Lúcio Carril é sociólogo e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
*Por Lúcio Carril - O ataque de Paulo Guedes à Zona Franca de Manaus não é um caso isolado, mas parte da conduta de governo arquitetada no preconceito e na discriminação.
O não reconhecimento das diferenças regionais é uma matriz ideológica dimensionada no globo onde se inclui a homofobia, o racismo e a misoginia.
O governo do misantropo Bolsonaro está reproduzindo sua conduta e suas bandeiras de campanha. Não há nada de novo ou que possa provocar espanto, assim como não é novidade a desfaçatez do empresariado local que o apoiou e agora protesta, passivamente, contra a fala do atabalhoado ministro da Economia.
Tenho visto manifestações incisivas, também, dos ignorantes que o apoiaram, dizendo que a Zona Franca já tinha acabado ou é desnecessária para o Amazonas e para a Amazônia.
É óbvio que se trata de mais uma pérola de quem não sabe a diferença entre valor e preço.
Qualquer imberbe com o mínimo de sensibilidade para olhar o mundo sabe que modelos econômicos não são substituídos na tora ou descartados como papel higiênico.
Mas o que há por trás de tudo e de todos que continuam defendendo o reacionarismo desse governo são os piores valores morais, erigidos na discriminação social e na sua vertente geográfica, a valorização de umas regiões do capital em detrimento de outras.
O preconceito contra o Norte e o Nordeste continuará se manifestando nas suas formas mais cruéis nesse governo. Foi dito na campanha. Não tem nada de novo.
*Lúcio Carril é sociólogo e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.