20 de Abril de 2024 - Ano 10
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Internacional
21/07/2020

Como assassinato brutal de soldada americana expôs violência sexual nas Forças Armadas dos EUA

Foto: Reprodução

Vanessa Guillén, de 20 anos, foi vista pela última vez em 22 de abril na base militar de Fort Hood, no Texas. Corpo foi encontrado quase 2 meses depois do desaparecimento.

O brutal assassinato de uma soldada americana, cujo corpo foi encontrado mais de dois meses após seu desaparecimento de uma base militar no Estado do Texas, vem provocando uma onda de protestos nos Estados Unidos sobre a maneira como as Forças Armadas lidam com casos de assédio e abuso sexual.

 

Vanessa Guillén, de 20 anos, foi vista pela última vez em 22 de abril na base militar de Fort Hood, uma das maiores do mundo, localizada na cidade texana de Killeen e onde atuam cerca de 40 mil militares.

 

No dia seguinte, ela foi declarada desaparecida. Durante várias semanas, centenas de soldados participaram das buscas, e o Exército lançou um apelo ao público por informações que pudessem ajudar a encontrá-la.

 

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O caso já havia ganhado atenção nacional quando, em 30 de junho, foram encontrados restos mortais enterrados perto de um rio a cerca de 40 km de Fort Hood. Dias depois, a família anunciou que se tratava de Guillén.

 

Autoridades militares revelaram que o suspeito na morte de Guillén é o também soldado Aaron David Robinson, de 20 anos, que se suicidou com um tiro em 1º de julho, ao ser confrontado pela polícia. A namorada de Robinson, Cecily Aguilar, de 22 anos, está presa.

 

De acordo com autoridades do Departamento de Justiça, Robinson teria confessado a Aguilar que matou Guillén a golpes de martelo na cabeça, dentro da base militar. Robinson transportou o corpo em uma caixa e, com a ajuda de Aguilar, desmembrou e ateou fogo aos restos mortais, que foram então enterrados em três covas separadas.

 

Segundo sua família, antes de desaparecer, Guillén havia confidenciado que vinha sofrendo assédio sexual na base militar, mas não havia feito reclamação formal por medo de sofrer retaliação. 

 

Manifestantes da comunidade latina e indígena seguram uma bandeira exigindo justiça para Vanessa Guillén em Los Angeles, na Califórnia (EUA)  — Foto: Robyn Beck / AFP

Manifestantes da comunidade latina e indígena seguram uma bandeira exigindo

justiça para Vanessa Guillén em Los Angeles, na

Califórnia (EUA) — Foto: Robyn Beck / AFP

 

'Eu sou Vanessa Guillén'


O caso gerou comoção nacional. Nas redes sociais, sob a hashtag #IamVanessaGuillen (Eu Sou Vanessa Guillén), milhares de mulheres integrantes das Forças Armadas, tanto da ativa quanto reformadas, passaram a compartilhar suas experiências de assédio e abuso sexual sofridos enquanto em serviço e os obstáculos para denunciar esse tipo de crime.

 

Os depoimentos partem de mulheres de diferentes idades e patentes militares. Há inúmeros relatos de estupro, outros de abuso sexual em público. Algumas revelaram terem sido drogadas ou atacadas enquanto dormiam. Em muitos casos, o agressor era um militar de patente superior e parte da cadeia de comando da vítima.

 

Essas militares dizem que suas denúncias foram recebidas com indiferença e hostilidade e reclamam de uma cultura nas Forças Armadas que facilita os abusos, encoraja as vítimas a permanecerem em silêncio e protege os agressores. Muitas relatam terem sofrido ameaças e sido alertadas de que uma denúncia poderia destruir suas carreiras militares. Nos casos em que as denúncias foram levadas adiante, os culpados raramente foram punidos.

 

Segundo um relatório divulgado em abril pelo Departamento de Defesa, foram registradas 6.236 denúncias de abuso sexual nas Forças Armadas em 2019, aumento de 3% em relação ao ano anterior. Somente 363 casos foram a julgamento em corte marcial, e 138 dos acusados foram condenados. Também foram feitas 1.021 reclamações formais de assédio sexual, aumento de 10% em relação a 2018.

 

Mas, muitas vezes, as vítimas não denunciam esses crimes. Outra pesquisa do Pentágono, com dados de 2018 e baseada em estimativas, e não em denúncias formais, estima que 24% das mulheres e 6% dos homens na ativa foram alvo de algum tipo de assédio sexual e que 20,5 mil militares sofreram estupro ou abuso sexual (sendo 13 mil deles mulheres e 7,5 mil homens), aumento de 40% em relação ao levantamento anterior, de 2016.

 

Entre as mulheres que sofreram abuso sexual, 59% foram agredidas por alguém com patente superior à sua, e 24% por alguém em sua cadeia de comando. Segundo o relatório, 76% das vítimas não denunciaram o crime.

 

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Mais de 25% das vítimas que não fizeram denúncia citaram o medo de retaliação por parte de comandantes ou colegas, e mais de 30% disseram temer que o processo fosse injusto ou que nada fosse feito. Entre as mulheres que denunciaram, 64% sofreram retaliação. Um terço das vítimas que denunciam esses crimes acaba dispensada das Forças Armadas em até um ano após a denúncia.

 

G1

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