Campanha pelo fim do termo
A internet está dividida com a discussão: o termo "tomara que caia" é sexista ou não? Conversamos com uma mestra em Linguística Aplicada sobre o tema.
A atriz Mariana Ximenes, de 38 anos, é a embaixadora de uma nova campanha fashion que tomou conta das redes sociais nos últimos dias.
A atriz posou para a capa de uma revista de moda usando uma peça "tomara que caia" e pedindo que, a partir de agora, ela seja chamada de blusa sem alça — assim como é em grande parte do mundo,"strapless" em inglês.
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"Por que não abolir este termo tomara que caia? Por que tem de cair? Qual é intenção machista? Então, a partir de agora, vamos pensar em blusa sem alça", afirmou Ximenes.
A discussão sobre o termo agitou as redes sociais — no Twitter, por exemplo, internautas ficaram bastante divididos. Uma parte acredita que a problematização é extrema; outra parcela acredita que o termo é, sim, sexista e revela um machismo enraízado na nossa cultura. Afinal, o termo é problemático?
Carolina Achutti, mestra em Linguística Aplicada pela USP, explica que é difícil mapear a origem do termo "tomara que caia". Acredita-se que o vestido tenha ficado famoso no século 15, mas o termo, em si, não tem uma datação — seria preciso recuperar documentos e escritos.
Professora de português, Carol acredita que o termo é, sim, sexista. "O mais interessante nessa discusão é pensar que a língua é viva e que a sociedade de alguma forma vai estar retratada nessa língua.
'Tomara que caia' tem um fundo sexista, em alguma medida. Dizer esse termo, em um outro momento, não era reconhecido como sexismo. Mas hoje, torcer para que um vestido, para que partes íntimas de uma mulher fiquem à mostra, é um ato sexista e agressivo. É de alguma forma um assédio", explica.
"O que o termo "tomara que caia" faz? Ele torce para que uma mulher fique desnuda. Para que ela mostre o seio. A gente sexualiza o peito feminino cada vez mais, sendo que os homens não têm essa parte do corpo sexualizada.
No português de Portugal 'tomara que caia' é 'caicai', por exemplo. Outros exemplos? O termo judiar e dia de branco também revelam, intrinsicamente, relações que a gente faz com que se mantenham na nossa sociedade", questiona.
Carol acredita na aplicação da língua como forma de conscientização. "Abolir o termo não vai surtir um efeito instantâneo. Mas, o grande lance, é a discussão em torno do tema", finaliza.
E aí, você concorda?
Fotos: Reprodução
A vida da pessoa tem que ta muito bem quando o problema é o termo “tomara que caia”.
— Maurício Meirelles (@MauMeirelles) March 4, 2020
Blusa "tomara que caia": o termo é ofensivo pq os homens torcem pra cair???
— Michelle Torres (@mi_torres_) March 4, 2020
Ahhh que falta do que fazer ????
Em campanha, Hering quer acabar com o termo “tomara que caia” https://t.co/75oKzdlDZT
— Exame (@exame) March 4, 2020
Só de imaginar que surgiu uma campanha para uma peça de roupa não chamar “tomara que caia” por fomentar um assédio sexual, sendo descrito como sexismo. Me cresce uma indignação por fazerem objeções através de causas fúteis.
— Camila (@Mila_fanie) March 4, 2020
E como se isso fosse mudar no contidiano feminino
achei incrível essa campanha da Hering falando sobre o nome da roupa “tomara que caia” e incentivando a gente começar a falar “blusa sem alça” pq o original é ofensivo
— Bia ???? (@bia_ofernandes) March 3, 2020
Hoje vi uma publi que me deixou MT reflexiva. O quão machista é chamar blusas sem alça de “tomara que caia”? Obrigada @Cafremder pela noia rsrssrs
— Leticia (@lemparra) March 3, 2020
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finalmente uma marca se posicionou em relação ao tomara que caia e explicou o quão problemático é preocupante isso é e lançou uma ação de conscientização. amém @Hering_Oficial
— camila (@camarrgocamila) March 4, 2020
G1