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28/05/2017

Terror leva novo método ao extremo ao atacar crianças em Manchester

Foto: Foto: AFP PHOTO / Lindsey Parnaby

Para o Estado Islâmico, as crianças são ‘vítimas legítimas’

O atentado de Manchester, que resultou na morte de 22 pessoas e em mais de 60 feridos, é o exemplo nítido da nova doutrina do terrorismo internacional.

 

Teorizada por Abu Mussab al-Suri, dito “O Sírio”, a estratégia da jihad global foi idealizada nos anos 2000 pelo então membro da Al-Qaeda, e mais tarde adotada pelo grupo jihadista Estado Islâmico.

 

Seu objetivo é espalhar o terror e o clima de guerra civil na Europa por meio de ataques frequentes contra os chamados “alvos moles”, que incluem mulheres, crianças e adolescentes, “vítimas legítimas” da violência.

 

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Depois de atacar alvos militares, policiais ou institucionais, ou ainda personalidades políticas, terroristas miram cada vez mais alvos civis e simbólicos do estilo de vida da sociedade ocidental, como o show da cantora pop americana Ariana Grande na Manchester Arena, na segunda-feira 22. Na raiz dessa mudança de “filosofia” está uma transformação na ideologia terrorista.

 

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Nos anos 1970, 1980 e 1990, a “luta” se dava entre capitalismo e socialismo ou entre movimentos nacionalistas contra Estados centrais – como na Espanha ou na Irlanda.

 

Pouco a pouco, essas causas políticas perderam espaço e a estratégia terrorista passou a ser mais empregada por movimentos extremistas islâmicos.

 

 

Para o islamólogo francês Gilles Kepel, membro do Instituto Universitário da França e um dos pesquisadores mais importantes da área, a adoção da doutrina veio a partir da publicação de um livro de 1,5 mil páginas, Apelo à Resistência Islâmica Mundial, escrito por Al-Suri.

 

A obra do extremista, que chegou até a ser vendida em livrarias, caiu na internet e pode ser baixada com facilidade.

 

Foi o sírio naturalizado espanhol que defendeu a ideia do “jihadismo global” e a mobilização de células terroristas clandestinas e independentes, ou seja, sem vínculos diretos com um centro de comando – o que o jihadista chama de “nizam la tanzim”, ou “um sistema, e não uma organização”.

 

 

Al-Suri também teorizou que um “clima de guerra civil” na Europa levaria à mobilização de muçulmanos do continente a agir contra seus próprios países e compatriotas – contra todo tipo de alvo, e não apenas instituições e servidores públicos.

 

“O inimigo é forte e poderoso, nós somos fracos e pobres. A guerra será longa. Nossa única via é a da jihad revolucionária em nome de Alá”, afirmou o terrorista.

 

No texto, Al-Suri também discorre sobre os alvos do terrorismo islamista. Entre as prioridades estão judeus e muçulmanos “infiéis” e, claro, ocidentais, em especial europeus, e não americanos, como pregava Osama bin Laden.

 

Para atingi-los, o terrorista prega ações contra eventos esportivos – a exemplo do jogo entre França e Alemanha em Saint-Denis em 13 de novembro de 2015 – e manifestações da vida ocidental.

 

Por isso, atentados contra casas de shows, como o Bataclan, em Paris, e a Manchester Arena, bares e restaurantes ou reuniões públicas. Nesses locais, toda pessoa é alvo, mesmo que sejam mulheres, crianças ou adolescentes.

 

“Houve uma grande mudança na lógica terrorista, em especial depois de Al-Suri”, explica Bernard Thellier, psicólogo, ex-negociador-chefe do Grupo de Intervenção da Polícia Militar Nacional (GIGN), a Swat francesa, autor de livros sobre o terrorismo e professor da Universidade Panthéon-Assas, de Paris.

 

“Nós chamamos esses alvos do terrorismo islâmico de ‘alvos moles’, que não podem se defender. Os grupos terroristas sabem que atingi-los terá um impacto sobre a população civil, que reagirá com medo, terror e divisão e luta entre comunidades”, afirmou.

 

François-Bernard Huyghe, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris) e autor de “Terrorismos – Violência e Propaganda” (em tradução livre), diz ainda que grupos jihadistas e teóricos da guerra santa discutem a “legitimidade das vítimas” para deliberar o que seria um “inocente”. Para Huyghe, o EI estabeleceu um novo padrão de violência.

 

Fotos: Reprodução 

 

“Atirar em jovens que saem de um concerto de música em Manchester é um símbolo. São pessoas que estão se divertindo, ouvindo música, que são ‘culpadas’ e logo alvos permitidos”, diz o pesquisador.

 

“Houve um alargamento doutrinal da categoria de vítimas ‘legítimas’. Nunca ninguém ultrapassou o Estado Islâmico em ferocidade.”

 

Estadão 

 

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