20 de Abril de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Política
21/01/2017

Rumo da Lava-Jato deve ser decidido por sorteio do relator entre atuais ministros do STF

Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Temer quer esperar a escolha da Corte para depois indicar novo ministro

O presidente Michel Temer quer indicar o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) somente após a Corte definir o que ocorrerá com o processo da Lava-Jato.

 

A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, sinalizou que pode realizar o sorteio do relator entre os atuais ministros, para substituir Teori Zavascki, morto na quinta-feira. Ela pretende conversar reservadamente com colegas do tribunal na próxima semana sobre o futuro da operação no Supremo.

 

Veja também

Ministro do STF Teori Zavascki estaria no avião que caiu em Paraty

 

Com isso, Temer não teria mais que indicar alguém que já assumiria com essa função e, portanto, teria mais liberdade para fazer a escolha — evitando as acusações de que estaria tentando frear a Lava-Jato. Ainda assim, um de seus auxiliares ressalva que isso não dá a Temer a possibilidade de indicar um ministro que tenha posição contrária às investigações. Como o presidente é advogado e professor de Direito, a decisão do novo ministro deve ser centralizada pessoalmente por ele.

 

— O STF já sinalizou que vai definir o novo relator. Para o governo, essa sinalização é boa. O presidente Temer só vai decidir um novo ministro depois que houver um relator — diz um auxiliar de Michel Temer.

 

A escolha terá um formato diferente do que ocorreu nos governos dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Nestas gestões, os ministros da Justiça e da Advocacia-Geral da União tinham papéis fundamentais na escolha, realizando conversas prévias com possíveis indicados. No caso de Temer, a decisão deve ocorrer de forma centralizada pelo próprio presidente. O amplo trânsito entre juristas, porém, tem como consequência uma pressão do meio jurídico, com representantes de diferentes tendências tentando emplacar um magistrado alinhado a suas teses. A ideia é fazer uma escolha rápida, logo após o Supremo definir o novo relator da Lava-Jato.

 

Na sexta-feira (20), ainda sem agenda oficial, o presidente recebeu no Planalto duas pessoas do mundo jurídico: Ellen Gracie, ministra do STF de 2000 a 2011, e Grace Mendonça, advogada-geral da União. Temer tem entre seus interlocutores frequentes ex-ministros da Corte, como Nelson Jobim e Carlos Ayres Britto. Um assessor do presidente observa que justamente por ter muitos amigos e conhecidos na área, Temer terá de “escolher” quais telefonemas atender para falar sobre o tema. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), já há movimentação de ministros de olho na cadeira do Supremo.

 

Ministros cogitam mudanças

 

No Supremo, a morte de Teori deu início a um jogo de estratégia. Ministros cogitam mudanças internas na Corte para impedir que o substituto da vaga, a ser escolhido por Temer, seja o relator dos processos da Lava-Jato. Pelo Regimento Interno do tribunal, os processos precisam ficar na Segunda Turma, integrada por cinco ministros. Um deles era Teori. A ideia para neutralizar o novato seria transferir um ministro da Primeira para a Segunda Turma. Com isso, o indicado de Temer ficaria na Primeira Turma, que não julga a Lava-Jato.

 

Marinha retira do mar o avião que caiu com o ministro Teori Zavascki

(Foto: Bruno Kelly / Reuters)


A definição deverá sair antes do dia 8 de fevereiro, quando o tribunal julgará duas reclamações, uma do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cunha quer responder às acusações em liberdade. Lula pediu novamente que processos contra ele sejam conduzidos pelo STF e saiam das mãos do juiz Sérgio Moro, da primeira instância. Será o primeiro julgamento na Lava-Jato depois da morte de Teori.

 

Atualmente, compõem a Segunda Turma os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Celso de Mello. Se a proposta vingar, um dos integrantes da Primeira Turma completaria o colegiado. As opções são Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Luiz Fux, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. A presidente, Cármen Lúcia, não integra nenhuma das turmas.

 

Para um ministro mudar de turma, é preciso um entendimento entre os integrantes da Corte, e a anuência final da presidente. Feita a transferência, a Lava-Jato seria sorteada entre os cinco integrantes da Segunda Turma. A manobra serviria apenas para a operação. Os demais processos que compõem o acervo de Teori seriam transferidos para a relatoria do ministro que Temer indicar.


Até o dia 31 de janeiro, último dia do recesso no STF, as decisões mais urgentes sobre a Lava-Jato e os demais processos do tribunal ficam a cargo da presidente, que atua neste mês em regime de plantão. A partir do dia 1º, será necessário definir a quem caberiam as decisões urgentes, até que fique definida a relatoria definitiva da Lava-Jato. Segundo o regimento, o revisor do processo tem essa função. Nos casos com foro no plenário, essa tarefa é de Luís Roberto Barroso. Na Segunda Turma, o revisor é Celso de Mello.

 

Apesar de saber o peso que terá sua decisão, a ministra Cármen Lúcia não tem pressa para sacramentar quem será o novo relator da Lava-Jato. Com o enterro de Teori, de quem era muito próxima, marcado para hoje, ela ainda pretende aguardar alguns dias antes de começar as tratativas.

 

Ministro Teori Zavascki no plenário do STF: entrevista para o projeto “História

Oral do Supremo” (Foto: Ailton de Freitas)

 

Ego

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.