Joalheiro Settimino Mineo é escoltado durante operação anti-máfia
A prisão de Settimino Mineo, apontado como o novo "chefe dos chefes" da máfia da Sicília, e de outros 45 suspeitos de envolvimento com a "Cosa Nostra" representou um choque a uma estrutura criminosa que tentava recentemente se reerguer.
Conhecido como "Tonton Settimo", o joalheiro de 80 anos havia sido eleito em maio para suceder o ex-chefão Salvatore "Toto" Riina, morto na prisão no ano passado, e estava prestes a ser ungido oficialmente na renovada "Cúpula" da organização.
Segundo a polícia da Itália, que lançou operação contra o grupo na terça-feira, os detidos são suspeitos de extorsão, posse ilegal de arma, incêndios, associação à máfia, entre outros crimes. Nos últimos meses, os mafiosos da Sicília haviam conseguido reconstruir a Cúpula depois de mais de duas décadas de contratempos, destacou a mídia do país - o cérebro da atuação criminosa.
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A Cúpula se reuniu em maio pela primeira vez desde 1993 e tinha programada a aclamação de Mineo como herdeiro de "Toto" Riina. Além do joalheiro, a polícia também deteve outros três membros da cabeça do grupo. Segundo a imprensa local, os investigadores obtiveram informações cruciais do esquema ao grampearem o telefone de um dos líderes presos, Francesco Colletti.
Um joalheiro de 80 anos, velho conhecido da Justiça italiana, assumiu
em maio a liderança da Cosa Nostra, a conhecida máfia de Palermo
Colletti contou a seu motorista detalhes sobre a reunião da Cúpula, em 29 de maio. Descreveu o encontro como "bonito, muito sério, com pessoas do país, pessoas das antigas". O procurador de Palermo, Francesco Lo Voi, confirmou a jornalistas que conversas foram interceptadas e que o principal tema de discussão em maio havia sido "regras".
"A necessidade de restabelecer certas regras que a Cosa Nostra perdeu no meio do caminho, elas eram menos aplicadas por causa da desorganização geral do grupo", explicou Lo Voi.
"Nós deduzimos que era uma reunião da Cúpula porque membros importantes da Cosa Nostra não foram autorizados a participar. Essas pessoas, embora fossem chefes de famílias, foram mantidas de fora porque apenas líderes regionais poderiam participar", destacou o procurador.
A polícia não sabe onde ocorreu a reunião, mas a conversa de Colletti com o motorista implicou Mineo e outros na reestruturação do grupo. O mafioso teria celebrado a ressurreição da Cúpula, que deveria aprimorar o esquema de "tirania" de Toto Riina.
"Nós todos nos levantamos e nos beijamos", teria dito Colletti sobre o fim da reunião.
Mensagens codificadas
Membro da organização criminosa há tempos, Settimino Mineo foi preso nas investigações do juiz anti-máfia Giovanni Falcone, em 1984. Ficou preso durante cinco anos. Falcone foi assassinato na explosão de carro em 1992. No mesmo ano, o joalheiro escapou de uma emboscada que matou seu irmão Giuseppe, cerca de seis meses depois de outro irmão, Antonino, ser morto em frente à joalheria da família. Mineo voltou à cadeia em 2006 e passou mais onze anos atrás das grades.
Em março, a polícia prendeu 11 suspeitos de ajudar o mafioso sênior fugitivo Matteo Messina Denaro. Procurado por investigadores desde 1993. O criminoso de 56 anos também era cotado para suceder Toto Riina e o colega Bernardo Provenzano, também morto na cadeia. Como assassino de aluguel da Cosa Nostra, Denaro já foi sentenciado à prisão perpétua na Itália.
Nas últimas duas décadas, a polícia da Itália intensificou operações e apreensões com alvo em cúmplices de Denaro, em tentativa de isolar o aparente chefe.
Em 2015, os investigadores descobriram que Denaro havia abandonado métodos de comunicação eletrônicos e passado a dar ordens a seus homens pelos "pizzini" - pequenos pedaços de papel com mensagens codificadas. A mídia italiana destaca que Mineo foi eleito "chefe dos chefes" da máfia porque, diferentemente do aliado, não estava escondido.
A polícia da Itália intensificou operações e apreensões com alvo em cúmplices
de Denaro, em tentativa de isolar o aparente chefe (Fotos: Reprodução)
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Nova operação
Nesta quarta-feira, dezenas de pessoas foram presas na Itália, na Holanda, na Alemanha, na Bélgica e na América do Sul em uma operação contra membros da organização criminosa 'Ndrangheta. Os detidos são suspeitos de tráfico de cocaína, lavagem de dinheiro, suborno e crimes violentos. A polícia italiana informou, em comunicado, que prendeu 90 pessoas.
A nova operação tem como alvo famílias ligadas ao 'Ndrangheta, baseado na região da Calábria e um dos três principais grupos criminosos da Itália, ao lado da Camorra, de Nápoles, e da Cosa Nostra, da Sicília.
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