"Zé Lopes" fez fortuna no Amazonas à custa dos cofres públicos. À direita, o médico Mouhamad Moustafá, apontado pela PF como líder da quadrilha que desviou mais de 100 milhões da Saúde no Amazonas
O empresário e pecuarista José Lopes, mais conhecido como "Zé Lopes", deve deixar nesta quarta-feira o Centro de Detenção Provisória Masculino II, onde está preso desde o dia 30 de julho deste ano, após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal na Operação Eminência Parda, sexta fase da Operação Maus Caminhos, que já pôs na cadeia vários suspeitos de integrarem uma organização criminosa que desviou mais de 100 milhões de reais da Saúde no Amazonas. Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa era chefiada pelo médico Mouhamad Moustafá.
O Centro de Detenção Provisória Masculino fica no km 8 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, em Roraima.
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Zé Lopes é acusado, entre outros crimes, de ter recebido, entre março de 2014 e agosto de 2016, aproximadamente R$ 20 milhões do médico Mouhamad Moustafá.
Além dele, a PF também prendeu o empresário Gustavo Macário Bento e a assessora de Zé Lopes, Edit Hosada, que foram liberados no inicio de agosto.
Zé Lopes será solto por ordem da desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1 ), localizado em Brasília. Também por ordem dela, ele terá que usar tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar Manaus e de ter contato com outros investigados.
Zé Lopes só não foi solto ontem, quando saiu a decisão da desembargadora, porque a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) ainda não havia sido comunicada, o que deverá ocorrer somente nesta quarta-feira.
Em sua decisão, a desembargadora alega que, em outro processo, o empresário não descumpriu nenhuma das medidas cautelares que foram impostas a ele e “tal fato revela a aptidão das medidas (…) para resguardar a ordem pública e a aplicação da lei penal”. A idade de Zé Lopes, de 71 anos, também foi considerada na decisão.
Conhecido como eminência parda nos governos de Amazonino Mendes e José Melo, o pecuarista paulista fez fortuna, tornou-se milionário e dava as cartas nos bastidores da política amazonense nos últimos trinta anos.