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12/11/2018

Spike Lee: 'O fascismo usa o medo. Não é só Trump, Bolsonaro é igualmente ruim'

Foto: Reprodução

O cineasta norte-americano, que apresenta no Festival dos Cabos ‘Infiltrado no KKKlan

Spike Lee evita mencionar o nome de Donald Trump, prefere chamá-lo de “agente laranja” ou, algumas vezes, de “filho da puta”. “Na minha cabeça soa melhor assim”, afirma, enquanto ri. É um ferrenho opositor das políticas do presidente americano, um duro ativista que costuma usar o nome da arma química utilizada pelos EUA na Guerra do Vietnã para se referir a Trump.


Lee responde de forma direta e contundente: “É um racista”. Suas frases, marcantes e concisas, brilham no quarto do resort de luxo no qual recebe a imprensa. Vestido com tênis, boné e jaqueta prateada, o cineasta olha fixamente através de seus grandes óculos azuis antes de continuar falando: “Você não o ouviu dizer que os mexicanos são uns violadores, assassinos e narcotraficantes?”, conta ao EL PAÍS no festival de cinema de Los Cabos, no México.


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Suas palavras soam ainda mais contundentes em território mexicano e não muito longe da fronteira que Donald Trump se empenha em fortificar. Tijuana, que fica a norte de Los Cabos e faz fronteira com os EUA, será a porta de entrada da caravana migrante que tanto enfurece o presidente americano. “Que Deus os abençoe, vocês não estão fazendo nada de errado”, afirma Lee.


Ele lança dardos envenenados contra o presidente americano e lhe faltam adjetivos para definir sua política migratória. “Separar as mães de seus filhos é algo diabólico, uma barbárie”, assinala, concentrando sua esperança em que isso não ocorra depois da iminente chegada dos mais de 6.000 centro-americanos que se dirigem para o posto fronteiriço de Tijuana. “Só tentam ter uma vida melhor e estão fazendo um grande sacrifício para conseguir”, recorda Lee.


Mas sua cruzada não é dirigida apenas contra Trump, ela se estende por todo o planeta: “Não é só o agente laranja, o do Brasil [o presidente eleito Jair Bolsonaro] é igualmente ruim. Ocorre em nível global. Temos de combater essas pessoas”. A vitória de Jair Bolsonaro e o avanço de partidos populistas na Europa o levam a ficar em alerta para a chegada de velhos fantasmas do passado. “Usam o medo das pessoas. Isso não é novo, é a forma como o fascismo costuma jogar”, sustenta o cineasta.


De fato, seu último filme esconde uma mensagem para os racistas do mundo e em especial para o republicano Donald Trump. Infiltrado na Klan, exibido pela primeira vez no México durante o Festival de Los Cabos, conta a incursão de um agente negro em um grupo supremacista branco dos Estados Unidos nos anos setenta.

 

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Uma história baseada em fatos reais que, embora viaje 40 anos no tempo, está perfeitamente relacionada com o que ocorreu em Charlottesville, no Estado de Virgínia, em 2017. Naquela ocasião, uma pessoa morreu e 19 ficaram feridas quando um carro avançou contra uma multidão que protestava contra uma manifestação de supremacistas brancos que era realizada na cidade. No filme, Lee deixa em evidência o atual presidente ao incluir as declarações que Trump fez após as manifestações em Charlottesville. Em declarações à imprensa, o presidente não quis mencionar o racismo nem condenar o supremacismo, limitando-se a condenar “a violência de muitas partes”.


“Em 2020 [com as eleições presidenciais nos EUA] haverá um referendo sobre para onde queremos que caminhe nosso país”, destaca o cineasta. “Teremos de escolher entre o ódio e o amor. Aí se verá a alma dos Estados Unidos.”


Spike Lee sabe claramente de que lado está nas batalhas. Responde sempre alto e forte e nunca deixa dúvida com suas palavras. Não hesita quando ele mesmo se pergunta se torce pelo Real Madrid ou pelo Barcelona. Afirma contundente que seu time é o Barça. Também não titubeia quando diz ser partidário da independência catalã. “Sí, sí, sí”, responde, com insistência e em espanhol, durante a entrevista.

 

El País

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