Marcelo Ramos, 'nem Dilma nem Temer e muito menos Cunha serão capazes de resgatar a auto-estima da nossa gente e a confiança da nossa economia'

Foto: Reprodução / Internet

Marcelo Ramos é pré-candidato a prefeito de Manaus pelo PR

Com franqueza, o presidente do Diretório Municipal do PR, Marcelo Ramos, falou com exclusividade ao PORTAL DO ZACARIAS sobre a crise brasileira. Sem papas na língua, o pré-candidato à Prefeitura de Manaus disparou ataques a Michel Temer, que, no seu entender, é diferente de Itamar Franco, que, em sua opinião, tocou o País com equilíbrio após o impeachment de Fernando Collor em 1992. “Itamar era um homem sem mácula, e Michel Temer não tem legitimidade, é um conspirador”, diz Marcelo, que não pensa diferente sobre Eduardo Cunha. “É um criminoso”, garante. Confira a entrevista.


Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS

 

Portal do Zacarias - Deputados do PSOL e do PT dizem que o impeachment da presidente Dilma Rousseff mergulha de vez o País no caos. Que caos é esse?


Marcelo Ramos - Falta legitimidade política e moral para um governo Temer (presidente) e Cunha (vice, na condição de presidente da Câmara dos Deputados). Temer tem rejeição quase idêntica à de Dilma e está delatado na Lava-Jato, e contra Cunha já existem consistentes provas de que é um criminoso. Entregar o país à gente sem representatividade político-eleitoral e com essa ficha corrida, certamente não é um caminho seguro para o futuro. Só novas eleições podem dar legitimidade a um novo governo e reunificar o país para retomar o caminho do desenvolvimento e do emprego.


Portal - Analistas argumentam que depois do impeachment, o novo governo vai precisar de uma agenda emergencial para estancar a sangria fiscal e tirar o país da paralisia que domina a economia. O senhor concorda?


M Ramos - O Brasil tem que escolher um caminho para enfrentar a gravíssima crise econômica. A “sangria fiscal” pode ser estancada com a retomada do crescimento ou com cortes nos gastos públicos, ou ainda com o que penso ser o melhor caminho: um equilíbrio entre corte de despesa pública, sem atingir saúde, educação, segurança e programas sociais, e medidas de retomada do crédito e investimentos públicos e privados em obras de infraestrutura (estradas, portos, aeroportos), obras que gerem empregos e que diminuam o “custo Brasil”. Agora, nada disso será possível sem a superação da crise política que nos paralisa.


Portal
– Asseguram os analistas que reformas estruturais, como a trabalhista, a tributária e mesmo a da Previdência, passaram para segundo plano e podem até ficar para 2018. Neste momento, o governo tem que enviar ao Congresso um projeto de lei orçamentária com superávit primário. É isso mesmo?


M Ramos
- Não existe mágica em finanças públicas. Todo governo que gasta mais do que arrecada, uma hora vai pagar a conta desse desequilíbrio. Simplesmente cortar direitos sociais não resolve o problema. O que torna caro produzir no Brasil são os direitos trabalhistas, é a excessiva carga tributária sobre a folha de pagamento e sobre o consumo. Um reforma tributária séria passa, necessariamente, pela redução de impostos sobre o consumo e a folha de pagamento e aumento sobre a renda e a propriedade - assim fazem todos os países desenvolvidos do mundo-, além do estabelecimento de critérios mais justos na distribuição dos impostos arrecadados entre União, Estados e Municípios, reequilibrando o Pacto Federativo. Não vejo hoje uma mágica que ainda este ano coloque os gastos públicos no tamanho do orçamento. Para isso paralisaríamos de vez a economia e a emenda sairia pior que o soneto. Temos que cortar gastos públicos supérfluos e não prioritários, regatar a confiança do mercado e acreditar na retomada da economia.

 

“Não vejo mágica que ainda este ano coloque os gastos públicos no tamanho do

orçamento. Para isso paralisaríamos de vez a economia e a emenda sairia pior que

o soneto. Temos que cortar gastos públicos supérfluos e não prioritários, regatar a

confiança do mercado e acreditar na retomada da economia”


Portal - Mexer com coisas delicadas, como a desvinculação de receitas, não seria complicado demais para um governo de transição?


M Ramos - Complicado para qualquer governo. Mais ainda para um governo de transição e com sua legitimidade questionada. A Lava-Jato não vai parar, ou pelo menos não deve parar, por conta de um provável impedimento da presidente. Portanto, o vice, caso assuma, chegará ao comando do Palácio do Planalto tendo que responder às várias citações contra ele nas delações da Lava-Jato. Faltará legitimidade para qualquer reforma estruturante.


Portal - Há um país mais do que indignado com a crise. Há como consertar a economia adotando medidas austeras em pleno processo de eleições municipais?


M Ramos -
Claro que há. A população começa a perceber que toda a demagogia eleitoral tem um preço. Penso que essa eleição municipal deste ano será a eleição da verdade, de candidatos que tenham coragem de dizer de forma clara o que é possível e o que é impossível de fazer com os recursos existentes. Aqueles que forem para a campanha prometer mil creches, solução para o transporte coletivo em 100 dias serão duramente questionados pela população. A população espera por austeridade, verdade e por um governo de coisas possíveis.


Portal
- O apoio de deputados e senadores a Michel Temer terá um preço muito grande depois da saída de Dilma. Por exemplo, governadores e prefeitos estão preocupados com suas dívidas. Como fazer, então, para a máquina da União ajudar nesse sentido, gerando mais investimentos em saúde e educação em estados e municípios?

 

“A Lava-Jato não pode parar por conta de um provável impedimento da presidente.

E o vice, caso assuma, chegará ao comando do Palácio do Planalto tendo

que responder às várias citações contra ele nas delações da Lava-Jato”


M Ramos - Essa dívida dos Estados com a União é uma brincadeira. Uma ofensa ao Pacto Federativo. O Governo Federal deveria trocar essas dívidas por investimento em obras de infraestrutura (estradas, portos, aeroportos, energia, telecomunicações). O que ocorre hoje não é sério. Os governos estaduais pagam dividas para o Governo Federal e depois batem as portas do governo de pires na mão pedindo dinheiro. Isso é absolutamente irracional.


Portal - Em 1992, Itamar Franco assumiu um país no caos. Criou o Plano Real com o então ministro da Fazendo Fernando Henrique Cardoso e driblou a crise. Michel Temer será capaz de repetir o feito com o programa "Ponte para o Futuro", do PMDB?


M Ramos
- Itamar Franco assumiu sem oposição já que Collor era nada do ponto de vista político-partidário-social e era um homem sem mácula, sem denúncias de corrupção contra si e que não tramou pela queda do presidente. Temer não reúne esses requisitos. Agiu como conspirador, é denunciado em várias delações da Lava-Jato e terá, caso assuma, ferrenha oposição dos movimentos sociais. Na minha opinião, não reúne condições nem políticas nem morais para repetir o feito de Itamar.


Portal - O grande empresariado privado está com a corda no pescoço, bastante endividado. A população, com salários achatados e quase sem esperança. De que forma Temer poderia iniciar um processo de medidas para agradar ricos e pobres ao mesmo tempo?


M Ramos - Já disse em resposta anterior que não vejo o Temer com condições de fazer isso pelo país. Ele servirá ao grande empresariado que bancou a conspiração da qual ele é líder. Pequenos e médios empresários e a população mais pobre não serão prioridades. Mas, só vejo uma forma de agradar ricos e pobres que é retomando o crescimento. Vejo uma frase que circula por ai que diz: “não há nenhum programa social melhor que o emprego”. Eu acredito nisso. Isso agrada ricos e pobres. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, ninguém gosta de viver de esmola, as pessoas gostam de trabalho, gostam de, dignamente, do suor do seu rosto e do calo das suas mãos colocar o pão na mesa da sua família. É preciso construir um Pacto Nacional pela Retomada do Crescimento Econômico e do Emprego. O governo corta no osso despesas não prioritárias, o empresário aceita lucrar um pouco menos, os bancos correm um pouco mais risco com o crédito, o cidadão trabalha um pouco mais. Temos um povo preparado para esse desafio, mas só um governo legítimo pode unir o Brasil para isso e só novas eleições podem nos garantir um governo legítimo. Nem Dilma, nem Temer e muito menos Cunha serão capazes de resgatar a auto-estima da nossa gente e a confiança na nossa economia.

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