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26/02/2020

'Não sou masoquista, mas todo dia penso no meu filho com saudade', diz Lucinha Araújo

Foto: Reprodução

Apoiadora do Bloco Exagerado, que sai pelo quinto ano consecutivo neste Carnaval, Lucinha é simpatizante da folia. E fala com exclusividade ao site, sobre o legado de Cazuza e políticas públicas de saúde para a Aids.

 

"Venho acompanhando a redução que o Programa de Aids Brasileiro vem sofrendo e o consequente aumento de novos casos de contaminação”


Em seu quinto desfile, acontecendo no próximo 23 de fevereiro, na Praça Tiradentes, Centro do Rio, o Bloco Exagerado promete fazer um Carnaval para lá de emblemático, já que este ano, o primeiro álbum solo de Cazuza, que dá nome ao bloco, completa 35 anos.

 

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Com concentração agendada para 12h, além de “Exagerado”, o hit, o repertório do bloco vai contar com mais 30 canções imortalizadas na voz do poeta.


Helton Alves, responsável pelos vocais, conta que o grupo elegeu cada música por um motivo especial. “Por exemplo, “O nosso amor a gente inventa” é Carnaval purinho, desde o título da canção. E vamos fazê-la em uma versão “ijefunk”, uma mistura e ijexá com funk, obra do Felipe Bruno, nosso mestre de bateria”, revela.

 

“Já a canção“Só se for a dois” chega ao som do reggae, como um pedido de socorro que segue reverberando, porque há 30 anos Cazuza escreveu que “viver a liberdade e amar de verdade, só se for a dois”.

 

E “Ponto fraco” é um pedido antigo dos fãs e sempre foi uma vontade nossa, agora conseguimos finalizá-la em uma versão em “voltmix”, funk anos 1990”, adianta, sobre a apresentação.

 

 

Para além das dificuldades, sobram alegria e apoio para o bloco, que por conta da redução do investimento público no Carnaval carioca, contou com a colaboração dos fãs através de “vaquinha”, e também realiza venda de camisetas oficiais.

 

Mas a maior bênção de todas, vem de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Em entrevista exclusiva ao site, Lucinha fala da sua relação com o grupo, com o Carnaval, de políticas públicas de tratamento e prevenção da Aids, e do legado e da saudade que sente do filho.

 

Como é sua relação com os organizadores? Eles a consultam sobre o repertório? “Gosto muito do trabalho do Bloco Exagerado, e considero um grande achado as músicas serem tocadas em ritmo de samba.

 

Dou a maior força, mas não me meto e nem participo da organização e seleção de repertório. Acho que todas as escolhas são boas uma vez que trabalham com a obra do Cazuza”, garante.

 

Pretende acompanhar o desfile? “As apresentações que serão antes, pretendo assistir, mas não estarei no Rio de Janeiro no Carnaval. Adoro a festa, já saí em várias escolas de samba”.

 

 

Se considera exagerada? “Caetano Veloso costuma dizer que a verdadeira exagerada sou eu, só que vivi numa época de hábitos diferentes num Brasil onde as mulheres tinham menor protagonismo”.

 

São 30 anos sem Cazuza por aqui. É possível conviver com a saudade ou tenta não pensar muito nela na rotina? “Não sou masoquista, mas todo dia penso no meu filho, com saudade. Mantenho viva sua memória através da Sociedade Viva Cazuza que sobrevive de seus direitos autorais, direitos de imagem e da marca registrada Cazuza”, revela.

 

 

Qual foi o maior legado do seu filho, além da criação artística? “Foi a coragem em assumir publicamente a doença, deixando assim um exemplo para milhões de soropositivos mostrarem a sua cara. Essa atitude de Cazuza foi de grande importância no combate ao preconceito e para a criação de uma política pública de saúde respeitada internacionalmente na década de 90”.

 

Lucinha Araújo, que é fundadora e diretora da Sociedade Viva Cazuza, comentou trechos da fala de Jair Bolsonaro sobre pessoas portadoras do vírus HVI. Como viu essa manifestação?

 

“Foi com grande pesar que li a declaração do presidente que além de refletir um pensamento preconceituoso distorce o dever do Estado que é cuidar da saúde e da educação de toda sua população, sem distinção. Ao mesmo tempo venho acompanhando a redução que o Programa de Aids Brasileiro vem sofrendo e o consequente aumento de novos casos de contaminação”.

 

 

E aproveita para falar das atividades da Sociedade Viva Cazuza, que dá assistência a crianças e adolescentes carentes, desde 1990. “Ela está passando por um momento difícil como todo o país. Apesar do número de transmissão mãe-filho ter diminuído, o Brasil vem apresentando um aumento nos novos casos de contaminação pelo HIV, na contramão de outros países. No Brasil, as verbas para prevenção e assistência ao HIV diminuem dia após dia, e a Aids saiu de “moda”, o que faz com que ela não tenha mais espaço na imprensa”, aponta.

 

“A Viva Cazuza hoje mantém dois projetos prioritários que são: A casa de Apoio que é um abrigo para crianças HIV positivas e afetadas pelo HIV, com capacidade para até 20 crianças, em regime de internato, e um Projeto de Adesão ao Tratamento que atende socialmente 160 pacientes por mês com carência socioeconômica comprovada e em tratamento na rede pública de saúde”.

 

Se Cazuza ainda estivesse por aqui hoje, sobre o que ele estaria cantando? “Certamente sobre o país dele. Ele sempre foi um homem político e foi um porta-voz de sua geração expressando em música e letra seus pensamentos”, observa Lucinha, e completa: “A obra de Cazuza mantém sua atualidade. Infelizmente o Brasil ainda sofre das mesmas mazelas”.

 

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Fotos: Reprodução

 

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