19 de Abril de 2024 - Ano 10
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09/10/2015

Vizinho ouve mulher acusar policial de participação na chacina de SP e denuncia

Foto: Reprodução / Internet

Mulher identificou o marido pelas imagens mostradas pela TV e durante briga acabou revelando isso

 Uma briga de casal em Osasco, na Grande São Paulo, despertou o interesse de um vizinho, que registrou os detalhes da confusão ao lado.  A mulher, aos gritos, xingava o marido, um policial militar conhecido no bairro. Ela o havia identificado, a partir das roupas, nas imagens divulgadas na TV desde o dia 13 de agosto como um dos executores daquela que seria a maior chacina do ano no Estado de São Paulo.

 

As informações, repassadas à própria polícia pelo indiscreto ouvinte, que se transformou em uma testemunha protegida da investigação, ajudaram a prender nesta quinta-feira (8) os PMs suspeitos de envolvimento nos assassinatos em série, realizados há quase dois meses.  Foram presos pela suspeita de participar da chacina sete policias militares (dois deles em flagrante por porte ilegal de armas) e um guarda civil de Barueri (Grande SP).

 

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) também confirmou que os crimes, uma vingança aos assassinatos de um PM e um guarda civil na região de Osasco, começaram a ser executados dias antes, e não em 13 de agosto, quando foram mortas 19 pessoas.  Conforme a Folha revelou há duas semanas, a força¬tarefa –formada pela Corregedoria da PM e pela Polícia Civil– que investiga a chacina trabalhava com a hipótese de que um mesmo grupo matou um total de 32 pessoas.

 

As mortes ocorreram em municípios da região metropolitana como Osasco, Barueri, Carapicuíba, Itapevi e Santana do Parnaíba.  Segundo o secretário de Segurança Pública do governo paulista, Alexandre de Moraes, os PMs queriam vingança e mataram 23 inocentes – ele disse que a força-tarefa ainda está investigando se o número de mortos chega a 32.  "Não temos dúvida de que a motivação dessas mortes foi uma junção de vingança da morte do policial e do guarda municipal. Nenhuma das 23 vítimas tinha qualquer relação [com o caso]", afirmou.

 

O corregedor da PM, Levi Félix, disse que ainda não é possível precisar quantos agentes de segurança do Estado participaram dos crimes.  "Não há prova determinante da participação de qualquer um desses suspeitos. Os indícios decorrem de uma análise conjuntural. Cada mínimo detalhe, cada contradição, detalhe do álibi que não foi confirmado, serviu para convicção", disse Félix.

 

Até as prisões desta quinta, a investigação da chacina foi marcada por divisões internas entre as polícias Civil e Militar e pela ausência de provas contundentes que levassem aos autores do crime.

 

Contando com o soldado da Rota Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, detido desde agosto, são nove os agentes de segurança presos pela suspeita de realizar a chacina. Como o processo está em sigilo, não foram divulgados os nomes dos PMs, o que impossibilitou localizar os respectivos advogados.

 

A mulher de um dos presos, localizada pela Folha, disse que a polícia estava fazendo o seu trabalho: "Não há o que falar, não foi meu marido. Infelizmente ele trabalhava no local onde aconteceram aquelas coisas".

 

Ao todo, foram autorizados pela Justiça Militar e pela Justiça Comum de Osasco o cumprimento de 28 mandados de busca e apreensão em 36 pontos diferentes da Grande SP. Além de armas, foram apreendidos capacetes e celulares.

 

Nesta quinta¬feira, também foram presos três outros PMs acusados de alterar a cena de uma chacina em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em 19 de setembro, que deixou quatro jovens mortos. Eles foram assassinados de madrugada na porta da pizzaria onde trabalhavam.

Só um dos detido estava na lista de suspeitos

 

Das oito pessoas presas pela força-tarefa sob suspeita de participação na chacina de agosto nesta quinta – seis por determinação da Justiça e duas em flagrante –, apenas uma estava na lista dos 19 suspeitos apresentada pela Corregedoria da PM ainda em agosto.  O único policial que figurava naquela lista, segundo a Folha apurou, é o sargento Edilson Camargo Sant'Ana, colega de trabalho do policial morto em um assalto em Osasco, no dia 7 de agosto, um dia antes do início da série de mortes. Sua mulher, localizada pela reportagem, disse que o marido é vítima de uma série de "mentiras".

 

Ficaram de fora das buscas realizadas nesta quinta os sete policiais de Osasco que foram a um bar na noite do crime e, segundo a própria PM dizia, poderiam ter ido comemorar as mortes ocorridas no dia 13.

 

Segundo o corregedor da PM, coronel Levi Anastácio Félix, que também participou do anúncio das prisões dos policiais nesta quinta, nada foi provado contra eles e seus comandantes.  Todos os 19 suspeitos – 18 PMs e um segurança particular – foram alvos de busca e apreensão numa ação isolada da PM que atropelou a força-tarefa liderada pela Polícia Civil.

 

A diretora do DHPP (divisão de homicídios), Elisabete Sato, admitiu, ao lado de Félix, que essa ação casou mal-estar entre as instituições. "Na época, fiquei um pouco estressada. Depois, nós conversamos bastante e, hoje, não existe rusga".

 

Fonte: Folha

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