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21/04/2018

Professor usa fake news para ensinar ciência na escola em São Paulo

Foto: Reprodução

Alunos de Ourinhos (SP) estão levantando notícias de cunho duvidoso para serem analisadas com base em métodos científicos

Alvo de debate ao redor do mundo por seu possível impacto na democracia, as fake news - notícias inventadas geralmente com o objetivo de viralizar na internet e influenciar consumidores e eleitores - têm sido usadas em uma escola particular do interior paulista para ensinar pensamento crítico e pesquisa científica.

 
A iniciativa é do professor de ciências Estêvão Zilioli, de Ourinhos (a 360 km de São Paulo), que desenvolveu um curso semanal voluntário no contraturno para alunos do ensino médio. Os próprios estudantes buscam as notícias de cunho duvidoso para análise em sala de aula.

 

A ideia é que eles próprios se perguntem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser acreditada - e compartilhada?

 

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"Eles trazem as notícias das quais ficam desconfiados. Começamos com notícias de ciências e saúde, mas os alunos se interessaram também por notícias de entretenimento e política, por estarmos em um ano eleitoral", conta Zilioli à BBC Brasil.

 

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"O método de checagem é o mesmo para todas: buscar informações de fontes confiáveis. Estou falando de método científico, de busca de informações seguras que possam ser demonstradas, até para eles entenderem que não é simples provar as coisas."

 

A aula se centra em discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações online - buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos, periódicos científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo.

 

- Uma de que frutas ingeridas em jejum curam câncer, que os alunos perceberam que não tinha fontes seguras para garantir a afirmação do título;

 

- A de uma mãe que teria aplicado botox na filha pequena (os jovens foram atrás das imagens da mãe, que é participante de um reality show nos EUA, e estão tentando tirar suas próprias conclusões pelos vídeos);

 

- Uma do cientista Stephen Hawking, morto em março, falando sobre vida extraterrestre (os alunos descobriram que a notícia em si não era falsa, mas tinha um título exagerado);

 

- Uma de que o juiz Sergio Moro seria orador em cerimônia de universidade americana, a qual, apesar de ter algumas informações verdadeiras, trazia declarações falsamente atribuídas a um pesquisador da instituição;

 

- Uma sobre terraplanismo, difícil de ser analisada justamente por colocar em xeque premissas científicas.

 

As nuances das notícias têm sido úteis para os alunos entenderem a categorizá-las, diz Zilioli. "Vimos que há notícias falsas, mas também as que são baseadas em fatos verdadeiros, porém com títulos exagerados ou sensacionalistas", explica o professor, notando uma mudança no comportamento dos estudantes.

 

"Eles já estão mais treinados a ver o que é falso ou não do que recebem do grupo da família (no WhatsApp) e pensam duas vezes antes de acreditar. Antes, se uma matéria era compartilhada muitas vezes, eles achavam que necessariamente era real.

 

Agora, estão percebendo que esse critério numérico não vale. E mesmo que eles percebam logo de cara que a notícia é fake, têm de confirmar isso com a metodologia."

 

A ideia fez o professor ser selecionado para o projeto Inovadores, do Google, que o ajudou a idealizar um site - batizado pelos alunos de Ourinhos de HoaxBusters, ou Caça-boatos -, que terá uma espécie de "termômetro" para identificar o quanto cada notícia analisada tem de veracidade.

 

As aulas vêm ajudando a estudante Giovana Domiciano Sanches, 16, a identificar notícias falsas que circulam nos grupos virtuais nas e redes sociais.

 

"Algumas são notícias velhas - quando vamos checar as datas e horários, vemos que tem gente que posta links de 2013, por exemplo", conta Giovana à BBC Brasil.

 

"Pensando em como o mundo avançou, com os meios de comunicação e a eleição do (presidente americano Donald) Trump, é importante para a gente saber como verificar as informações e compartilhar só depois de ver o conteúdo na íntegra, não só pelas chamadas."

 

Alunos vão compilar notícias em um site - 'Hoax Busters', ou 'Caça-boatos' -

com um termômetro indicando o grau de veracidade.

( Foto: Reprodução ) 

 

Terra.com

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