24 de Abril de 2024 - Ano 10
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14/07/2018

Previdência exigirá reforma ‘mais dura’, de acordo com economistas

Foto: Reprodução

Para economistas, projeto que governo tentou aprovar este ano já não é mais suficiente para cumprimento da regra do teto de gastos

Se a reforma da Previdência não for feita pelo próximo governo, os gastos com aposentadorias, pensões e benefícios sociais do INSS, para trabalhadores do setor privado, saltarão de R$ 649 bilhões este ano para R$ 876 bilhões em 2026, segundo estudo preparado pelo economista Fabio Giambiagi.

 

Essa evolução praticamente inviabiliza o cumprimento da regra do teto de gastos (que limita o crescimento das despesas públicas aos números da inflação).


Para o teto ser cumprido, assumindo que os gastos com saúde e educação (que não podem ser reduzidos) fiquem estacionados nos R$ 148 bilhões de 2018, as despesas não obrigatórias, como custeio da máquina pública, investimentos e programas de transferência de renda (como o Bolsa Família), cairão dos atuais R$ 250 bilhões para R$ 60 bilhões.


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Na visão de Giambiagi, a evolução das contas públicas sem uma reforma da Previdência torna o teto inviável, pois não é possível um corte tão grande nos gastos não obrigatórios.

 

“Isso não existe”, disse o economista, chefe do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e especialista em contas previdenciárias. Felipe Pinto, da Parcitas Investimentos, e Leandro Rothmuller, economista-chefe do banco Bocom BBM, também assinam o estudo.


Para piorar, a reforma atualmente em discussão, conforme o formato definido na comissão especial do Congresso Nacional que analisou a proposta enviada pelo governo federal, talvez não garanta o teto, segundo Giambiagi. “A reforma proposta pelo governo já não é mais suficiente, dada a intensidade dos problemas que se acumularam desde então, notadamente o aumento dos gastos com pessoal, que tolheu o espaço para as demais despesas”, disse.

 

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Gastos com aposentadorias, pensões e benefícios sociais do INSS para

trabalhadores do setor privado saltarão de R$ 649 bilhões

este ano para R$ 876 bilhões em 2026, segundo Fabio

Giambiagi (Foto: Jonne Roriz / Estadão)


Apesar de aprovada na comissão especial, a proposta acabou não sendo votada no Congresso. O governo teve grande dificuldade em reunir uma base de apoio suficiente para aprovar a reforma, e acabou “jogando a toalha” em fevereiro.


Nas contas dos economistas, no cenário com a reforma aprovada na comissão, os gastos do INSS saltariam para R$ 803 bilhões em 2026, enquanto as despesas não obrigatórias seriam comprimidas a R$ 133 bilhões, R$ 117 bilhões abaixo dos R$ 250 bilhões previstos para este ano – ou seja, mesmo com a reforma, os gastos cairiam à metade.


Diante do agravamento do quadro, o estudo de Giambiagi, Pinto e Rothmuller sugere uma proposta alternativa de reforma da Previdência, mais dura até mesmo do que o desenho original apresentado pelo Ministério da Fazenda no fim de 2016 – depois mudado no Congresso.

 

Os principais pilares são uma transição mais rápida, normas mais duras para a aposentadoria dos servidores públicos e, paralelamente, a adoção, em 2019, de uma regra para o salário mínimo, de 2020 a 2031, com reajuste apenas pela inflação. Para angariar apoio da sociedade, a proposta é que as novas regras mais duras para os servidores públicos começassem a valer no ano seguinte à aprovação, em 2020.


Com essa nova proposta de reforma, as despesas com aposentadorias, pensões e benefícios sociais do INSS saltariam para R$ 766 bilhões ao ano em 2026, permitindo que os gastos não obrigatórios fiquem em R$ 170 bilhões. Giambiagi defende ainda uma discussão sobre essas despesas não obrigatórias, pois muitas poderiam ser reduzidas ou eliminadas, como o abono salarial, que consumirá R$ 16 bilhões em 2019.


Na visão do economista, o abono fazia sentido nos anos 70, como um auxílio para os trabalhadores de baixa renda. Atualmente, com a evolução do salário mínimo em termos reais, a medida acaba funcionando como um “14.º salário” para assalariados com emprego formal que nem estão entre os mais pobres. “Faz sentido isso, quando a polícia não tem dinheiro para colocar gasolina nos carros?”, questiona Giambiagi.

Estadão

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