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17/11/2020

Aliados do Bolsonaro se dividem entre negar fracasso nas urnas e defender autocrítica

Foto: Divulgação

Aliados pedem que ele fique longe do segundo turno para evitar desgastes

Diante das derrotas impostas aos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições, aliados do presidente de dentro e fora do governo se dividiram entre negar um fracasso nas urnas (ou ao menos tirá-lo do colo presidencial) e reconhecer que é preciso mudar para recuperar o bom desempenho de 2018.

 

No grupo da negação está o próprio presidente, que passou a defender a tese de que eleições municipais não têm nenhuma correspondência com a política nacional. Aliados chegaram a aconselhar o presidente a analisar com cautela uma eventual participação no segundo turno a fim de evitar novos reveses. Outros debateram publicamente o que fazer diante de derrotas nas urnas.

 

Além de um resultado ruim na disputa para a prefeitura nas principais cidades — apenas Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza (CE), continuam na briga —, o presidente viu a maioria dos seus indicados a vereador naufragarem. Dos 44 apoiados, apenas nove se elegeram. E a votação do filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), em um patamar inferior ao de 2016, também conta como revés.

 

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Os assessores que defenderam a participação de Bolsonaro na campanha avaliam que o cenário serviu como um importante termômetro para moldar a corrida presidencial de 2022, caso o chefe do Executivo leve adiante o plano de tentar a reeleição. Para essa ala, sem mergulhar de cabeça no pleito, Bolsonaro teria dificuldade de conhecer o real tamanho de sua força e suas fraquezas para uma próxima disputa.

 

Esse grupo também admite que a participação do presidente no pleito sem qualquer filiação partidária impôs uma urgência: a necessidade de ele encontrar rapidamente uma legenda para organizar seu grupo político. Bolsonaro se desfiliou do PSL em novembro do ano passado e tenta criar o Aliança pelo Brasil, ainda sem sucesso. Há alguns meses, admitiu entrar em outra sigla.

 

O discurso da negação da derrota se fez presente. O próprio Bolsonaro foi às redes na noite de domingo lembrar que, em 2016, o então governador Geraldo Alckmin foi visto como vitorioso, e acabou derrotado dois anos depois.

Responsável pela articulação política do Planalto, o ministro-chefe de Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou no seu Twitter que “a esquerda saiu derrotada”, destacando o fato que o PT reduziu ainda mais o número de prefeitos eleitos.

 

Já a ala que defendia um distanciamento do presidente das eleições municipais voltou a pedir que ele não se envolva no segundo turno. Na visão de assessores do Planalto, o fiasco de Delegada Patrícia (Podemos), no Recife (PE), Coronel Menezes (Patriota), em Manaus (AM), e de Coronel Fernanda (Patriota), na disputa ao Senado no Mato Grosso, não deveriam ser atrelados ao presidente uma vez que estes nomes foram trazidos por seus aliados.

 

Reação nas redes

 

Foto:Reprodução 


O apoio ao deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), que não conseguiu passar para o segundo turno na eleição para prefeitura de São Paulo, foi decisão do presidente. Há, porém, críticas à campanha do candidato. Para um aliado próximo de Bolsonaro, “faltou conteúdo e firmeza nas ideias” do marketing de Russomanno.

 

Vários aliados, porém, externaram o reconhecimento de que o campo político de Bolsonaro foi mal-sucedido no domingo. O assessor especial para assuntos internacionais do presidente, Filipe Martins, um dos expoentes da “ala ideológica” do governo, afirmou no Twitter que o movimento conservador brasileiro “bateu cabeça para fazer o básico” enquanto a esquerda “se renovou, assimilou as lições de 2018 e soube usar a internet e a nova realidade política a seu favor”.

 

“Ou fazemos a devida autocrítica, ou nossos erros cobrarão um preço ainda maior no futuro”, declarou Martins.

 

Ele prosseguiu afirmando que a derrota de candidatos “apoiados por cabos eleitorais de peso” ocorreu porque a eleição não pode ser disputada no improviso.

 

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) fez questionamentos: “O que houve com os conservadores? Erramos, nos pulverizamos ou sofremos uma fraude monumental?”.

 

O diretor do Departamento de Conteúdo e Gestão de Canais Digitais da Secom, Mateus Colombo Mendes, descreveu o resultado como “terrível”, mas também um “mal necessário”. “Sem organização, sem partido, sem BASE não se sai do lugar”, escreveu.

 

Irmão do deputado bolsonarista Carlos Jordy (PSL-RJ), Renan Leal, que não se elegeu vereador em Niterói, pôs a culpa da derrota no presidente. Para ele, Bolsonaro “perdeu as eleições municipais, e provavelmente a de 2022 quando achou que era maior que o próprio projeto” e que “esqueceu que é na sola de sapato que fazemos política”. O post recebeu resposta de Carlos Bolsonaro, em defesa do pai: “Aí, amigão (irmão do Jordy), acho que não é bem assim não! Na hora de tirar foto você foi lá e agora isso! Lamentável!”.

 

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Em tom mais moderado, Jordy falou que havia a necessidade de uma “autocrítica” após a derrota de bolsonaristas, disse que houve “falta de organização da direita”.


O Globo

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