A cachaça com a marca do Cristo Redentor
Uma lembrança do Cristo Redentor pode ser muito mais interessante do que uma simples estatuazinha de gesso. Hoje, o Cristo, quem diria?, tem até cachaça. Ideia do padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, que não perdeu a chance de criar algo novo quando viu o Papa Francisco fazendo piada com os brasileiros: "Vocês não têm salvação. É muita cachaça e pouca oração".
— A cachaça é uma bebida genuinamente nacional. Existe um contexto, e o produto precisa seguir critérios estéticos e sacros — diz padre Omar, que já levou uma garrafa de presente da Cachaça do Cristo, fabricada em Quissamã pelo 7 Engenhos, para o Papa Francisco.
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A bebida especial é fabricada por uma família que produz cachaça no Rio de Janeiro há 400 anos. À frente do 7 Engenhos, Haroldo Carneiro da Silva descende de Luis de Barcelos, português da Ilha Terceira, nos Açores, que começou em 1620 a produzir cachaça e açúcar na Ilha do Governador.
O destilado em homenagem ao Redentor vem da Fazenda São Miguel, que iniciou o cultivo da cana de açúcar em 1858. Em 1877, foi fundado em Quissamã um engenho central, reunindo sete engenhos da mesma família, formada por barões e viscondes muito ligados a Dom Pedro II.
Haroldo explica que a Cachaça do Cristo é um blend, pois usa diferentes tipos de madeira no processo de envelhecimento. O resultado final é único.
— A cachaça é o único destilado do mundo que usa diversas madeiras, devido à flora diversificada madeiras da Mata Atlântica. E cada madeira tem um aroma diferente. Como estamos falando de um produto especial, fizemos um blend, misturando cachaças envelhecidas em carvalho, bálsamo, amendoim e cerejeira — diz Haroldo, acrescentando: — A base é o carvalho, que tem notas de baunilha e coco queimado. Mas há a contribuição da cerejeira, com nota de canela, e do bálsamo, com nota de anis. Já o amendoim entra com mais picância da cana de açúcar.
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A 7 Engenhos foi a mesma que produziu a cachaça comemorativa dos 450 anos do Rio. No caso da Cachaça do Cristo, que custa R$ 200, foi desenvolvido um rótulo clássico. A garrafa é importada da Colômbia, com uma base estreita e a parte superior mais larga para harmonizar com o Cristo de braços abertos.
— A cachaça é a mais brasileira das bebidas, tem uma história muito relacionada ao Rio de Janeiro, que no século XVII era um grande canavial e possuía centenas de engenhos. E ter o Cristo promovendo esse produto nacional é muito interessante. Gera emprego e aumenta autoestima dos brasileiros — analisa Haroldo.
Royalties em troca
A cachaça faz parte do plano da Igreja de desenvolver, parceria, produtos com a marca do Cristo, recebendo royalties em troca. Em meio à pandemia, o Santuário Cristo Redentor criou um setor de licenciamento e iniciou uma varredura de tudo que é vendido no mercado com imagem da estátua, sem pagar qualquer direito autoral. Tanto o engenheiro Heitor da Silva Costa, responsável pelo projeto do monumento, quanto o escultor francês Paul Landowski, que transformou a ideia de Heitor em obra de arte, abriram mão desses direitos em prol da Igreja.
Até o momento, há 22 contratos assinados, sendo que algumas empresas possuem mais de um produto com o Redentor carioca. Kika Bastos, responsável pelo setor de licenciamento, diz que para autorizar o uso da imagem o Santuário parte do seguinte princípio: isso fere o sentimento religioso?. Os percentuais cobrados são negociados, mas a base vem do que já é praticado no mercado por gigantes domo Disney e Marvel e times de futebol. Alimentos e bebidas giram em tono de 5% a 7% do valor de venda. Souvenirs, de 10% a 20%.
Uma das preocupações agora é tentar conter a pirataria com a imagem do Redentor. Hoje, em muitas feirinhas de ambulantes é possível encontrar toalhas de praia, canecas, relógios e outras imagens que remetem ao Cristo. Padre Omar conta que todos os principais fabricantes estão sendo notificados a regularizar a situação. Para ajudar nessa tarefa, foi contratado um dos maiores escritórios de advocacia especializado em direitos autorais do país.
— Também pedi ajuda à Secretaria de Ordem Pública (Seop) e a Receita Federal para que acompanhem o processo. Não queremos reprimir os comerciantes mas orientá-los — diz padre Omar.
Hoje, os produtos já geram de R$ 20 mil a R$ 25 mil por mês em royalties para o Santuário. A expectativa é que esse faturamento possa chegar a R$ 500 mil mensais. Os recursos serão usados em projetos sociais da igreja.
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Quem procura um presente diferente com o monumento, encontra de joias ao Cristo de pelúcia. O fofo, batizado de Mimo Redentor (R$ 198,90), feito pela empresa Maravilhas do Brasil.
— A ideia surgiu de um desejo em transformar todo carinho que sinto pelo monumento, e que acredito que grande maioria dos brasileiros compartilha, em algo que aproximasse o Cristo Redentor ainda mais das pessoas — diz Juliane Bogdanovicz, sócia da empresa. — Foi assim que surgiu esse conceito de pelúcia: podemos abraçar o Cristo e nos sentir abraçados por ele.
A rede Ri Happy lançou um brinquedo de blocos de montar, com 242 peças, do Cristo Redentor, dentro da coleção TUDO Brasil. A brincadeira para crianças desenvolve habilidades motoras e também ensina sobre a história do monumento. Custa R$ 199,99.
A H Stern acaba de lançar um pingente em homenagem aos 90 anos do Cristo Redentor. Com direção artística de Roberto Stern, foi recriado o abraço do Cristo na pequena joia em ouro amarelo 18 quilates e diamantes.
O pingente tem traços limpos, e, e acordo com a joalheria, "um manto de ouro envolve o corpo sagrado como um tecido dobrado ao vento, formando uma cruz discreta ao centro".
O preço é R$ 2.070 e, a cada peça vendida, será doada uma cesta básica para as obras sociais do Santuário Cristo Redentor. Já a Oficina 021 tem de luminárias com o Corcovado (R$ 164,90) e o Redentor (R$ 174,90) a um quadro luminária de parede de led com o rosto da estátua (R$ 349,90). Ainda há uma miniatura para montar em MDF (R$ 32,90) do Corcovado.
Fonte: Extra