Presidente demonstrou irritação ao debater prisão de ex-assessor no Planalto e avalia haver clima de instabilidade no governo
Irritado e abatido após a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro buscou ao longo desta quinta-feira uma estratégia para afastar do Palácio do Planalto o desgaste com o ocorrido.
Em reunião pela manhã com os ministros da Justiça, André Mendonça, da Secretaria Geral, Jorge Oliveira, e da Advocacia Geral da União, José Levi, Bolsonaro considerou haver uma perseguição do Judiciário. Também participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Braga Netto, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.
Na avaliação do presidente, há uma tentativa de criar um clima de instabilidade no governo. No Palácio do Planalto, o clima é de apreensão com o depoimento que Queiroz deve prestar nos próximos dias.
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Aos aliados, Bolsonaro reclamou ser a terceira ação da semana contra seus apoiadores. Na segunda, a Polícia Federal prendeu a extremista Sara Giromini, que adotou o pseudônimo Sara Winter. A prisão temporária foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Na terça, Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilos bancários de 11 parlamentares bolsonaristas no inquérito que investiga financiamento de manifestações antidemocráticas no país. Nesta quinta, Queiroz é preso após pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Ministros próximos ao presidente admitem a dificuldade do governo em se desvincular da prisão de Queiroz, detido em uma das casas do advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef. Fred, como é conhecido, participou da posse do ministro Fabio Faria no Palácio no Planalto na quarta-feira. Ele aparece ao menos 13 vezes em reuniões com o presidente e sempre alegou ter acesso fácil a Bolsonaro. Integrantes do governo já aconselharam o presidente a substituí-lo.
Na busca por advogados com perfil mais discreto, Bolsonaro recebeu o criminalista Eduardo Carnelós no gabinete do Palácio do Planalto em 22 de janeiro. Avesso a entrevistas, Carnelós foi advogado de Michel Temer na segunda denúncia que recebeu da Procuradoria-Geral da República quando era presidente, em 2017. O encontro constou da agenda oficial do presidente.
Como mostrou a colunista Bela Megale, a prisão de Queiroz joga mais uma pá de cal na tentativa de pacificar a relação entre o governo e o Judiciário. Segundo auxiliares do presidente, Bolsonaro já fez as sinalizações necessárias de paz ao judiciário, como a demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, “mas o Supremo não cessou fogo”.
Os filhos do presidente relataram a pessoas próximas que enxergam uma conspiração. Eles avaliam que integrantes do Judiciário trabalham para criar um clima para tirar o presidente do cargo.
Reservadamente, interlocutores do presidente criticaram o uso da Lei de Segurança Nacional para justificar a abertura de inquérito policial que apura os ataques de fogos de artifício contra a sede do Supremo.
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Um aliado do governo argumenta não ter havido a mesma preocupação quando o Movimento de Libertação dos Sem Terras (MLTS) invadiu e depredou o Congresso ou quando manifestantes quebram vidraças e atearam fogo no Ministério da Educação.
O Globo