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15/12/2017

PT vê ex-presidente Lula como puxador de votos, mesmo se for preso

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Partido discute nesta sexta-feira novo cenário eleitoral em reunião do diretório nacional

Preocupado com o impacto que uma condenação em segunda instância possa ter sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o desempenho do partido nas eleições para o Congresso e governos estaduais em 2018, o PT começa a decidir nesta sexta-feira a sua nova estratégia.

 

Os planos são decorrentes da decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de marcar o julgamento do líder petista para o dia 24 de janeiro.

 

Durante a reunião do diretório nacional do partido, em um hotel de São Paulo, os dirigentes vão decidir como se mobilizarão para levar um grande número de simpatizantes a Porto Alegre, onde fica TRF-4. A pretensão é fazer o maior de ato de apoio em favor de Lula desde que ele foi alvo de condução coercitiva, em março de 2016. Mesmo sem poder participar do julgamento, existe a possibilidade de Lula ir à capital gaúcha para participar de manifestações em frente ao tribunal.

 

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A marcação da data do julgamento pelo TRF-4 na terça-feira mudou totalmente a pauta do encontro petista. Uma parte da reunião será ocupada pelos advogados do ex-presidente e juristas ligados ao partido, que farão uma explanação sobre os caminhos jurídicos para manter a candidatura de Lula, mesmo caso o TRF-4 confirme a condenação de nove anos e seis meses de prisão imposta pelo juiz Sergio Moro.

 

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No encontro, serão lançados o projeto de criação de “comitês populares” em defesa da candidatura do ex-presidente. A ideia é montar pontos de apoio ao petista pelo país em cidades do país. Esses comitês também ficarão encarregados de preparar caravanas para Porto Alegre. Os petistas também querem atrair para esse movimento integrantes de movimentos populares.

 

— Para Porto Alegre, vai ser uma mobilização muito maior do que a do primeiro depoimento em Curitiba (em maio deste ano) — afirma o secretário de comunicação do PT, Carlos Árabe.

 

Na reunião de hoje, o próprio Lula também deve discursar, e o partido pode preparar um documento em defesa do seu principal líder para ser divulgado no encerramento do encontro.

 

Uma das preocupações no partido é que a antecipação do julgamento no TRF-4 possa dificultar ainda mais a busca por alianças. Virtuais aliados teriam receio de embarcar em uma candidatura que pode ser impugnada. Mesmo partidos historicamente próximos como o PCdoB não estariam dispostos a se juntar a uma batalha jurídica, avaliada como suicida, para manter Lula na cabeça de chapa.

 

No PSB, principal alvo do PT no momento, a marcação do julgamento para o dia 24 de janeiro criou mais empecilhos para um acordo.

 

— O Lula não vai conseguir disputar a eleição. Não acredito que ele vá se arriscar a disputar com a chapa impugnada — diz um líder do PSB.

 

Nos estados, o problema deve ser ainda maior. Depois da candidatura de Lula, a prioridade do PT é a eleição para a Câmara. A distribuição do fundo partidário, do fundo eleitoral e do tempo de TV leva em conta o número de deputados federais. Atualmente, o PT é a segunda maior bancada da Câmara, com 57 deputados.

 

A popularidade de Lula, principalmente no Nordeste, é um forte atrativo para a composição de chapas. Alguns parlamentares petistas dependem de apoio de governadores de outras legendas para terem chances eleitorais. Se Lula ficar fora da disputa, todo poder de atração dos petistas se desintegra.

 

Nas eleições do ano passado, feitas após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PT sofreu sua maior derrota desde que assumiu o comando do país com o ex-presidente Lula em 2003. O partido virou o décimo em quantidade de prefeituras, com 256, perdendo o comando de 374 cidades. Em 2012, o partido terminou a disputa municipal em terceiro, com 630. Assim, o PT, que chegou a ter 27 milhões de eleitores sob sua administração há cinco anos, viu sua influência direta ser reduzida para cerca de 4 milhões.

 

Independentemente de coligações partidárias, no entanto, políticos, pretendem apoiar Lula, mesmo com sua candidatura contestada na Justiça, de olho na sua popularidade. O ex-presidente lidera as pesquisas de intenção de voto.

 

— Eu apoio o Lula pelo que ele significou como presidente, pelos resultados obtidos. Ele vai ter muitas oportunidades para reverter eventual condenação antes do trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos). Não há provas contra ele — disse o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que disputará a reeleição.

 

O PT aposta no aumento da pressão política para tentar influenciar as decisões judiciais. Na avaliação de petistas, quanto mais perto da eleição o ex-presidente for eventualmente impedido de concorrer, mais capacidade de transferência de votos ele terá. O PT esperava que Lula conseguisse, pelo menos, registrar sua candidatura antes de eventual confirmação da condenação pela segunda instância, o que o tornaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

 

Apesar da marcação do julgamento para antes do previsto, o PT insiste na estratégia de esticar a corda e manter a candidatura de Lula. Ainda que o ex-presidente tenha a condenação confirmada pelo TRF-4 e não consiga uma liminar que regularize sua candidatura numa instância superior — Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou Supremo Tribunal Federal (STF) —, nada o impede de pedir o registro de sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E, caso o TSE indefira o pedido, o ex-presidente pode recorrer. Enquanto isso, permanece em campanha.

 

— O Lula é puxador de voto mesmo preso — diz uma liderança petista.

 

O Globo

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