18 de Abril de 2024 - Ano 10
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30/05/2018

Primeira morte de mico-leão-dourado por febre amarela é confirmada no Brasil

Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Cientistas temem que doença afete ainda mais a espécie já ameaçada de extinção

A primeira morte de um mico-leão-dourado por febre amarela foi confirmada esta semana. O animal morreu em 17 de maio e o caso preocupa porque a espécie é um dos símbolos mundiais da fauna ameaçada de extinção e só existe no estado do Rio de Janeiro.

 

A febre amarela causou em 2017 e este ano o maior massacre de primatas da história da Mata Atlântica e um dos principais temores era de que afetasse espécies em extinção, como os muriquis e os micos-leões. Toda a população humana da área de ocorrência do mico-leão está vacinada.

 

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— A campanha de preservação do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é a mais bem-sucedida do país e um exemplo para o mundo. O temor é que a febre amarela afete esses animais. Se isso ocorrer, será uma tragédia — explica o primatólogo e diretor do Instituto da Mata Atlântica Sergio Lucena.

 

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Um dos pioneiros na preservação dos muriquis e envolvido desde o início na investigação da epidemia em macacos em 2017, em Minas Gerais e no Espírito Santo, Lucena lembra que já morreram em massa bugios (Alouatta guariba) e sauás (Callicebus personatus). Em menor escala, micos do gênero Callithrix e macacos-pregos (Supajus nigritus).

 

O estado do Rio de Janeiro foi afetado principalmente este ano. Segundo nota oficial, “recentemente se registrou 1.152 epizootias suspeitas no estado, das quais 40 foram confirmadas por laboratório”. Há 223 casos humanos confirmados, dos quais 73 levaram à morte — uma taxa de letalidade de 37,2%. A nota conjunta do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde do estado e da Associação Mico-Leão-Dourado não informa o nome do município onde morreu o mico, mas frisa que toda a população da região está vacinada. Não existe risco para seres humanos vacinados na área.

 

O medo dos conservacionistas é que os micos sejam vítimas da febre amarela e da ignorância humana. Este ano três micos-leões foram mortos a pauladas, lamenta o secretário executivo da Associação Mico Leão Dourado, Luís Paulo Ferraz. No estado, mais cem macacos de outras espécies foram mortos pelo temor sem fundamento de que transmitem a doença.

 

— O mico-leão, assim como os demais primatas, não transmite a doença, não afeta o ser humano de nenhuma forma. Mas há quem ainda não tenha entendido isso e massacre os animais. Se não bastasse o vírus, eles são muito ameaçados pela ignorância humana — frisa Ferraz.

 

O mico-leão-dourado é nativo do estado do Rio. Sofreu com séculos de perda de habitat e de caça. Quase desapareceu, mas graças aos esforços para a sua preservação, a população tem se recuperado, embora hoje só exista numa pequena área do estado.

 

Estima-se que existam 3.200 micos-leões-dourados na natureza, 450 deles na Reserva Biológica de Poço das Antas, em Silva Jardim. O habitat dos micos inclui além de Poço das Antas (5,5 mil hectares), a reserva de União (7,2 mil hectares), em Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Macaé, assim como em dezenas de propriedades privadas nesses municípios.Com a chegada do inverno, há algum alívio porque os mosquitos transmissores deixam de multiplicar.

 

— Mas nosso temor é que o vírus se instale nas florestas e volte a ameaçar os primatas com a chegada da primavera e, consequentemente, do período quente e chuvoso que favorece a proliferação dos mosquitos transmissores do vírus. Eles são indefesos. Diferentemente do ser humano, para eles não há vacina — observa Lucena.

 

Ele diz que a comprovação da morte do mico-leão-dourado mostra que todos os cinco gêneros de primatas da Mata Atlântica são suscetíveis à febre amarela. “A epidemia em macacos tem consequências não apenas para eles, mas para toda a Mata Atlântica”, frisa Lucena.

 

O Globo

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