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28/06/2018

Restos de primata misterioso são achados em tumba milenar na China

Foto: Reprodução

Animal viveu há dois mil anos e provavelmente foi extinto por causa da ação humana

Uma espécie de macaco até então desconhecida da ciência foi descoberta entre oferendas enterradas numa antiga tumba chinesa.

 

A identificação do parente do gibão, já extinto, foi feita por meio da análise de partes de um crânio encontradas, junto com restos de outros animais, no túmulo da Senhora Xia, avó de Qin Shihuang, o primeiro imperador da China unificada.

 

A estimativa é que o animal tenha vivido entre 2.200 e 2.300 anos atrás.

 

Hoje, muitos primatas estão ameaçados de desaparecer, mas a ciência desconhece casos de extinção provocada diretamente pela atividade humana. O novo gibão chinês, batizado como Junzi imperialis, pode ser o primeiro.

 

— Todos os primatas do mundo — chimpanzés, gorilas, orangotangos e gibões — estão ameaçados de extinção por causa da atividade humana, mas nenhuma espécie conhecida se tornou extinta como resultado da caça ou perda de habitat — apontou Samuel Turvey, pesquisador da Sociedade Zoológica de Londres e autor do estudo publicado nesta quinta-feira na revista “Science”, em entrevista à BBC. — Entretanto, a descoberta do recentemente extinto Junzi muda isso, e destaca a vulnerabilidade dos gibões em particular.

 

A descoberta aconteceu por acaso, durante uma visita de Turvey, um conservacionista especializado em gibões, a um museu chinês onde o crânio do primata estava exposto. Ao observar a peça, percebeu imediatamente características incomuns aos animais desta família. O formato da cabeça não era parecido com nenhum animal moderno que ele conhecia.

 

Intrigado, Turvey decidiu estudar o crânio e descobriu se tratar de uma nova espécie. Como os gibões eram vistos como símbolos de funcionários acadêmicos na China antiga, o pesquisador resolveu batizar o animal como Junzi, que significa “senhor erudito” em chinês.

 

Risco de extinção de espécies atuais

 

Existem hoje quatro gêneros de gibões vivendo na Ásia, incluindo o Nomascus hainanus, considerado um dos mamíferos mais ameaçados de extinção. Estimativas recentes indicam que existem menos de 30 exemplares vivendo nas florestas tropicais da ilha Hainan, no sul da China. Em comparação com os gibões vivos, o Junzi tem a face relativamente plana e menor, com caninos particularmente longos para o tamanho do animal.

 


Filhote de gibão de mãos brancas no zoológico Schoenbrunn,

em Viena (Foto: Reprodução)


Os pesquisadores não conseguiram realizar uma análise de DNA, mas usando escaneamento digital eles compararam o formato do crânio descoberto com centenas de outros animais da Ásia e em coleções na Alemanha e na Inglaterra.

 

— Este se destaca como algo realmente diferente, definitivamente separado como gênero — explicou James Hansford, pesquisador do laboratório de Turvey, em entrevista ao “New York Times”.

Possível animal de estimação

Como os gibões simbolizavam o conhecimento, eles eram mantidos como animais de estimação das famílias nobres. É provável que o animal tenha sido da Senhora Xia, o que explicaria a sua presença na tumba. Susan Cheyne, especialista em primatas da Universidade Oxford Brookes, destaca que nenhum outro gibão já foi encontrado em túmulos e mesmo a descoberta de ossos e registros fósseis são raros, porque o ambiente de floresta tropical tende a degradar os tecidos rapidamente.

 

Segundo a especialista, é provável que o gibão tenha sido capturado quando filhote, talvez após a mãe ter sido morta, “impactando a estrutura social de todo o grupo, que talvez não sobreviva à perda de um adulto. Então, qualquer indivíduo sendo mantido como animal de estimação certamente representa uma grande perda para os indivíduos na natureza”.

 

Dessa forma, ressaltou Susan, a presença do gibão na tumba, indicando se tratar de uma animal de estimação, indica que a ação humana teve influência na extinção da espécie. Para Joanna Setchell, professora de Antropologia na Universidade Durham, a descoberta serve de alerta para a proteção das espécies atuais.

 

— A mensagem mais ampla é que talvez tenhamos subestimado o número de extinções de primatas causadas por humanos no passado — afirmou a especialista. — Entender as extinções do passado vai nos ajudar a prever quão vulneráveis são as espécies atuais e, portanto, nos ajudar a protegê-las com mais eficiência.

 

O Globo 

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