28 de Marco de 2024 - Ano 10
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Internacional
18/09/2019

Em meio a tensão após ataques na Arábia Saudita, relembramos quatro grandes crises do petróleo

Foto: ATTA KENARE / AFP

Iranianos queimam bandeiras dos Estados Unidos durante as comemorações do 40º aniversário da Revolução Islâmica, em 2019, na capital Teerã

Depois de rebeldes do movimento houti do Iêmen lançarem ataques com drones contra as principais instalações de petróleo sauditas, no sábado, o preço do produto disparou com a abertura dos mercados mundiais, nesta segunda-feira.

 

O impacto financeiro da ofensiva, que reduziu a produtividade do país árabe, pôde ser sentido no mundo inteiro, o que fez lembrar as principais crises do petróleo no passado.

 

Neste post, o Blog do Acervo resgata, com imagens, informações e reproduções de páginas do Glogo quatro momentos em que conflitos e divergências geo-políticos geraram tensão no comércio de petróleo: a crise do Canal de Suez, em 1956, a Guerra do Yom Kippur, em 1973, a Revolução Islâmica no Irã, em 1979 e a Guerra do Golfo, em 1990. Veja a seguir:

 

Crise de Suez (1956-1957)

 

Com 193km de extensão, o Canal de Suez é a única ligação entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho e, desde que foi construído, no século XIX, sempre teve importância estratégica, já que permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem ter de contornar o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

 

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Crise no Canal de Suez colocou fim à hegemonia franco-britânica na região

Foto: Acervo O GLOBO

 

Até a década de 1950, o canal estava sob o controle de uma empresa franco-ritânica, até ser nacionalizado pelo presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, que acreditava que tomando controle da Companhia do Canal de Suez e recolhendo o pedágio, conseguiria financiar a construção da Barragem de Assuã, destinada a interromper os ciclos de inundação e estiagem do Rio Nilo. Anteriormente, os Estados Unidos se negaram a fornecer os fundos necessários.

 

Insatisfeitos com a decisão de Nasser, França e Grã-Bretanha decidiram fazer uma intervenção militar na região, contando com o apoio de Israel. Com o tráfego bloqueado, o abastecimento de petróleo árabe foi interrompido, causando um aumento súbito no preço dos combustíveis.

 

Capa da edição do GLOBO, publicada no dia 31 de julho de 1956

Foto: Acervo O GLOBO


Em outubro de 1956, Israel invadiu o Sinai, península pertencente ao Egito e, em novembro, tropas britânicas e francesas ocuparam a região, assumindo o controle militar do canal. A ação repercutiu mal na comunidade internacional, e o Conselho de Segurança da ONU exigiu, com os votos favoráveis dos Estados Unidos e da URSS, a retirada militar de França, Reino Unido e Israel, e decidiu enviar uma Força Internacional de Paz ao canal, reaberto em 1957.

 

Guerra do Yom Kippur

 

Uma das primeiras reuniões da Opep

Foto: Acervo O GLOBO

 

No dia 6 de outubro de 1973, quando a comunidade judaica se preparava para o Yom Kippur, ou "Dia do Perdão", uma das datas mais importantes do calendário judaico, Síria e Egito realizaram um ataque surpresa a Israel com o objetivo de retomar os territórios conquistados pelo governo israelense após a Guerra de Seis Dias, em 1967.


Quando o Estados Unidos declararam apoio a Israel, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada por Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuwait, decidiu aumentar o preço do barril de petróleo de US$ 3 para US$ 5, e impor um embargo às nações vistas como apoiadoras do governo israelense. Inicialmente, além dos EUA, Canadá, Japão, Holanda e Reino Unido foram atingidos, mas o embargo, que durou até março de 1974, se estendeu a Portugal, Rodésia (atual Zimbábue) e África do Sul. Na véspera do Natal, o preço do barril chegou a US$ 12, e o mundo tornou-se, de um momento para o outro, refém da Opep.

 

Fragmento da página da edição do GLOBO, publicada no dia 8 de outubro de 1973

Foto: Acervo O GLOBO


O lado bom da crise foi o aperfeiçoamento das pesquisas de fontes alternativas de energia, como a solar e a nuclear. No Brasil, um dos principais efeitos dessa confusão internacional foi a criação do programa Proálcool, que incentivava o uso do álcool e cana-de-açúcar como opção de combustível. Quando a crise acabou, contudo, em março de 1974, sem que os objetivos políticos dos árabes fossem alcançados, o déficit comercial de US$ 11 bilhões dos países desenvolvidos e de US$ 40 bilhões dos subdesenvolvidos deixou claro para todo o mundo o perigo da situação no Oriente Médio.

 

Revolução Islâmica do Irã (1978-1979)

 

Quando o xá Mohammad Reza Pahlavi, monarca autocrata apoiado pelo Ocidente, se exilou e o aiatolá Ruhollah Khomeini desembarcou em Teerã ao retornar do exílio em Paris, em 1979, se iniciou a última grande revolução do Irã no século XX.

 

Iranianos queimam bandeiras dos Estados Unidos durante as comemorações do 40º aniversário da Revolução Islâmica, em 2019, na capital Teerã

Foto: ATTA KENARE / AFP


Durante 11 dias, volumosas manifestações nas ruas foram registradas. A população pressionava pelo abandono das influências ocidentais, principalmente dos Estados Unidos. No processo, foram registrados açoitamentos, enforcamentos, amputações e prisões em massa, e milhares de pessoas morreram, enquanto centenas de milhares deixaram o país.

 

Capa da edição do GLOBO, publicada no dia 12 de fevereiro de 1979

Foto: Acervo O GLOBO


Quando o governo entrou em colapso, no dia 11 de fevereiro, uma República Islâmica havia se materializado, se transformando em uma teocracia sob o comando de Khomeini. A crise política desorganizou a produção de petróleo do país, e os preços aumentaram. O preço do barril de petróleo passou de US$ 13 para US$ 34 entre 1979 e 1981.

 

 

Guerra do Golfo (1990-1991)

 

Ainda que previsto por meses, o conflito armado no Golfo Pérsico surpreendeu pela grandiosdade. Liderados pelos Estados Unidos, 39 países se aliaram contra o presidente do Iraque, Saddam Hussein. Com os mais avançados equipamentos militares e 700 mil soldados, a coalização tinha o objetivo de expulsar as forças iraquianas do Kuwait.

 

Na Guerra do Golfo, lançadores múltiplos de misseis americanos atiram nas posições iraquianas na fronteira com o Kuwait

Foto: Arquivo


O Iraque invadira seu vizinho seis meses antes, por uma velha rixa em torno do lençol petrolífero de Rumeilah, na fronteira. O Kuwait, segundo Saddam, estaria extraindo mais petróleo do que o combinado, gerando excesso de produção prejudicial à economia do Iraque. A invasão e anexação do Kuwait foram condenadas pela comunidade internacional. Após os esforços diplomáticos de praxe, a ONU abriu caminho para o confronto, autorizando uma ação militar contra as tropas iraquianas se elas não deixassem o Kuwait até 15 de janeiro.

 

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O conflito durou 42 dias, mas o Iraque só aceitou o cessar-fogo, com ressalvas, em 6 de abril. As perdas foram menores para as forças aliadas — algo entre 150 e 300 soldados — mas entre 150 mil e 200 mil iraquianos, entre civis e militares, morreram. As estimativas mais pessimistas foram feitas pelo Greenpeace. Em sua retirada do Kuwait, os soldados de Saddam provocaram ainda um desastre ambiental, incendiando centenas de poços de petróleo.

 

Capa da edição do GLOBO, publicada no dia 17 de janeiro de 1991

Foto: Acervo O GLOBO


O conflito teve impacto direto no consumo dos brasileiros, e o governo adotou uma série de medidas para reduzir o consumo de derivados de petróleo. Entre eles, o horário de funcionamento dos postos foi reduzido, o botijão de gás de cozinha passou de 13kg para 10kg. O fornecimento de gás de cozinha para as distribuidoras foi reduzido em 22%, o de gasolina e diesel em 10%, e o de álcool e querosene em 5%. Além disso, sigilosamente, a Petrobrás aumentou as importações de petróleo nos meses anteriores, acumulando um estoque de 42 milhões de barris, quantidade considerada suficiente para assegurar o abastecimento interno por cem dias. 

 

O Globo

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