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20/09/2019

Ação da PF no Senado irrita aliados e põe em xeque articulação do governo Bolsonaro

Foto: Pedro Ladeira / Folhapress

PF faz operação de busca e apreensão no gabinete da liderança do governo no Senado, cargo ocupado por Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

 A operação da Polícia Federal na manhã de quinta-feira (19) pôs em xeque o principal articulador do governo Jair Bolsonaro no Senado, irritou aliados e deixou o Palácio do Planalto preocupado com o andamento da agenda que conduz no Congresso.

 

O alvo da PF, que acumula atritos com Bolsonaro nos últimos meses, foi o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo na Casa e que deixou seu cargo à disposição do presidente. PF faz operação de busca e apreensão no gabinete da liderança do governo no Senado, cargo ocupado por Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) - Pedro Ladeira/Folhapress As buscas e apreensões em endereços ligados a Bezerra e ao deputado Fernando Filho (DEM-PE), filho dele, em Brasília e Pernambuco, foram autorizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). A decisão é de 9 de setembro e atende a um pedido da PF.

 

A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestou contrária à ação contra o senador. Sergio Moro, titular do Ministério da Justiça, pasta à qual está subordinada a PF, foi ao Palácio da Alvorada à tarde conversar com Bolsonaro.

 

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A Polícia Federal vive uma crise desde que o presidente ameaçou demitir o diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo. A situação criada nesta quinta gera uma nova crise num momento delicado para o governo no Senado. Além da reforma da Previdência, está nas mãos dos senadores a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, como embaixador do Brasil em Washington.

 

O governo também pode ficar sem um articulador importante para evitar a derrubada de vetos presidenciais à lei de abuso de autoridade. A principal reação política ao longo do dia foi do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que criticou a operação e disse que vai questionar oficialmente o STF.

 

Há um entendimento no Supremo Tribunal Federal que a operação realizada precisa ter conexão com o mandato. A determinação de um ministro do STF de entrar no gabinete da liderança do governo no Senado... A liderança é um espaço do governo federal. Só que em 2012 e 2014, período a que a operação se refere, Fernando Bezerra não era senador, muito menos líder do governo”, disse Alcolumbre. As declarações foram dadas no evento “E agora, Brasil?”, organizado pelos jornais O Globo e Valor Econômico.

 

O presidente do Senado disse que vai defender a Casa como instituição e citou seu esforço para garantir que não haja uma crise institucional entre Legislativo e Judiciário. Desde o início do ano, Davi Alcolumbre tem segurado reiterados requerimentos para criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar integrantes do STF, a CPI da Lava Toga.

 

À noite, Alcolumbre divulgou uma nota em que manifesta perplexidade com a operação, chamando a decisão de Barroso de “grave medida” e “drástica interferência”. Eduardo Braga (AM), líder do MDB no Senado, também divulgou nota em nome da maior bancada da Casa. “A independência e autonomia entre os Poderes da República são essenciais para o equilíbrio democrático.

 

Esse equilíbrio não pode ser fragilizado por uma ação extemporânea”, disse Braga. Nos últimos meses, o ministro Luís Roberto Barroso tem saído em defesa do legado da Lava Jato após recentes críticas à operação.

 

Em nota, afirmou que a decisão de autorizar a operação "foi puramente técnica e republicana, baseada em relevante quantidade de indícios da prática de delitos". Ele ressaltou que a investigação de fatos criminosos pela PF e a supervisão de inquéritos pelo Supremo "não constituem quebra ao princípio da separação de Poderes, mas puro cumprimento da Constituição".

 

A PF sustenta que o líder do governo no Senado recebeu R$ 5,5 milhões em propinas de empreiteiras encarregadas das obras de transposição do rio São Francisco e de outros contratos do Executivo federal.

 

A negociação e o repasse dos valores teriam ocorrido de 2012 a 2014, mas, segundo a PF, Bezerra também teria mantido negociações ilícitas durante o exercício do seu atual mandato, iniciado em 2015. [ x ] De 2011 a 2013, Bezerra Coelho foi ministro da Integração Nacional na gestão de Dilma Rousseff (PT) e integrava o PSB.

 

Já Fernando, ex-ministro de Minas Energia de Michel Temer (MDB), teria recebido R$ 1,7 milhão. As investigações da PF se deram a partir das delações premiadas de empreiteiros e dos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Arthur Roberto Lapa Rosal.

 

As apurações sobre Lyra começaram após a PF descobrir, na Operação Turbulência, que ele era o dono do avião que caiu em 2014, matando o ex-governador pernambucano e então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos. No decorrer do inquérito, a polícia diz ter identificado supostas operações financeiras ilícitas das empresas dele.

 

Lyra e os outros dois colaboradores contaram ter feito o “pagamento sistemático de vantagens indevidas” a Bezerra Coelho e ao filho dele por ordem das empreiteiras OAS, Barbosa Mello, Paulista e Constremac Construções, envolvidas nas obras da transposição e em outros projetos do governo federal. Executivos da OAS fizeram delação e confirmaram as ilicitudes apontadas pela PF.

 

A pasta da Integração, quando comandada por Bezerra Coelho, era a responsável pelos canais que levam água do rio São Francisco para outras regiões do semiárido. Para ocultar a origem ilícita dos recursos, pai e filho teriam se valido de operações de lavagem de dinheiro. A defesa do senador e do deputado disse estranhar que “medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos".

 

Bezerra Coelho afirmou que Bolsonaro poderia substituí-lo na liderança do governo. “Quero deixar, desde pronto, o governo à vontade para que, fazendo o juízo da necessidade de um novo interlocutor, que não haverá, da minha parte, nenhuma dificuldade”, disse o senador ao deixar seu apartamento funcional, um dos locais da ação policial em Brasília.

 

Após conversar com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o presidente do Senado afirmou não haver, ao menos por ora, disposição do governo em substituir Bezerra Coelho no posto de interlocutor na Casa.

 

A Barbosa Mello disse, em nota, ter disponibilizado todas as informações solicitadas pela PF. "A empresa reafirma que nunca praticou ou compactuou com práticas ilícitas e segue à disposição das autoridades", disse.

 

A Paulista informou que não comentaria. A reportagem não conseguiu contato com os demais investigados ou seus representantes. PROJETOS DO GOVERNO QUE AGUARDAM APROVAÇÃO NO SENADO Reforma da Previdência Depois de ser aprovada na Câmara, a proposta está sendo analisada no Senado. A expectativa é que seja votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) já na próxima semana.

 

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O projeto ainda precisará passar pelo plenário Aras na PGR Indicado para a Procuradoria-Geral da República por Bolsonaro, Augusto Aras passará por sabatina na CCJ no próximo dia 25. Depois, sua nomeação precisa ser aprovada no plenário Eduardo Bolsonaro em Washington O presidente indicou seu filho, o deputado Eduardo, para o cargo de embaixador em Washington. Para assumir o posto, ele precisará passar por sabatina e ser aprovado pela maioria dos senadores, mas não há data marcada para que isso ocorra

 

Folha de São Paulo

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